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ELEIÇÕES 2008
Candidato é investigado por aliciar trabalhadores escravos
O fazendeiro Luiz Bang, de Confresa, atribui a ação penal à "inveja de padres"
Ministério Público diz que Bang aliciou, em 2003, 136 trabalhadores "submetidos a condições degradantes e constantes agressões"
HUDSON CORRÊA
ENVIADO ESPECIAL A CONFRESA (MT)
Confresa (MT), cidade onde
mais foram libertadas pessoas
em condições análogas à escravidão, tem um candidato a prefeito acusado de aliciar trabalhadores para o trabalho escravo. Luiz Carlos Machado, 53, o
Luiz Bang (PRP), foi preso em
2003, responde a ação penal,
mas culpa a "inveja de padres".
Dono de um patrimônio de
R$ 11,46 milhões declarado à
Justiça Eleitoral, Luiz Bang diz
que seu apelido vem da época
em que se andava armado na
região de Confresa e, segundo
ele, usar arma era questão de
segurança. "Desde 1993 não
uso arma, acho que hoje as coisas não se resolvem mais com
armas", afirma. O seu slogan de
campanha é "Bang neles".
O Ministério Público do Trabalho diz que, em 2003, Luiz
Bang aliciou em Mato Grosso e
no Maranhão 136 trabalhadores "submetidos a condições
degradantes e constantes
agressões". Ele responde a ação
por lesões corporais junto com
Sebastião Neves de Almeida, o
Chapéu Preto, dono da fazenda
Cinco Estrelas, em Novo Mundo (MT), onde estavam os trabalhadores. Bang alega que, no
dia da operação contra o trabalho escravo na fazenda, "apenas
estava visitando o amigo".
A reportagem pergunta se a
fiscalização é tão leviana a ponto de acusar um visitante: "Às
vezes você está no lugar errado,
na hora errada, entendeu? Às
vezes você pode estar aqui na
minha casa na hora errada e no
lugar errado". E prossegue:
"Mas, quando acontece isso,
pode ter certeza que são sempre os padres, porque eles nunca gostaram de mim, não gostam de crescimento. Gostam
que o povo viva na miséria".
A presidente do Sindicato
dos Trabalhadores Rurais de
Confresa, Aparecida Barboza
da Silva, 55, afirma que sofre
ameaças de morte por acusações que faz. Aparecida lista sete fazendas onde, segundo ela,
há indícios de trabalho escravo.
Leia mais sobre a viagem
dos repórteres da Folha
http://campanhanoar.folha.blog.uol.com.br
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