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Desgaste pode "matar" o Senado, diz Lula
Presidente evita nova defesa de José Sarney (PMDB-AP) e pede que senadores se reúnam na volta do recesso para discutir crise
Petista deve agora agir nos bastidores no apoio ao peemedebista; "O Senado tem que ter maioridade para resolver o seu problema", diz
DA ENVIADA A CAMPINA GRANDE (PB)
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Lula mudou
ontem o tom de sua estratégia
em relação à crise do Senado.
Evitou defender diretamente o
senador José Sarney (PMDB-AP) e falou do tema de forma
geral, alertando os senadores
de que o desgaste do Senado
pode "matar a instituição".
Lula pediu que os senadores
se reúnam na volta do recesso
parlamentar, na próxima semana, para discutir a crise que
se abateu sobre a instituição.
"O Senado tem que ter maioridade para resolver o seu problema. O que não pode é deixar
a coisa esticar, esticar, porque,
a cada dia, se você vê uma novidade, por menor que ela seja no
jornal, cria desgaste da instituição", disse Lula em entrevista à
rádio Correio Sat quando estava em Campina Grande.
Ao sugerir que os senadores
se reúnam, o presidente disse:
"Os senadores têm que dizer o
que querem para o Senado. O
que não é possível é que as pessoas permitam que a instituição vá sofrendo desgaste, desgaste, porque isso mata as pessoas e mata a instituição".
Ontem, pela primeira vez
desde que o Senado foi atingido
pelas denúncias de atos secretos e contratações de familiares
de Sarney, Lula deixou de lado a
defesa direta do presidente do
Senado e passou a falar em crise institucional.
Essa mudança de tom já estava decidida. Lula considera que
já fez as defesas públicas do
aliado peemedebista e que, a
partir de agora, passará a agir
mais nos bastidores.
O presidente não deseja a
queda do presidente do Senado, por temer uma crise na base
aliada que possa refletir nos
trabalhos da CPI da Petrobras.
Em entrevista à rádio, Lula
criticou a atuação do Congresso. Citou a não votação da reforma política, o que, segundo
ele, cria problemas nos anos
eleitorais e, eventualmente, dificuldades para seu governo.
Lula também afagou o
PMDB. "Se o PT e o PMDB tiverem juízo, faremos uma grande
aliança para 2010", disse. Ele
afirmou que pediu aos presidentes do PT, Ricardo Berzoini,
e do PMDB, Michel Temer, que
mapeiem os Estados onde há
possibilidade de os dois partidos disputarem juntos os governos em 2010.
Crise no PT
Em Brasília, o governo procurou contornar uma crise com
a bancada petista no Senado,
depois de no dia anterior o ministro José Múcio (Relações
Institucionais) ter dito que era
um ato isolado a nota divulgada
pelo partido pedindo o afastamento temporário de Sarney.
José Múcio ligou ontem para
todos os senadores do PT para
tentar minimizar a repercussão
de suas declarações de anteontem. O próprio ministro relatou ter dito a eles que não desautorizou a bancada, mas apenas indagou se a nota era do
partido ou de alguns senadores.
Ao senador Mercadante, afirmou ainda que o petista poderia conferir sua versão por meio
da gravação da entrevista ou
pelo testemunho de Paulo Bernardo (Planejamento), com
quem havia discutido antes a
estratégia para acalmar os petistas. Mercadante não comentou o assunto.
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