São Paulo, sábado, 29 de julho de 2006

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Jungmann critica relatório dos 30 e expõe racha na CPI

Vice-presidente da CPI diz ter provas contra 80% e que negar isso é "esquentar pizza"

Declaração foi uma reação a possível relatório com só 30 nomes; Lando rebateu e afirmou que os listados por Vedoin serão analisados


ADRIANO CEOLIN
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), criticou ontem a possibilidade de um acordo político para salvar parte dos parlamentares apontados pelo empresário Luiz Antonio Vedoin como beneficiários da máfia das ambulâncias.
"Volto a afirmar que existem provas materiais contra 80% dos parlamentares sob investigação", disse. "Quem nega isso está querendo ligar o forno para preparar a pizza."
As declarações de Jungmann referem-se à informação publicada ontem pela Folha de que o relatório parcial -a ser entregue no dia 9- deverá ter nomes de até 30 parlamentares.
Questionado, o relator da CPI, senador Amir Lando (PMDB-RO), rebateu, afirmando que todos os nomes listados por Vedoin não deixarão de ser analisados. "Serei um espelho da documentação, não vou passar a borracha em nada", disse.
Jungmann admitiu que a CPI está sofrendo, no atual momento, "uma inevitável politização". "Isso é natural. No entanto, não existe divisão no sentido da busca de resultados", concluiu.
Segundo o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP), sub-relator de sistematização e controle da CPI, até domingo ele terá em mãos a lista completa dos parlamentares que, comprovadamente, participaram do esquema.
Sampaio afirmou que alguns parlamentares foram incluídos na lista de sanguessugas injustamente. Disse ainda que, só após terminar de ler os depoimentos dos assessores, poderá afirmar quem são "os marginais travestidos de deputados".

Nomes da CGU
O presidente da CPI, Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), combinou com o ministro Jorge Hage, da CGU (Controladoria Geral da União) que, até a terça-feira, terá acesso completo à investigação relacionada à venda de ambulâncias. Isso incluiu as licitações de que a máfia participou em todo o país.
Na terça-feira também, Biscaia decidirá com os demais integrantes da CPI o caso dos quatro parlamentares que, segundo a CGU, têm de ser investigados. Levantamento da Controladoria mostrou que emendas apresentadas por eles resultaram em compras de ambulâncias pela Planam.
A CPI está dividida sobre isso. Anteontem, depois de reunir-se com Hage, Sampaio afirmou que o levantamento da CGU foi apenas de "caráter estatístico" e "não investigativo", portanto os quatro parlamentares não deveriam ser notificados ou investigados. Porém, Jungmann e o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) -outro sub-relator- pensam o contrário. "Mas vamos decidir sobre o caso dos quatro parlamentares com o presidente Biscaia", disse.

Esforço
Em São Paulo, o presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PC do B), afirmou que o calendário eleitoral não pode ser utilizado como pretexto para que as "graves" denúncias contra os parlamentares não sejam investigadas.
"Deve haver um julgamento equilibrado, justo, mas rigoroso. Acho que a Câmara tem o dever não só de se debruçar sobre as denúncias mas também de promover um esforço necessário para fazer uma reforma política que ajude a enfrentar a situação de maneira mais permanente", disse.
Jogando para o eleitor papel de julgar os parlamentares envolvidos no caso dos sanguessugas, Aldo disse acreditar que pode haver uma renovação maior na eleição deste ano, mas que a crise atual não se diferencia de outras.


Colaboraram ROGÉRIO PAGNAN, da Reportagem Local, e LEANDRO BEGUOCI, Enviado Especial a Itapira E Mogi Mirim

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