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Ação contra Sarney faz PMDB declarar guerra aos tucanos
PSDB abre representação contra o presidente do Senado no Conselho de Ética
Líder do PMDB, Renan Calheiros diz que o partido também levará ao conselho as acusações contra o líder do PSDB, Arthur Virgílio
Sérgio Lima/Folha Imagem
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Senador tucano Sérgio Guerra no escritório do PSDB no Senado
VALDO CRUZ
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
A decisão do PSDB de entrar
com três representações no
Conselho de Ética contra o presidente do Senado, José Sarney
(AP), levou o PMDB a declarar
guerra aos tucanos.
Líder peemedebista no Senado, Renan Calheiros (AL) informou ao presidente do PSDB,
Sérgio Guerra (PE), que o
PMDB decidiu responder na
"mesma moeda" e também irá
entrar com representações
contra senadores tucanos.
Renan e Guerra trocaram telefonemas nos últimos dias. O
líder do PMDB considerou que
a questão virou partidária e que
o caminho é adotar a mesma
estratégia. Renan disse ao tucano que vai ao Conselho de Ética
contra o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM),
considerado pelos peemedebistas como "réu confesso" por
admitir ter recebido empréstimo do ex-diretor-geral da Casa
Agaciel Maia e contratado um
funcionário-fantasma.
"O PSDB acaba de arranjar
um jeito de se livrar do Arthur
porque ele vai ser processado
no conselho. As acusações são
mais graves do que as que existem contra Sarney. O PMDB
não é partido de frouxo", disse
Wellington Salgado (PMDB-MG), senador da tropa de choque de Renan Calheiros.
O comentário no PMDB era
que estava "oficializada a guerra política com os tucanos". Segundo peemedebistas, a cúpula
do PSDB foi avisada de que, numa guerra, não há "corpos apenas de um lado, mas dos dois",
uma referência indireta de que,
se Sarney perder o mandato,
senadores tucanos também terão o mesmo destino.
Renan e Guerra concordaram que a situação é "muito
grave". O tucano disse a Renan
que não vê condições de Sarney
continuar à frente da presidência, pois já não tem condições
de controlar a crise e as acusações contra ele e a família.
Esse foi também o tom que
senadores usaram em telefonemas para o próprio Sarney, que
consideraram "muito cansado". Na cúpula do PMDB, contudo, a ordem é resistir. Sarney
afirmou aos peemedebistas que
não planeja renunciar.
O PMDB cogita entrar com
representação contra outros
tucanos, como Tasso Jereissati
(CE), que usou verba de passagens aéreas para fazer manutenção de avião particular.
Apesar da ameaça peemedebista, o PSDB -sigla que foi
fundada por dissidentes do
PMDB nos anos 80- entrou
ontem com três representações
no Conselho de Ética contra
Sarney por quebra de decoro
que podem resultar na cassação do mandato dele.
A primeira trata do uso irregular de recursos da Petrobras
na Fundação Sarney, e a segunda, dos atos secretos. A terceira
é sobre o fato de um neto de
Sarney ter atuado no mercado
de crédito consignado da Casa.
As representações foram
apresentadas quase um mês
após denúncias feitas formalmente por Arthur Virgílio.
A diferença entre denúncia e
representação é que a segunda,
se aceita pelo relator, já dá
abertura imediata a um processo por quebra de decoro parlamentar contra o congressista.
Apesar das críticas feitas por
Virgílio, o PSDB hesitou em
processar Sarney porque não
havia consenso na bancada.
Além disso, temia-se contra-ataque contra o líder tucano.
Virgílio disse ontem que começou a devolver o dinheiro
que um funcionário seu recebeu do Senado enquanto estudava no exterior, um total de
R$ 210 mil que serão pagos em
quatro prestações.
No Conselho de Ética, o
PMDB é o partido com mais integrantes: quatro. Para fazer
maioria, depende de integrantes da base aliada, que têm seis
membros. Juntos, os governistas detêm dez cadeiras. O conselho tem 15 integrantes. Para
aprovar um relatório recomendando a perda do mandato, é
preciso metade dos votos mais
um. O pedido de cassação segue
para ser votado em plenário.
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