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Governo troca embaixador do Brasil em Washington
Atual representante vai assumir 2º posto na hierarquia das Relações Exteriores
Mudança é motivada pela aposentadoria de Samuel Pinheiro Guimarães; Vera Machado e Mauro Vieira são cotados para a embaixada
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
O embaixador do Brasil em
Washington, Antonio Patriota,
volta a Brasília nas próximas
semanas para assumir a secretaria-geral das Relações Exteriores do Itamaraty. Atualmente ocupado por Samuel Pinheiro Guimarães, o posto é o mais
elevado da carreira diplomática
e o segundo cargo na hierarquia
da chancelaria brasileira.
O substituto de Patriota na
capital norte-americana ainda
não está definido, mas os mais
cotados são Vera Machado,
atual subsecretária de assuntos
políticos, e Mauro Vieira, atual
embaixador do Brasil em Buenos Aires. Estados Unidos e Argentina são considerados os
dois postos principais da diplomacia brasileira no exterior.
Pinheiro Guimarães deixa o
posto ao completar 70 anos em
outubro, a idade-limite para
funcionários de carreira do Itamaraty. Cogita-se que ele assuma a chefia da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, ocupada interinamente
por Daniel Vargas desde a saída
de Roberto Mangabeira Unger.
Nenhuma informação foi
confirmada oficialmente pelo
governo brasileiro. Procurado
pela Folha, o embaixador Antonio Patriota não havia respondido ao telefonema até a
conclusão desta edição.
Patriota, 55, foi o mais novo
diplomata a assumir o posto de
embaixador em Washington,
em 2007. Muito ligado ao ministro das Relações Exteriores,
Celso Amorim, era tido como
um dos favoritos do chanceler
brasileiro para a vaga de Pinheiro Guimarães.
Nos dois anos que passou em
Washington, assistiu à transição do governo de George W.
Bush (2001-2009) para o do
democrata Barack Obama.
Tem boas relações com o atual
número 1 do Departamento de
Estado para a América Latina,
Thomas Shannon, indicado de
Obama para assumir a embaixada dos EUA em Brasília.
O nome de Shannon ainda
não foi confirmado no Senado
por retaliação de parte da bancada republicana à condenação
da Casa Branca ao golpe de Estado de Honduras.
Vera Machado, 63, que substituiu Patriota como subsecretária de assuntos políticos, foi
embaixadora na Índia (1999) e
no Vaticano (2004). Esteve em
Washington em 1986, como
ministra-conselheira. Se confirmada, será a primeira mulher a comandar a embaixada.
Mauro Vieira, embaixador
na Argentina desde 2004, foi
chefe de gabinete de Celso
Amorim. O gatilho da nova
dança das cadeiras é a aposentadoria de Pinheiro Guimarães,
ligado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e considerado
o mais petista do alto escalão
de diplomatas.
Relação EUA e Brasil
Brasília troca de guarda em
Washington num momento
delicado na relação entre os
dois países. Nos últimos dias,
cresceu a tensão entre EUA e
Brasil em relação à situação de
Honduras. Na sexta, a embaixadora norte-americana junto à
ONU (Organização das Nações
Unidas), Susan Rice, recusou
pedido de Celso Amorim de
usar linguagem mais dura na
condenação das ameaças do regime golpista à Embaixada do
Brasil em Tegucigalpa, onde o
presidente deposto, Manuel
Zelaya, se encontra.
Ontem, foi a vez de os representantes dos dois países junto
à OEA (Organização dos Estados Americanos) fazerem declarações contundentes sobre a
situação naquele país.
A crise se segue a outra recente, quando vazou ao público
o acordo entre EUA e Colômbia
de aumentar a presença militar
norte-americana neste país, o
que causou mal-estar entre vizinhos da América do Sul, tendo à frente o brasileiro Luiz
Inácio Lula da Silva.
Além disso, até hoje o democrata não conseguiu aprovar
seu indicado para ser o diplomata mais graduado da região,
o acadêmico Arturo Valenzuela, que, como Shannon, está
com o nome bloqueado pela
oposição republicana.
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