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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS PROVAS
Direção do partido deve apresentar hoje informações sobre entrada de dinheiro na conta do Banco do Brasil em 2003 e 2004
PT busca explicar depósitos de R$ 3,3 mi
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A direção nacional do PT deve
apresentar hoje uma explicação
para o alto volume de depósitos
em dinheiro na principal conta
bancária mantida pelo partido. A
Folha revelou no sábado que o PT
recebeu R$ 3,28 milhões em espécie em apenas cinco meses e meio.
São 23 depósitos, variando de
R$ 20 mil a R$ 300 mil. O extrato
bancário da conta 13.000, na
agência 3.344 do Banco do Brasil,
abrange de 15 de dezembro de
2003 a 31 de maio de 2004. Nessa
época, estava em pleno vigor a relação entre o PT e o empresário
Marcos Valério de Souza, apontado como um dos provedores de
dinheiro de caixa dois para a sigla.
Para o secretário-geral do PT,
deputado Ricardo Berzoini (SP),
"é, no mínimo, incomum esse tipo de depósito em dinheiro". Ele
espera para hoje uma explicação
detalhada sobre as operações. "Se
forem doações, temos de ter os recibos. Além disso, quem doa quase sempre usa cheque ou transferência bancária. Se não encontrarmos explicações satisfatórias
nos arquivos, vamos pedi-las ao
ex-tesoureiro [Delúbio Soares]".
A Folha falou com Delúbio no
fim de semana, mas ele se recusou
a comentar o assunto. "Se a direção do partido quiser, faço uma
nota a respeito", declarou.
Esses extratos bancários do PT
estão em poder da CPI dos Correios. Apenas dois dos 23 depósitos em dinheiro têm a identificação de quem teria realizado a operação. Em 29 de dezembro de
2003, Carlos Alberto Timóteo
aparece como "portador". Em 6
de janeiro de 2004, há outro depósito de R$ 300 mil, tendo como
"portador" Alex Vieira Costa.
"Prefiro não comentar porque
[a informação] é tão absurda
quanto os supostos depósitos na
conta do deputado José Dirceu",
disse a senadora Ideli Salvati (PT-SC), referindo-se a dados errados
que haviam sido enviados pelo
Banco do Brasil à CPI.
A CPI pediu os extratos para detalhar a dívida de R$ 29.436,26 do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o PT. O débito foi saldado
em parcelas, de dezembro de 2003
a março de 2004. Em certas ocasiões, nos dias anteriores aos pagamentos feitos para quitar a dívida, há saques realizados em valores semelhantes. É possível que o
pagamento tenha saído do próprio PT, embora os extratos não
permitam conclusão definitiva.
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