PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O ministro Carlos Melles (Esporte e Turismo) apareceu no último programa de sua mulher, Marilda Melles (PFL), candidata à prefeita em São Sebastião do Paraíso (MG), para dizer que foi vítima de "agressões irresponsáveis" durante a campanha eleitoral.
"Em uma eleição os nervos se acirram, quem perde se descontrola e você ainda é obrigado a ouvir um festival de coisas que não gostaria de ouvir e mesmo de agressões irresponsáveis. Fomos vítimas disso, mas não guardamos rancores", disse o ministro no horário eleitoral da TV, exibido na noite de anteontem.
Melles se licenciou do cargo para participar da campanha da mulher depois que a Folha divulgou um pronunciamento feito por ele, também no horário eleitoral gratuito, no qual falava da sua influência política no governo federal e a facilidade de obter verbas públicas para a cidade, no caso de sua mulher ser eleita.
Segundo a assessoria do ministro, ele tomou a decisão de licenciar-se porque quer evitar problemas. Utilizar o cargo ou a máquina pública para o favorecimento de um candidato é crime eleitoral.

Rivais
Os adversários de Marilda Melles na disputa, o prefeito Pedro Cerize (PSDB), que tenta a reeleição, e o petista Antônio Carlos Bragiato, consideram "abuso de poder" a forma da participação do ministro na campanha.
O prefeito de São Sebastião do Paraíso, que vinha reclamando do "jogo desigual" na campanha, reclamou da participação do governador tucano Marconi Perillo (GO) no último programa eleitoral da mulher do ministro.
Além do tucano, a governadora Rosena Sarney (PFL-MA) também apareceu pedindo votos para a candidata.
Perillo, além de pedir o voto em Marilda Melles, reforçou o discurso do ministro, segundo o qual a sua mulher, caso eleita, terá muito mais prestígio no governo federal.
"Além de ser competente, a Marilda vai ter a parceria do governo federal" , afirmou Perillo.
"É um total desrespeito à ética do partido. Vou reclamar disso (nas instâncias partidárias)", afirmou o prefeito tucano de Paraíso.
Procurado pela Agência Folha, o governador de Goiás disse, por meio da sua assessoria de imprensa, que não sabia que havia um candidato do PSDB disputando com a mulher do ministro Melles.
Perillo disse que foi procurado pelo ministro para gravar a mensagem de apoio e concordou por três razões: pelo fato de Melles ser um ministro do governo do PSDB; porque o PFL faz parte da base aliada do governo federal e por serem os pefelistas aliados dos tucanos em Goiás.


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