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Oposição no Congresso vê censura em projeto que restringe grampos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O anteprojeto de lei do Ministério da Justiça que visa restringir a
divulgação de transcrições de
grampos telefônicos foi recebido
no Congresso como uma forma
de censura por parlamentares da
oposição. Já aliados do governo
avaliam que a medida é necessária para impedir abusos.
"É lamentável e inconstitucional. O artigo 220 da Constituição
diz que é proibida toda e qualquer
censura. Essa medida é mais violenta do que a Lei da Mordaça",
disse o presidente da CPI do Banestado, senador Antero Paes de
Barros (PSDB-MT). A Lei da
Mordaça, em tramitação no Congresso, proíbe a divulgação de informações pelo Ministério Público enquanto as investigações estiverem em curso. Sua aprovação é
defendida no governo principalmente pela Casa Civil.
"A regulamentação não é somente a respeito de escutas ilegais, mas também de procedimentos adotados com escutas legais. Muitas vezes são incluídos
telefones de pessoas que não fazem parte do foco das investigações. As escutas acabaram se
transformando em fonte de chantagem", disse a líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC).
Se for aprovada a lei em discussão, o delegado de polícia terá de
apresentar mais argumentos para
convencer o juiz a autorizar o monitoramento telefônico. O magistrado, por sua vez, ficará co-responsável pelo processo. O texto
também prevê pena de até quatro
anos de prisão, mais multa, para
quem divulgar o conteúdo de
grampos telefônicos.
"Isso equivale à mentalidade da
ditadura militar, que queria demitir quem denunciava fraudes, e
não quem fazia as ilegalidades.
Grampo ilegal é crime, mas a divulgação de seu conteúdo não é
criminosa", disse o líder do PSDB,
senador Arthur Virgílio (AM).
O presidente do PT, José Genoino, defendeu a punição para o autor dos grampos ilegais, mas não
de quem divulga.
O líder do PFL, senador José
Agripino (RN), criticou a motivação do projeto de lei, que seria, segundo ele, o caso da empresa
Kroll, contratada pela Brasil Telecom para investigar a Telecom
Italia, mas que acabou monitorando integrantes do governo.
"É claro que o projeto de lei é
produto da Kroll. O governo sempre age em cima de fatos que podem prejudicá-lo, está sempre
correndo atrás do prejuízo. O zelo
com a qualidade da informação é
meritória, o cerceamento não."
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