São Paulo, terça-feira, 29 de setembro de 2009

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Governo troca embaixador do Brasil em Washington

Atual representante vai assumir 2º posto na hierarquia das Relações Exteriores


Mudança é motivada pela aposentadoria de Samuel Pinheiro Guimarães; Vera Machado e Mauro Vieira são cotados para a embaixada

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

O embaixador do Brasil em Washington, Antonio Patriota, volta a Brasília nas próximas semanas para assumir a secretaria-geral das Relações Exteriores do Itamaraty. Atualmente ocupado por Samuel Pinheiro Guimarães, o posto é o mais elevado da carreira diplomática e o segundo cargo na hierarquia da chancelaria brasileira.
O substituto de Patriota na capital norte-americana ainda não está definido, mas os mais cotados são Vera Machado, atual subsecretária de assuntos políticos, e Mauro Vieira, atual embaixador do Brasil em Buenos Aires. Estados Unidos e Argentina são considerados os dois postos principais da diplomacia brasileira no exterior.
Pinheiro Guimarães deixa o posto ao completar 70 anos em outubro, a idade-limite para funcionários de carreira do Itamaraty. Cogita-se que ele assuma a chefia da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, ocupada interinamente por Daniel Vargas desde a saída de Roberto Mangabeira Unger.
Nenhuma informação foi confirmada oficialmente pelo governo brasileiro. Procurado pela Folha, o embaixador Antonio Patriota não havia respondido ao telefonema até a conclusão desta edição.
Patriota, 55, foi o mais novo diplomata a assumir o posto de embaixador em Washington, em 2007. Muito ligado ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, era tido como um dos favoritos do chanceler brasileiro para a vaga de Pinheiro Guimarães.
Nos dois anos que passou em Washington, assistiu à transição do governo de George W. Bush (2001-2009) para o do democrata Barack Obama. Tem boas relações com o atual número 1 do Departamento de Estado para a América Latina, Thomas Shannon, indicado de Obama para assumir a embaixada dos EUA em Brasília.
O nome de Shannon ainda não foi confirmado no Senado por retaliação de parte da bancada republicana à condenação da Casa Branca ao golpe de Estado de Honduras.
Vera Machado, 63, que substituiu Patriota como subsecretária de assuntos políticos, foi embaixadora na Índia (1999) e no Vaticano (2004). Esteve em Washington em 1986, como ministra-conselheira. Se confirmada, será a primeira mulher a comandar a embaixada.
Mauro Vieira, embaixador na Argentina desde 2004, foi chefe de gabinete de Celso Amorim. O gatilho da nova dança das cadeiras é a aposentadoria de Pinheiro Guimarães, ligado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e considerado o mais petista do alto escalão de diplomatas.

Relação EUA e Brasil
Brasília troca de guarda em Washington num momento delicado na relação entre os dois países. Nos últimos dias, cresceu a tensão entre EUA e Brasil em relação à situação de Honduras. Na sexta, a embaixadora norte-americana junto à ONU (Organização das Nações Unidas), Susan Rice, recusou pedido de Celso Amorim de usar linguagem mais dura na condenação das ameaças do regime golpista à Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde o presidente deposto, Manuel Zelaya, se encontra.
Ontem, foi a vez de os representantes dos dois países junto à OEA (Organização dos Estados Americanos) fazerem declarações contundentes sobre a situação naquele país.
A crise se segue a outra recente, quando vazou ao público o acordo entre EUA e Colômbia de aumentar a presença militar norte-americana neste país, o que causou mal-estar entre vizinhos da América do Sul, tendo à frente o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
Além disso, até hoje o democrata não conseguiu aprovar seu indicado para ser o diplomata mais graduado da região, o acadêmico Arturo Valenzuela, que, como Shannon, está com o nome bloqueado pela oposição republicana.


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