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Suposto campeão de propinas destinou R$ 4,4 mi a emendas para ambulâncias
DA SUCURSAL DO RIO
O deputado federal Fernando Gonçalves (PTB-RJ), campeão no recebimento de recursos do esquema sanguessuga
(R$ 300 mil), segundo depoimento do dono da Planam, dedicou R$ 4,4 milhões a emendas parlamentares para a compra de ambulâncias por municípios do Estado do Rio de Janeiro, entre 1999 e 2004.
Todas as 16 emendas que
apresentou ao orçamento de
2002, caso mais flagrante, foram destinadas à aquisição de
ambulâncias.
O total aplicado em 2002 a
ambulâncias foi R$ 2 milhões,
destinados a 16 cidades. A
maior beneficiada foi a Prefeitura de Mesquita, que sob a administração de José Paixão
(PMDB) recebeu R$ 800 mil,
40% do total. As demais receberam R$ 80 mil cada uma.
Parte do colégio eleitoral de
Gonçalves, Mesquita também
recebeu R$ 450 mil para a compra de ambulâncias em 2001.
Levantamento feito pela Folha na Câmara de Deputados
mostra que Gonçalves destinou
R$ 7,8 milhões à área de saúde
entre 99 e 2004, somadas todas
as emendas para o setor.
Em depoimento, o dono da
Planam, Luiz Antonio Vedoin,
diz que ao menos uma dessas
emendas -para a Associação
Caridade Hospital de Iguaçu-,
também estava no esquema.
Em 2004, Gonçalves destinou à
entidade R$ 2,15 milhões (86%)
dos R$ 2,5 milhões aplicados
em suas emendas.
Na oitiva, Vedoin diz que o
responsável pelo hospital, médico João Gaspar, recebeu dinheiro para beneficiar a máfia
dos sanguessugas.
Procurado por telefone, Gaspar não foi encontrado na Associação Caridade ontem à tarde
para comentar o assunto. A assessoria de imprensa da entidade disse que o Ministério da
Saúde fez rigorosa inspeção no
local e comprovou, em relatório, que o dinheiro foi corretamente aplicado na compra de
equipamentos hospitalares.
O relatório não foi enviado à
Folha. A reportagem foi convidada a ir ao local segunda-feira,
quando ele seria mostrado.
Outra organização que recebeu recursos de Gonçalves, R$
350 mil, foi a Sociedade Viva
Cazuza, destinada a proporcionar vida melhor a portadores
de HIV/Aids. A presidente é
Maria Lúcia da Silva Araújo,
mãe do cantor, que morreu em
decorrência da doença.
Lúcia Araújo disse que usou
os recursos corretamente e
agradece a Fernando Gonçalves, a quem diz nem conhecer.
Afirmou que a emenda foi a pedido do deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), de quem Gonçalves foi suplente enquanto foi
ministro das Comunicações.
"Sou agradecida, mas não comprei ambulância e prestei todas
as contas", disse ela.
(RAPHAEL GOMIDE)
Colaborou a Sucursal de Brasília
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