São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 2002

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DISTRITO FEDERAL

Com 49,38% dos votos, petista não reconhece derrota; peemedebista promete um "governo de conciliação"

Magela vai ao TRE contra vitória de Roriz

SANDRO LIMA
FLÁVIA SANCHES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB), reeleito no segundo turno, disse que em seu quarto mandato vai fazer um governo de conciliação para tentar agradar a maioria, pois teve uma vitória apertada, e buscará entendimento com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Roriz foi reeleito com 50,62% dos votos válidos, o que equivale a apenas 15.778 votos a mais que Geraldo Magela (PT). O petista não reconheceu a derrota e afirmou ontem que vai pedir a impugnação da eleição.
Magela teve 49,38% dos votos válidos. Do total apurado, 0,94% foram votos em branco e 2,26%, nulos. Já a abstenção ficou em 13,68%. O Distrito Federal tem 1.518.437 eleitores.
A apuração foi novamente uma das mais atrasadas em todo o Brasil e só terminou às 3h50 de ontem. A disputa foi voto a voto, sendo que Roriz passou Magela após 90% das urnas apuradas.
O governador diz que enviou carta a Lula cumprimentando pela vitória e desejando sucesso à administração. "Meu governo vai estar à disposição para ajudá-lo a governar com tranquilidade." Roriz busca aproximação com Lula para impedir que deputados do PT tentem convencê-lo a apoiar investigações de denúncias de irregularidades em seu governo.
A principal investigação, conduzida pelo Ministério Público, é referente ao conteúdo de conversas telefônicas gravadas pela Polícia Federal com autorização judicial que envolveriam Roriz em suposto esquema de grilagem de terras públicas devido à sua proximidade com o empresário e deputado distrital eleito Pedro Passos (PSD). As fitas não podem ser divulgadas por decisão judicial.
Roriz é réu em duas ações cíveis na Justiça Federal que investigam o parcelamento ilegal de terras e é alvo de uma notícia-crime no STJ (Superior Tribunal de Justiça) sobre grilagem de terras. Há no TRE mais de 20 representações contra Roriz a respeito de uso da máquina, sendo uma delas referente à doação de lotes em troca de votos.

Denúncias
A Coligação Frente Brasília Esperança, que apoiou Magela, afirmou que irá usar a lei nš 9.840, que permite a cassação de mandatos e diplomas de candidatos se comprovada a compra de votos, para tentar cassar o mandato de Roriz. A coligação afirma que envelopes com dinheiro teriam sido distribuídos na última quinta e que no sábado camisetas do partido de Roriz teriam sido distribuídas com notas de R$ 50 em várias regiões do DF. "Procuradores eleitorais haviam alertado o TRE na semana passada sobre a compra de votos", disse Magela. Roriz nega as denúncias e diz que Magela precisa prová-las.
A coligação do PT deve entrar até amanhã com pedido de impugnação do resultado e depois com ações por abuso de poder econômico e político no Tribunal Regional Eleitoral do DF.
O PT acusa a coligação de Roriz de transporte irregular de eleitores, distribuição de vale-transporte para eleitores e uso da Polícia Civil que, segundo a coligação, agiu ao mesmo tempo como fiscal de Roriz e polícia. O PT cita o caso de um mesário que teria sido ameaçado por um policial civil na cidade-satélite de Sobradinho 2.
Caso o TRE aceite o pedido de impugnação de resultado, o processo fica anulado e é convocada nova votação no DF. O próprio PT acredita que esse é o caminho mais difícil e improvável.


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