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CEARÁ
Eleito por diferença de só 3.047 votos (50,04%), governador agradece Tasso
Tucano nega ser 'mera continuidade'
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Eleito governador do Ceará por
uma diferença de apenas 3.047
votos, Lúcio Alcântara (PSDB),
59, agradeceu ontem seu maior
apoiador, Tasso Jereissati
(PSDB), mas disse que seu governo vai ter sua marca pessoal e que
não será mera "continuidade".
Lúcio teve 50,04% dos votos no
Estado, contra 49,96% de seu
opositor, José Airton Cirilo (PT).
Com a definição dos resultados,
ele afirma que vai estudar os números para tentar evitar novos
sustos no futuro. A seguir, trechos
da entrevista concedida ontem.
Agência Folha - Qual a lição que o
sr. tira dessa eleição no Estado,
uma das mais disputadas no país?
Lúcio Alcântara - Acho que temos
de olhar os números, refletir sobre eles e organizar a nossa ação
para os próximos anos. Sem dúvida nenhuma há uma manifestação que nós não podemos fazer
ouvidos surdos para ela.
Vamos exigir de nós uma reflexão e uma revisão do modelo. Por
outro lado, é bom que se diga que
esse projeto do Ceará é o único no
Brasil contemporâneo que tem 16
anos de continuidade e que é passado a um aliado. Isso significa
também que houve, pela maioria
do povo do Ceará, um processo
de aceitação e de identificação
com muita coisa positiva que foi
feita ao longo desses anos.
Agência Folha - Como o sr. pensa
que vai ser a relação dos governadores de oposição, como é o seu caso, com Lula?
Lúcio - Pela força que o fenômeno
Lula demonstrava ter, a impressão que dava era de que o PT iria
conseguir fazer muito mais governadores e ter até uma certa hegemonia, mas isso não aconteceu.
Essa heterogeneidade verificada
nas urnas leva a um processo de
negociação muito maior, mais
amplo, que vai exigir muito diálogo, até para que o Lula realize o
projeto de governo dele.
Agência Folha - O acirramento da
eleição não pode complicar sua relação com a oposição?
Lúcio - Esse acirramento termina com a campanha. Vamos andar para a frente. Não tenho dúvida de que virão dias difíceis. Estou
muito confiante que o Lula vai
nos receber muito bem, temos
três senadores aliados, uma bancada de oito deputados federais.
Agência Folha - Mas o sr. pode
chamar alguém da oposição para
integrar seu governo?
Lúcio - Meu critério será o da
competência. Se a pergunta é se
eu vou chamar para o governo
um militante em um partido da
oposição, minha resposta é não.
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