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Governo é pressionado a criar comissão
ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL
Em estudo no governo
federal desde 2007, a criação de uma comissão que
apure circunstâncias de
violência e o desaparecimento de pessoas durante
a ditadura volta a ser motivo de pressão de setores da
sociedade ligados à área de
direitos humanos.
A retomada do tema será reforçada pela vinda de
especialistas internacionais para discutir, em outubro, os resultados de comissões que existiram em
países vizinhos no pós-ditadura ou pós-conflito.
O seminário "Direito à
Verdade" é articulado por
especialistas em direitos
humanos. Entre os integrantes do grupo está o
professor Paulo Sergio Pinheiro, membro da Comissão Interamericana de
Direitos Humanos.
Os modelos latino-americanos mais conhecidos
de comissões de verdade
são da Argentina e do Chile. Mas vizinhos como Peru, Equador e Colômbia
também tomaram a iniciativa de esclarecer, por
meio de comissões que ouviam vítimas, violadores e
testemunhas, fatos inexistentes em arquivos.
Resultados
Segundo a cientista política Glenda Mezarobba,
autora de "Um acerto de
contas com o futuro: a
anistia e suas consequências", na Argentina, a criação pelo governo da Comissão Nacional sobre o
Desaparecimento de Pessoas em 1983 ficou mundialmente famosa por seu
pioneirismo e importância dos resultados.
O relatório final indicou
a participação de "ocupantes dos mais elevados cargos" em crimes e abriu caminho para a condenação
de militares.
No Chile, a Comissão
Nacional de Verdade e Reconciliação fez uma sistemática descrição da repressão praticada nos
anos Pinochet -95% das
violações de direitos humanos foram atribuídas a
agentes do Estado.
Também constam episódios envolvendo vítimas
de grupos de oposição armada e análises críticas da
atuação de instituições como o Judiciário.
Apesar dos avanços para
esclarecer o que ocorreu
na repressão chilena, mais
de mil casos de perseguidos políticos desaparecidos durante a ditadura não
foram elucidados.
No Peru, a criação da
Comissão da Verdade e
Reconciliação ajudou a revelar as violações aos direitos humanos cometidas
por membros das forças
de segurança peruanas e
por grupos paramilitares
apoiados pelo Estado, incluindo o governo Alberto
Fujimori (1990-2000).
A cifra oficial de desaparecidos no país chega a 13
mil casos.
O procurador da República Marlon Weichert defende uma comissão de
verdade no Brasil para
preencher as lacunas deixadas por arquivos da ditadura. Segundo ele, a comissão deve esclarecer
tanto crimes praticados
por agentes de Estado, como torturas e desaparecimentos, quanto atos de
militantes de esquerda.
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