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Não existe mais segredo de Justiça no Brasil, diz Tarso
Ministro minimiza importância do vazamento de escutas da família Sarney feitas pela PF
Para ele, a divulgação de conversas pode ser feita por advogados para desviar o foco ou para comprovar a inocência de seu cliente
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao reafirmar que não foi a
Polícia Federal a responsável
pelo vazamento de grampos da
Operação Faktor (antes conhecida como Boi Barrica), o ministro da Justiça, Tarso Genro,
disse ontem que o segredo de
Justiça "praticamente terminou no país".
"É uma instituição meramente formal, não vai funcionar mais", criticou, durante
evento em Brasília.
"O advogado vai tomar informações no inquérito e, se ele
achar bom para a defesa do seu
cliente, vai divulgá-las amplamente -ou para desviar o foco
ou para comprovar a sua inocência", completou, ao falar sobre gravações captadas com autorização judicial que mostram
diálogos entre integrantes da
família Sarney.
Na semana passada, o jornal
"O Estado de S. Paulo" divulgou
conversas envolvendo José
Sarney, seu filho Fernando Sarney e Maria Beatriz Sarney, neta do presidente do Senado.
Tarso minimizou a divulgação de conversas da família Sarney, dizendo que nem "sequer
são objeto de inquérito".
"Ali se trata de uma relação.
Se é legal ou ilegal, se fere ou
não o decoro é uma coisa que o
Parlamento investigará. Mas
não é objeto de inquérito investigar se uma pessoa está orientando para fazer uma contratação por DAS [função de confiança], que é uma contratação
livre, de uma pessoa que é relacionada com parente", disse.
Ele afirmou que poderá abrir
investigação sobre o vazamento das escutas, caso isso seja pedido, mas voltou a dizer que a
divulgação dos grampos foi feita por alguém "interessado na
controvérsia política".
Tarso aproveitou para cobrar
do Congresso a votação do projeto de lei das escutas telefônicas. A proposta, enviada pelo
Ministério da Justiça em abril
do ano passado, prevê punições
severas no caso de divulgação
de escutas telefônicas. "Se Congresso votar isso rapidamente,
seguramente 80% a 90% das
escutas que estão sendo divulgadas não seriam mais."
Futuro
Sobre a possível saída do Ministério em dezembro para se
dedicar à campanha ao governo
do Rio Grande do Sul, Tarso
afirmou isso vai depender do
presidente Lula e, em tom de
brincadeira, queixou-se da função. "Até não é um cargo muito
bom para fazer campanha eleitoral, é uma função que normalmente é destruidora de
alianças nos Estados", disse.
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