São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / IMPRENSA

TSE não apreciou defesa da Folha contra Lula, reage ANJ

Vice-presidente do Comitê de Liberdade de Imprensa classifica decisão de absurda

Folha pediu anulação de julgamento que acolheu um pedido de resposta do PT, sob alegação de que Lula foi ofendido por um colunista


DA REPORTAGEM LOCAL

O vice-presidente do comitê de Liberdade de Imprensa da ANJ (Associação Nacional de Jornais), Júlio César Ferreira de Mesquita, protestou contra o fato de o TSE ter julgado o pedido de resposta do PT e da coligação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra artigo do jornalista Clóvis Rossi sem apreciar a defesa da Folha.
"É um absurdo. A sociedade tem que condenar. Se isso aconteceu, foi um julgamento parcial. Qualquer tribunal sempre tem que ouvir a parte que está sendo questionada", afirmou Mesquita.
A Editora Folha da Manhã S/A, que edita a Folha, pediu anulação do julgamento realizado na terça-feira que acolheu o pedido de resposta do PT contra o artigo de Rossi intitulado "Como se faz uma quadrilha", publicado no dia 22. Não foi juntada ao processo a manifestação da defesa, enviada ao TSE dentro do prazo legal.
A Folha também requereu o indeferimento do pedido de resposta contra outro artigo de Rossi, intitulado "Pior que república bananeira", publicado na edição do último dia 21.
O julgamento dessa representação foi iniciado anteontem e interrompido com pedido de vista do ministro Carlos Ayres Britto, depois que o relator, Marcelo Ribeiro, votara favorável ao pedido do PT.
A defesa do jornal sustenta que a coligação e o PT "buscam blindar o seu candidato de críticas legítimas". "Se tivesse o candidato Lula se sentido ofendido pelas críticas do colunista, deveria pessoalmente ter postulado a resposta perante a justiça eleitoral. Será que o candidato Lula se sentiu ofendido? Ou será que mais uma vez ignora os atos praticados por seus colaboradores", questionou a defesa da Folha.
Para a defesa, "são inúmeros os escândalos envolvendo os mais graduados assessores e dirigentes do partido. E mesmo assim, o presidente da República continua se colocando no papel de desinformado".

Críticas do PT
O PT alegou ter sido vítima de crimes de calúnia, difamação e injúria. "Os representantes não refutam a veracidade dos fatos trazidos pelo colunista", contestou a defesa.
O PT criticou as menções ao coordenador da campanha de Lula, Ricardo Berzoini, citado no artigo como o terceiro presidente do PT "baleado pela onda de escândalos em que se especializou o lulo-petismo". A representação afirma que as questões relacionadas aos presidentes do PT seriam "assuntos internos". "Tratam-se de assuntos de inegável interesse público", contestou a defesa.
Os advogados da Folha afirmam que "não pode ser ignorado pela imprensa o fato de o coordenador da campanha do presidente Lula ter se envolvido diretamente com a compra do dossiê contra os tucanos."
"Não podem as candidaturas demandar que a Justiça Eleitoral "proíba" determinados assuntos durante o período eleitoral, censurando os órgãos de imprensa e impedindo-os de divulgar fatos notórios da vida política nacional".


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