São Paulo, quarta-feira, 29 de julho de 2009

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Não existe mais segredo de Justiça no Brasil, diz Tarso

Ministro minimiza importância do vazamento de escutas da família Sarney feitas pela PF

Para ele, a divulgação de conversas pode ser feita por advogados para desviar o foco ou para comprovar a inocência de seu cliente


LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao reafirmar que não foi a Polícia Federal a responsável pelo vazamento de grampos da Operação Faktor (antes conhecida como Boi Barrica), o ministro da Justiça, Tarso Genro, disse ontem que o segredo de Justiça "praticamente terminou no país".
"É uma instituição meramente formal, não vai funcionar mais", criticou, durante evento em Brasília.
"O advogado vai tomar informações no inquérito e, se ele achar bom para a defesa do seu cliente, vai divulgá-las amplamente -ou para desviar o foco ou para comprovar a sua inocência", completou, ao falar sobre gravações captadas com autorização judicial que mostram diálogos entre integrantes da família Sarney.
Na semana passada, o jornal "O Estado de S. Paulo" divulgou conversas envolvendo José Sarney, seu filho Fernando Sarney e Maria Beatriz Sarney, neta do presidente do Senado.
Tarso minimizou a divulgação de conversas da família Sarney, dizendo que nem "sequer são objeto de inquérito".
"Ali se trata de uma relação. Se é legal ou ilegal, se fere ou não o decoro é uma coisa que o Parlamento investigará. Mas não é objeto de inquérito investigar se uma pessoa está orientando para fazer uma contratação por DAS [função de confiança], que é uma contratação livre, de uma pessoa que é relacionada com parente", disse.
Ele afirmou que poderá abrir investigação sobre o vazamento das escutas, caso isso seja pedido, mas voltou a dizer que a divulgação dos grampos foi feita por alguém "interessado na controvérsia política".
Tarso aproveitou para cobrar do Congresso a votação do projeto de lei das escutas telefônicas. A proposta, enviada pelo Ministério da Justiça em abril do ano passado, prevê punições severas no caso de divulgação de escutas telefônicas. "Se Congresso votar isso rapidamente, seguramente 80% a 90% das escutas que estão sendo divulgadas não seriam mais."

Futuro
Sobre a possível saída do Ministério em dezembro para se dedicar à campanha ao governo do Rio Grande do Sul, Tarso afirmou isso vai depender do presidente Lula e, em tom de brincadeira, queixou-se da função. "Até não é um cargo muito bom para fazer campanha eleitoral, é uma função que normalmente é destruidora de alianças nos Estados", disse.


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