São Paulo, sábado, 29 de julho de 2006

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Suposto campeão de propinas destinou R$ 4,4 mi a emendas para ambulâncias

DA SUCURSAL DO RIO

O deputado federal Fernando Gonçalves (PTB-RJ), campeão no recebimento de recursos do esquema sanguessuga (R$ 300 mil), segundo depoimento do dono da Planam, dedicou R$ 4,4 milhões a emendas parlamentares para a compra de ambulâncias por municípios do Estado do Rio de Janeiro, entre 1999 e 2004.
Todas as 16 emendas que apresentou ao orçamento de 2002, caso mais flagrante, foram destinadas à aquisição de ambulâncias.
O total aplicado em 2002 a ambulâncias foi R$ 2 milhões, destinados a 16 cidades. A maior beneficiada foi a Prefeitura de Mesquita, que sob a administração de José Paixão (PMDB) recebeu R$ 800 mil, 40% do total. As demais receberam R$ 80 mil cada uma.
Parte do colégio eleitoral de Gonçalves, Mesquita também recebeu R$ 450 mil para a compra de ambulâncias em 2001.
Levantamento feito pela Folha na Câmara de Deputados mostra que Gonçalves destinou R$ 7,8 milhões à área de saúde entre 99 e 2004, somadas todas as emendas para o setor.
Em depoimento, o dono da Planam, Luiz Antonio Vedoin, diz que ao menos uma dessas emendas -para a Associação Caridade Hospital de Iguaçu-, também estava no esquema. Em 2004, Gonçalves destinou à entidade R$ 2,15 milhões (86%) dos R$ 2,5 milhões aplicados em suas emendas.
Na oitiva, Vedoin diz que o responsável pelo hospital, médico João Gaspar, recebeu dinheiro para beneficiar a máfia dos sanguessugas.
Procurado por telefone, Gaspar não foi encontrado na Associação Caridade ontem à tarde para comentar o assunto. A assessoria de imprensa da entidade disse que o Ministério da Saúde fez rigorosa inspeção no local e comprovou, em relatório, que o dinheiro foi corretamente aplicado na compra de equipamentos hospitalares.
O relatório não foi enviado à Folha. A reportagem foi convidada a ir ao local segunda-feira, quando ele seria mostrado.
Outra organização que recebeu recursos de Gonçalves, R$ 350 mil, foi a Sociedade Viva Cazuza, destinada a proporcionar vida melhor a portadores de HIV/Aids. A presidente é Maria Lúcia da Silva Araújo, mãe do cantor, que morreu em decorrência da doença.
Lúcia Araújo disse que usou os recursos corretamente e agradece a Fernando Gonçalves, a quem diz nem conhecer. Afirmou que a emenda foi a pedido do deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), de quem Gonçalves foi suplente enquanto foi ministro das Comunicações. "Sou agradecida, mas não comprei ambulância e prestei todas as contas", disse ela. (RAPHAEL GOMIDE)

Colaborou a Sucursal de Brasília


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