São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 2000

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Confederação de servidores do Incra divulga manifesto de apoio ao MST

DANIELA NAHASS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os servidores do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) divulgaram ontem um manifesto apoiando as críticas feitas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) ao programa de reforma agrária do governo.
De acordo com o manifesto divulgado pela CNASI (Confederação Nacional das Associações dos Servidores do Incra), "já é sabido que o governo não cumpre os acordos firmados com os trabalhadores rurais e beneficiários da reforma agrária".
A confederação afirma que o governo não cumpriu o acordo firmado com o MST na reunião realizada em julho. "Em síntese, o presidente da República, além de não fazer a reforma agrária que está a divulgar, é um contumaz descumpridor de promessas assumidas perante a opinião pública e entidades como OAB e CNBB".
A CNASI afirma que o programa de reforma agrária é bem menor do que vem sendo divulgado. "O governo, auxiliado pela mídia, tem distorcido a realidade, vendendo gato por lebre" ao anunciar os resultados da reforma agrária.
De acordo com a entidade, as realizações anunciadas pelo governo "não resistem a uma análise mais consistente".
Os servidores dizem que estão "cansados de tanta publicidade, custeada pelo erário público, e das falsas promessas de fortalecimento do Incra e dos demais instrumentos de execução da reforma agrária".
Segundo a confederação, "mais do que a insuficiência de recursos para atender as necessidades urgentes dos sem-terra e das famílias assentadas, prepondera a falta de prioridade do governo para com a reforma agrária".
O manifesto também acusa a atual direção do Incra de não cumprir o acordo batizado de "Termo de Ajuste" celebrado com a CNASI em junho, que prevê melhoria das condições de trabalho, plano de carreira para os funcionários e melhoria salarial, entre outras coisas.
"Não aguentamos mais ouvir falar em valorização dos servidores da autarquia, sendo que todos os acordos firmados, por força de um termo de ajuste celebrado com a direção da organização, estão longe de serem concretizados", diz o manifesto.
A entidade representativa dos servidores do Incra também faz ataques diretos ao presidente Fernando Henrique Cardoso e à utilização das Forças Armadas na proteção da fazenda Córrego da Ponte, localizada em Buritis (MG). Durante duas semanas, cerca de 500 sem-terra ficaram acampados em frente à fazenda, que pertence aos filhos do presidente.
A CNASI é formada por cerca de 40 associações de servidores do Incra de todo o país.
Um dos diretores da confederação, José Vaz Parente, afirmou que a confederação não é ligada a partidos políticos, "mas seria hipocrisia dizer que a CNASI é apolítica".


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