São Paulo, terça, 29 de setembro de 1998

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TENSÃO
Pedido visa tirar ex-garimpeiros do cerco que fazem desde quinta-feira passada à agência da CEF em Marabá
Justiça pede intervenção do Exército no PA


LUÍS INDRIUNAS
da Agência Folha, em Belém

A Justiça Federal em Marabá (PA) pediu a intervenção do Exército para a retirada dos ex-garimpeiros de Serra Pelada que cercam desde a última quinta-feira a agência da CEF (Caixa Econômica Federal) na cidade.
O pedido da Justiça Federal foi encaminhado ao ministro Renan Calheiros (Justiça) na última sexta-feira, no final da tarde.
Ontem, os garimpeiros, que estão acampados na praça em frente à agência há dois meses, decidiram em assembléia liberar o funcionamento do Banco do Brasil, que também não tinha expediente desde a última quinta-feira.
"Nós não estamos querendo impedir ninguém de trabalhar, mas queremos que a Caixa diga quando vai pagar o que deve", disse um dos líderes dos garimpeiros Luiz da Mata.
O Banco do Brasil deve abrir normalmente hoje às 9h30, mas o bloqueio à CEF continuará.
Quanto a uma possível intervenção do Exército, Luiz da Mata não acredita que possa haver confronto. "A maioria aqui é de pessoas já com idade, ninguém quer brigar", disse o líder.
Segundo o tenente-coronel Marco Antonio Soares de Melo, nenhum pedido oficial foi feito ao Batalhão de Infantaria de Marabá.
A dívida
Os ex-garimpeiros reivindicam o pagamento individualizado de R$ 120 milhões, referentes ao paládio, sobra de 911 quilos de ouro extraído no início dos anos 80. Eles repudiam o pagamento direto à Coomigasp (Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada).
Os manifestantes de Marabá alegam que a Coomigasp não tem o direito de receber o dinheiro -afirmam que a decisão do repasse é ilegítima.
O grupo acabou recebendo um parecer favorável da Procuradoria Geral da República, que concorda com o pagamento para cada garimpeiro. Mesmo assim, segundo o gerente-geral da CEF, Silvani César Navarro, o repasse do dinheiro pode demorar anos.
Os ex-garimpeiros acamparam na praça em frente às agências há dois meses e só pretendem sair após receber o dinheiro. No último dia 17, os manifestantes, com apoio do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), cercaram as agências e mantiveram os funcionários da CEF reféns por mais de 36 horas.
A PM de Marabá mantém soldados vigiando o ex-garimpeiros.
Na última sexta-feira, um grupo ligado à cooperativa fechou um laboratório de pesquisa da Vale do Rio Doce, destruindo uma cerca.
Ontem, segundo a Polícia Militar, apenas uma dezena de manifestantes ainda se encontrava no local, mas não houve expediente na seção.
A diretora da Secretaria da Subseção Judiciária da Justiça Federal em Marabá, Estrela Bohadana Rodrigues, informou que já foi emitido um interdito proibitório para um possível bloqueio da estrada de ferro de Carajás, por onde escoa a produção da empresa.



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