São Paulo, quarta-feira, 29 de julho de 2009

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Desgaste pode "matar" o Senado, diz Lula

Presidente evita nova defesa de José Sarney (PMDB-AP) e pede que senadores se reúnam na volta do recesso para discutir crise

Petista deve agora agir nos bastidores no apoio ao peemedebista; "O Senado tem que ter maioridade para resolver o seu problema", diz

DA ENVIADA A CAMPINA GRANDE (PB)
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Lula mudou ontem o tom de sua estratégia em relação à crise do Senado. Evitou defender diretamente o senador José Sarney (PMDB-AP) e falou do tema de forma geral, alertando os senadores de que o desgaste do Senado pode "matar a instituição".
Lula pediu que os senadores se reúnam na volta do recesso parlamentar, na próxima semana, para discutir a crise que se abateu sobre a instituição.
"O Senado tem que ter maioridade para resolver o seu problema. O que não pode é deixar a coisa esticar, esticar, porque, a cada dia, se você vê uma novidade, por menor que ela seja no jornal, cria desgaste da instituição", disse Lula em entrevista à rádio Correio Sat quando estava em Campina Grande.
Ao sugerir que os senadores se reúnam, o presidente disse: "Os senadores têm que dizer o que querem para o Senado. O que não é possível é que as pessoas permitam que a instituição vá sofrendo desgaste, desgaste, porque isso mata as pessoas e mata a instituição".
Ontem, pela primeira vez desde que o Senado foi atingido pelas denúncias de atos secretos e contratações de familiares de Sarney, Lula deixou de lado a defesa direta do presidente do Senado e passou a falar em crise institucional.
Essa mudança de tom já estava decidida. Lula considera que já fez as defesas públicas do aliado peemedebista e que, a partir de agora, passará a agir mais nos bastidores.
O presidente não deseja a queda do presidente do Senado, por temer uma crise na base aliada que possa refletir nos trabalhos da CPI da Petrobras.
Em entrevista à rádio, Lula criticou a atuação do Congresso. Citou a não votação da reforma política, o que, segundo ele, cria problemas nos anos eleitorais e, eventualmente, dificuldades para seu governo.
Lula também afagou o PMDB. "Se o PT e o PMDB tiverem juízo, faremos uma grande aliança para 2010", disse. Ele afirmou que pediu aos presidentes do PT, Ricardo Berzoini, e do PMDB, Michel Temer, que mapeiem os Estados onde há possibilidade de os dois partidos disputarem juntos os governos em 2010.

Crise no PT
Em Brasília, o governo procurou contornar uma crise com a bancada petista no Senado, depois de no dia anterior o ministro José Múcio (Relações Institucionais) ter dito que era um ato isolado a nota divulgada pelo partido pedindo o afastamento temporário de Sarney.
José Múcio ligou ontem para todos os senadores do PT para tentar minimizar a repercussão de suas declarações de anteontem. O próprio ministro relatou ter dito a eles que não desautorizou a bancada, mas apenas indagou se a nota era do partido ou de alguns senadores. Ao senador Mercadante, afirmou ainda que o petista poderia conferir sua versão por meio da gravação da entrevista ou pelo testemunho de Paulo Bernardo (Planejamento), com quem havia discutido antes a estratégia para acalmar os petistas. Mercadante não comentou o assunto.


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