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Confederação de servidores do Incra divulga manifesto de apoio ao MST
DANIELA NAHASS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os servidores do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) divulgaram ontem um manifesto apoiando as
críticas feitas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra) ao programa de reforma agrária do governo.
De acordo com o manifesto divulgado pela CNASI (Confederação Nacional das Associações dos
Servidores do Incra), "já é sabido
que o governo não cumpre os
acordos firmados com os trabalhadores rurais e beneficiários da
reforma agrária".
A confederação afirma que o
governo não cumpriu o acordo
firmado com o MST na reunião
realizada em julho. "Em síntese, o
presidente da República, além de
não fazer a reforma agrária que
está a divulgar, é um contumaz
descumpridor de promessas assumidas perante a opinião pública e entidades como OAB e
CNBB".
A CNASI afirma que o programa de reforma agrária é bem menor do que vem sendo divulgado.
"O governo, auxiliado pela mídia,
tem distorcido a realidade, vendendo gato por lebre" ao anunciar os resultados da reforma
agrária.
De acordo com a entidade, as
realizações anunciadas pelo governo "não resistem a uma análise
mais consistente".
Os servidores dizem que estão
"cansados de tanta publicidade,
custeada pelo erário público, e das
falsas promessas de fortalecimento do Incra e dos demais instrumentos de execução da reforma
agrária".
Segundo a confederação, "mais
do que a insuficiência de recursos
para atender as necessidades urgentes dos sem-terra e das famílias assentadas, prepondera a falta
de prioridade do governo para
com a reforma agrária".
O manifesto também acusa a
atual direção do Incra de não
cumprir o acordo batizado de
"Termo de Ajuste" celebrado com
a CNASI em junho, que prevê melhoria das condições de trabalho,
plano de carreira para os funcionários e melhoria salarial, entre
outras coisas.
"Não aguentamos mais ouvir
falar em valorização dos servidores da autarquia, sendo que todos
os acordos firmados, por força de
um termo de ajuste celebrado
com a direção da organização, estão longe de serem concretizados", diz o manifesto.
A entidade representativa dos
servidores do Incra também faz
ataques diretos ao presidente Fernando Henrique Cardoso e à utilização das Forças Armadas na
proteção da fazenda Córrego da
Ponte, localizada em Buritis
(MG). Durante duas semanas,
cerca de 500 sem-terra ficaram
acampados em frente à fazenda,
que pertence aos filhos do presidente.
A CNASI é formada por cerca
de 40 associações de servidores do
Incra de todo o país.
Um dos diretores da confederação, José Vaz Parente, afirmou
que a confederação não é ligada a
partidos políticos, "mas seria hipocrisia dizer que a CNASI é apolítica".
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