São Paulo, sexta-feira, 29 de julho de 2005

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Ex-ministro de FHC teve aval de publicitário

MARTA SALOMON
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza também foi avalista do advogado Pimenta da Veiga, ex-presidente nacional do PSDB e ex-ministro das Comunicações no governo FHC, num contrato de empréstimo de R$ 152 mil com o banco BMG de Belo Horizonte.
Uma cópia do contrato foi entregue pelo próprio Valério à Procuradoria Geral da República, após o depoimento que prestou em 14 de julho ao procurador-geral Antônio Fernando de Souza.
Em seu depoimento à CPI dos Correios, Valério não havia mencionado nem foi perguntado sobre o aval e o empréstimo ao tucano. Apenas deu explicações sobre um pagamento que fez a Pimenta da Veiga de R$ 150 mil no ano de 2003, confirmando anotações e documentos entregues ao Congresso por sua ex-secretária, Fernanda Karina Somaggio.
O advogado de Valério, Marcelo Leonardo, confirmou ontem à Folha que Valério decidiu ser avalista de Pimenta da Veiga após um pedido do ex-ministro. Segundo o advogado, "ao que se saiba", Veiga quitou o empréstimo.
Valério foi também avalista do diretório nacional do PT em duas transações no início de 2003 nos bancos BMG e Rural no valor total de R$ 5,4 milhões.
O empréstimo do BMG para Pimenta da Veiga data de 31 de março de 2004. Como garantia para o pagamento, Veiga assinou uma nota promissória no valor de R$ 195 mil, com vencimento previsto para 17 de janeiro de 2005.
Os avalistas da nota promissória são Valério e sua mulher, Renilda Maria Santiago Fernandes de Souza -que também nada falou nem foi perguntada a respeito do aval para o empréstimo em seu depoimento à CPI.
Como avalistas, Valério e Renilda assumiram o papel de devedores solidários, devendo pagar a dívida no caso de Veiga não quitar o compromisso.

Consultoria jurídica
No depoimento que prestou à CPI mista do Congresso, Valério afirmou, ao responder uma pergunta do relator Osmar Serraglio (PMDB-PR), que o pagamento de 2003 a Veiga, no valor de R$ 150 mil, deveu-se a uma "consultoria jurídica" para "acompanhar alguns contratos da iniciativa privada e alguns contratos da iniciativa pública". Valério não detalhou que contratos seriam esses. O pagamento foi feito em três prestações de R$ 50 mil.
O publicitário afirmou que decidiu contratar o ex-ministro porque ele estaria passando por sérios problemas familiares por causa da doença de um filho.
Indagado pelo deputado João Fontes (PDT-SE), Valério negou que suas empresas mantivessem contrato com os Correios à época em que Pimenta da Veiga foi ministro das Comunicações (jan. 1999-abr. 2002).Os Correios estão subordinados ao ministério, o que poderia gerar um conflito ético para Veiga.
Karina Somaggio, no depoimento que prestou à CPI, afirmou que "não sabia" que Pimenta da Veiga tenha defendido alguma causa jurídica ou realizado alguma consultoria para as empresas de Marcos Valério.
"Ele não era advogado da empresa. Ele defendeu a empresa numa determinada causa", disse o senador Pedro Simon (PMDB-RS), defendendo Pimenta da Veiga. Mas Karina não confirmou o vínculo profissional: "Isso aí eu já não sabia. Nunca constou como advogado".


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