DA REPORTAGEM LOCAL

A pregação de Édino Fonseca ocorreu no dia 28 de julho, em Taguatinga (DF), durante convenção da Igreja Tabernáculo Evangélico de Jesus, conhecida como Casa da Benção. Cerca de 5.000 pastores, oriundos de diferentes regiões, participaram do encontro. Havia representantes de várias denominações.
"Tudo o que Fonseca expôs estava certinho. Nota dez. Resolvemos, então, distribuir gravações do sermão", conta Doriel de Oliveira, missionário que preside a Casa da Benção. Assim que a convenção terminou, 2.000 CDs e 300 vídeos espalharam-se entre os participantes. Para recebê-los, os pastores doavam até R$ 5.
"Muitos deles também decidiram reproduzir o discurso em suas igrejas", afirma Oliveira, "de tal modo que perdemos o controle da coisa." O missionário acredita que já circulem pelo país "umas 15 mil cópias" da pregação.
Fonseca estima algo bem maior: 70 mil. Foi o que alardeou há cinco dias, em Madureira (zona norte do Rio), quando falava numa reunião da Assembléia de Deus.
Candidato a deputado estadual, ele próprio fez milhares de cópias, que dissemina como material de campanha. "Discursei sem nenhuma pretensão e olha o que aconteceu. Estou surpreso." A Assembléia de Deus apóia oficialmente Anthony Garotinho.
O sermão contém uma série de erros. "Proclamar que, antes do ser humano, existiu um hermafrodita é absurdo. Nenhum cientista escreveu algo do gênero", sustenta Reinaldo Bertini, professor de paleontologia na Unesp.
O médico Roger Abdelmassih, especialista em reprodução, segue linha idêntica. "A possibilidade de um homem gestar filhos no abdômen não existe. O embrião dificilmente se fixaria ali. E, ainda que se prendesse, comprometeria o funcionamento do intestino, levando o homem à morte."
Mesmo no meio evangélico, o sermão causou mal-estar. "Como cristão, lamento tanta intolerância", diz o pastor Ariovaldo Ramos, do Serviço de Evangelização para a América Latina. (AA)



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