São Paulo, sexta-feira, 29 de julho de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Sinônimo de pizza

O escândalo não abriu a escalada de manchetes do "Jornal Nacional".
Não foi o segundo nem o terceiro enunciados. Nem o quarto nem o quinto. Em sexto:
- O procurador-geral quer mais provas para pedir a prisão de Marcos Valério.

 

A explicação para tal escalada só veio perto do fim do "JN". Primeiro o apresentador:
- Políticos e empresários defendem blindagem para que crise não prejudique o país.
Depois a repórter:
- Empresários e até políticos da oposição defendem uma agenda para não parar o país e prejudicar a economia.
E o líder do PSDB no Senado:
- O Brasil tem de transitar até 31 de dezembro de 2006. Pontos de consenso devem mostrar um Congresso funcionando. E ao Executivo cabe mostrar o máximo de normalidade.
Por fim, entra o comentarista político da Globo:
- A temperatura, que andou elevadíssima, cedeu. Governo e oposição perceberam que a guerra de discursos estava envenenando. E deram sinais de conversar. Trata-se de um progresso, e dos dois lados.
Continuando:
- Mas entendimento não é sinônimo de pizza. Quem tiver culpa, soldado ou general, ligado a governo ou oposição, tem de ser punido. Nessa área não há acordão possível.

VELHOS ALIADOS

Na manchete, a crise que afetou "todos os setores da esquerda brasileira"

No registro do "JN", "houve tumulto diante do hotel onde o presidente estava hospedado".
A agência EFE distribuiu despacho, intitulado "Três presos em protesto de partidos de esquerda contra Lula". No texto, preferiu falar em "ultra-esquerda".
 

Mais esquerda -e não ultra- contra Lula.
A Reuters distribuiu despacho, reproduzido no site do "Washington Post", dizendo que ele apelou aos "velhos aliados esquerdistas" e teve "recepção variada". Por exemplo, de João Pedro Stedile, do MST:
- Dissemos ao presidente que a saída da crise é se aliar ao povo. Para isso, precisa dar sinais claros de mudança na política econômica e infelizmente, até agora...
O tom na Globo News, em programa que entrevistou líderes como Plínio de Arruda Sampaio, não foi diverso. Nos meios mais à esquerda, a mesma coisa.
O jornal "Brasil de Fato" ouviu "dez dirigentes ligados a diferentes organizações", da Pastoral Operária ao PC do B, e constatou que "consenso só em mudar a política econômica". E a manchete do site Carta Maior:
- Superação da crise exige mudança na economia.
No site católico Adital, por fim, artigos relativamente simpáticos -de Leonardo Boff, defendendo "Preservar o legado de Lula", e Frei Betto, dizendo que "a esquerda é vítima de sua incoerência" na economia.
 

Com críticas na esquerda, Lula é festejado no mercado. No site da Bloomberg, o destaque era para "o maior salto no mundo", dado pelas ações brasileiras. É que agora "a expectativa é que a investigação não alcançará Lula ou Palocci". Do estrategista do Barclays Capital:
- Se é que ele foi afetado, o ministro ficou ainda mais forte como principal conselheiro de Lula.
E do analista do UBS, ao "Wall Street Journal":
- Antes, o mercado se preocupava que Lula chegasse ao poder. Agora, se preocupa que ele saia.

BUSH VEM AÍ
O "Miami Herald" e outros noticiam que "opositores querem barrar George Bush na reunião" de cúpula das Américas, daqui a três meses na Argentina.
Mas ele vem, sobretudo agora que, no título do "New York Times", o "Congresso aprovou o acordo de livre comércio" com a América Central, "vitória crucial para Bush". E não a única, nos dias que correm.
O "WP" comemorou que "o dinâmico embaixador da Colômbia em Washington" foi eleito com "uma maioria surpreendente", apoiado até pelo Paraguai, para o BID. O "WSJ", no perfil do eleito, sublinhou que ele "construiu o apoio nos EUA para o Plano Colômbia".
 

Enquanto Bush não vem, o paraguaio "ABC Color" destacou ontem em título que o "Brasil faz exercícios em coincidência com presença dos EUA". No texto:
- O Exército brasileiro realizou exercícios de guerra na fronteira, coincidentemente com a presença de tropas norte-americanas em nosso país.


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