São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / RIO DE JANEIRO

TRE lista áreas sob influência do crime

Levantamento baseado em denúncias mostra que traficantes e milícias tentam impor candidatos em sete regiões do Rio

Presidente do tribunal diz que os eleitores devem ser orientados a não ceder às pressões de criminosos que agem em suas comunidades


SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Baseado em denúncias anônimas enviadas ao seu setor de fiscalização, o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Estado do Rio de Janeiro listou sete regiões da capital onde quadrilhas de traficantes de drogas e de milicianos impõem candidatos ao eleitorado local e restringem o acesso de adversários às comunidades.
Conforme o levantamento, divulgado ontem pelo presidente do TRE, Roberto Wider, o tráfico age dessa forma na favela da Rocinha (São Conrado, zona sul), no morro do Vidigal (Vidigal, zona sul) e no complexo de favelas do morro do Alemão, em especial a Vila Cruzeiro, na zona norte carioca.
Os grupos paramilitares, chamados no Rio de milícias, atuam sobretudo na zona oeste em favor de seus candidatos nas eleições municipais deste ano. Constam do trabalho do tribunal as favelas de Rio das Pedras (Jacarepaguá) e da Carobinha (Campo Grande) e diversas comunidades de pequeno porte nos bairros de Jacarepaguá e Santa Cruz.
Apesar de reconhecer que a campanha eleitoral é influenciada pela pressão de grupos criminosos sobre os eleitores, o presidente do TRE disse que, por enquanto, não concorda com a convocação da Força Nacional de Segurança Pública para atuar no Rio.
"Não. A coisa não caminha por aí, não é assim. (...) Há problemas reais e há problemas noticiados. Então vamos fazer uma apuração para saber o que faremos. Mas a partir do TRE. Pode haver uma certa politização dessa questão e acho que temos que avaliar com certo cuidado, ponderação, equilíbrio. (...) Em primeiro lugar, o problema é de segurança pública", disse Wider ao responder se gostaria de ter a Força Nacional dando segurança ao processo eleitoral.
Para discutir o assunto, Wider deve se reunir hoje com o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, e com representantes das polícias Civil e Militar.
Amanhã, em Brasília, ele tratará da questão com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Carlos Ayres Britto, e, possivelmente, com o ministro da Justiça, Tarso Genro. Ontem, falou por telefone com o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB).
"O tribunal não oferece segurança a candidato nenhum (...) Mas queremos eleições tranqüilas, seguras. Se for necessário, em função disso, vamos buscar todos os apoios", afirmou o presidente do TRE. A Força Nacional atua no Rio desde fevereiro de 2007. Segundo o Ministério da Justiça, de 500 a 600 homens patrulham o entorno do Alemão, vias expressas e orla da zona sul. O ministério informou que não tem um balanço das atividades da Força no Rio.
Wider afirmou que o eleitor deve ser orientado a não ceder as pressões de traficantes e de milícias que agem em suas comunidades. "De qualquer forma o voto deles é secreto. Dentro da urna não há como descobrirem se votou ou não votou no candidato A, B ou C."
Sérgio Cabral disse que não se opõe à convocação de força especial para atuar no Rio durante a campanha. No sábado, jornalistas que seguiam o candidato a prefeito Marcelo Crivella (PRB) foram ameaçados por traficantes na Vila Cruzeiro. Fotógrafos foram obrigados a apagar os registros das câmeras.


Colaborou ITALO NOGUEIRA , da Sucursal do Rio


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