São Paulo, terça-feira, 29 de agosto de 2006

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Empresário confirma propina em Sto. André

Sócio de consórcio de ônibus afirma à Justiça ter sofrido sanção administrativa por se opor à cobrança

DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça Criminal de Santo André (SP) ouviu ontem, pela primeira vez, duas testemunhas que confirmaram a existência de um suposto esquema de propina montado durante a gestão petista na cidade.
O processo que apura eventual coleta de propina de empresários de ônibus da cidade foi aberto em junho de 2002, mas teve seu trâmite atrasado por conta recursos judiciais.
O Ministério Público, autor da denúncia, sustenta que o dinheiro ilícito ajudou a financiar campanhas eleitorais do PT. O partido rejeita de forma veemente a acusação.
Prestou depoimento ontem o empresário de ônibus João Antônio Setti Braga, ex-sócio do consórcio de transporte público Expresso Nova Santo André.
À juíza auxiliar da 1ª Vara Criminal de Santo André, Daniela Duarte, Braga disse que foi imposto a ele o pagamento mensal de um "custo político" para operar na cidade.
O empresário afirmou ainda que, após se revoltar contra a cobrança e contra a administração do consórcio, sofreu sanções administrativas -perdeu linhas de ônibus.
Segundo a Promotoria, encabeçavam o esquema o ex-secretário municipal Klinger Luiz de Oliveira Souza (PT), o empresário Ronan Maria Pinto, o ex-segurança Sérgio Gomes da Silva -também acusado de ser o mandante do assassinato do prefeito da cidade, Celso Daniel (PT)- e outras três pessoas.
A segunda testemunha foi a contadora Gislene Valeriano da Silva, que era a responsável pelas contas do Expresso Nova Santo André.
Silva disse em juízo que, uma vez por mês, recebia de representantes das empresas envelopes com dinheiro que totalizavam de R$ 100 mil a R$ 120 mil. A contadora afirmou que, após conferir os valores, repassava o montante a Irineu Nicolino Martin Bianco, apontado como empregado de Ronan.
A funcionária informou ainda que os valores nunca entraram no registro contábil do consórcio. "Irineu me falou que o dinheiro era por fora, que não era para entrar", disse.
A Promotoria acredita que o suposto esquema de propina tenha vínculo com a morte de Daniel, em janeiro de 2002.
"O depoimento de Setti Braga avançou porque ele disse, pela primeira vez, que também sofreu restrições da administração pública, por meio do Klinger, depois que reclamou da cobrança de propina. Ele foi o terceiro empresário a afirmar a mesma coisa", disse o promotor Roberto Wider Filho. (LILIAN CHRISTOFOLETTI)

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