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Empresário confirma propina em Sto. André
Sócio de consórcio de ônibus afirma à Justiça ter sofrido sanção administrativa por se opor à cobrança
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça Criminal de Santo
André (SP) ouviu ontem, pela
primeira vez, duas testemunhas que confirmaram a existência de um suposto esquema
de propina montado durante a
gestão petista na cidade.
O processo que apura eventual coleta de propina de empresários de ônibus da cidade
foi aberto em junho de 2002,
mas teve seu trâmite atrasado
por conta recursos judiciais.
O Ministério Público, autor
da denúncia, sustenta que o dinheiro ilícito ajudou a financiar
campanhas eleitorais do PT. O
partido rejeita de forma veemente a acusação.
Prestou depoimento ontem o
empresário de ônibus João Antônio Setti Braga, ex-sócio do
consórcio de transporte público Expresso Nova Santo André.
À juíza auxiliar da 1ª Vara
Criminal de Santo André, Daniela Duarte, Braga disse que
foi imposto a ele o pagamento
mensal de um "custo político"
para operar na cidade.
O empresário afirmou ainda
que, após se revoltar contra a
cobrança e contra a administração do consórcio, sofreu
sanções administrativas -perdeu linhas de ônibus.
Segundo a Promotoria, encabeçavam o esquema o ex-secretário municipal Klinger Luiz de
Oliveira Souza (PT), o empresário Ronan Maria Pinto, o ex-segurança Sérgio Gomes da Silva -também acusado de ser o
mandante do assassinato do
prefeito da cidade, Celso Daniel
(PT)- e outras três pessoas.
A segunda testemunha foi a
contadora Gislene Valeriano da
Silva, que era a responsável pelas contas do Expresso Nova
Santo André.
Silva disse em juízo que, uma
vez por mês, recebia de representantes das empresas envelopes com dinheiro que totalizavam de R$ 100 mil a R$ 120
mil. A contadora afirmou que,
após conferir os valores, repassava o montante a Irineu Nicolino Martin Bianco, apontado
como empregado de Ronan.
A funcionária informou ainda que os valores nunca entraram no registro contábil do
consórcio. "Irineu me falou que
o dinheiro era por fora, que não
era para entrar", disse.
A Promotoria acredita que o
suposto esquema de propina
tenha vínculo com a morte de
Daniel, em janeiro de 2002.
"O depoimento de Setti Braga avançou porque ele disse,
pela primeira vez, que também
sofreu restrições da administração pública, por meio do
Klinger, depois que reclamou
da cobrança de propina. Ele foi
o terceiro empresário a afirmar
a mesma coisa", disse o promotor Roberto Wider Filho.
(LILIAN CHRISTOFOLETTI)
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