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ELEIÇÕES 2006 / IMPRENSA
TSE não apreciou defesa da Folha contra Lula, reage ANJ
Vice-presidente do Comitê de Liberdade de Imprensa classifica decisão de absurda
Folha pediu anulação de julgamento que acolheu um pedido de resposta do PT,
sob alegação de que Lula foi ofendido por um colunista
DA REPORTAGEM LOCAL
O vice-presidente do comitê
de Liberdade de Imprensa da
ANJ (Associação Nacional de
Jornais), Júlio César Ferreira
de Mesquita, protestou contra
o fato de o TSE ter julgado o pedido de resposta do PT e da coligação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra artigo
do jornalista Clóvis Rossi sem
apreciar a defesa da Folha.
"É um absurdo. A sociedade
tem que condenar. Se isso
aconteceu, foi um julgamento
parcial. Qualquer tribunal
sempre tem que ouvir a parte
que está sendo questionada",
afirmou Mesquita.
A Editora Folha da Manhã
S/A, que edita a Folha, pediu
anulação do julgamento realizado na terça-feira que acolheu
o pedido de resposta do PT
contra o artigo de Rossi intitulado "Como se faz uma quadrilha", publicado no dia 22. Não
foi juntada ao processo a manifestação da defesa, enviada ao
TSE dentro do prazo legal.
A Folha também requereu o
indeferimento do pedido de
resposta contra outro artigo de
Rossi, intitulado "Pior que república bananeira", publicado
na edição do último dia 21.
O julgamento dessa representação foi iniciado anteontem e interrompido com pedido de vista do ministro Carlos
Ayres Britto, depois que o relator, Marcelo Ribeiro, votara favorável ao pedido do PT.
A defesa do jornal sustenta
que a coligação e o PT "buscam
blindar o seu candidato de críticas legítimas". "Se tivesse o
candidato Lula se sentido ofendido pelas críticas do colunista,
deveria pessoalmente ter postulado a resposta perante a justiça eleitoral. Será que o candidato Lula se sentiu ofendido?
Ou será que mais uma vez ignora os atos praticados por seus
colaboradores", questionou a
defesa da Folha.
Para a defesa, "são inúmeros
os escândalos envolvendo os
mais graduados assessores e
dirigentes do partido. E mesmo
assim, o presidente da República continua se colocando no
papel de desinformado".
Críticas do PT
O PT alegou ter sido vítima
de crimes de calúnia, difamação e injúria. "Os representantes não refutam a veracidade
dos fatos trazidos pelo colunista", contestou a defesa.
O PT criticou as menções ao
coordenador da campanha de
Lula, Ricardo Berzoini, citado
no artigo como o terceiro presidente do PT "baleado pela onda
de escândalos em que se especializou o lulo-petismo". A representação afirma que as
questões relacionadas aos presidentes do PT seriam "assuntos internos". "Tratam-se de
assuntos de inegável interesse
público", contestou a defesa.
Os advogados da Folha afirmam que "não pode ser ignorado pela imprensa o fato de o
coordenador da campanha do
presidente Lula ter se envolvido diretamente com a compra
do dossiê contra os tucanos."
"Não podem as candidaturas
demandar que a Justiça Eleitoral "proíba" determinados assuntos durante o período eleitoral, censurando os órgãos de
imprensa e impedindo-os de
divulgar fatos notórios da vida
política nacional".
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