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comentário
Na 'escolinha de Bonner', todos contra um
NELSON DE SÁ
COLUNISTA DA FOLHA
No fim, o maior ataque a Lula
ontem não ocorreu no debate
nem foi de candidato. Foi de
William Bonner no "JN", ele
que depois de muito ralhar fechou dizendo que "a Rede Globo lamenta profundamente a
decisão do candidato Lula".
Este fugiu, e o debate sem ele
mostrou um acordo de cavalheiros entre Geraldo Alckmin
e Cristóvam Buarque -com
elogios de lado a lado e frases
como "concordo plenamente".
Cristóvam deixou até a educação de lado e falou sem trégua de corrupção, tratando toda ação de Lula como tal, inclusive "faltar ao debate". Ameaçou com risco de impeachment
e defendeu um segundo turno.
Heloísa Helena, em contraste, buscou questionar Alckmin
aqui e ali, após atacar Lula. Mas
transpareceu muita tensão, em
especial nos primeiros blocos.
A pergunta à cadeira vazia se
mostrou de impacto inferior ao
esperado. Cristóvam ainda fez,
olhando para a câmera, mas
Heloísa se perdeu com o tempo, não formulou e terminou
repreendida pelo mediador
-antes bedel do que jornalista.
Alckmin, protagonista, evitou uma primeira vez, depois
fez por não ter alternativa, mas
também deixou passar o tempo
e fechou sem maior impacto.
Mais importante, porém, Lula e
a corrupção estiveram presentes em quase todas as intervenções, como um bate-estaca.
Registre-se que o formato,
com o mediador chamando a
um "púlpito", num vaivém que
confundia candidatos e audiência fez tudo soar como uma "escolinha do professor Bonner".
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