|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Secretário estadual organiza boca-de-urna
DO ENVIADO ESPECIAL A CAMPOS
Homem de confiança do casal
Garotinho, o secretário estadual
de Integração Governamental,
Luiz Rogério Magalhães, comandou, em um salão de festas no
bairro Guarus, um encontro para
organizar a boca-de-urna em
Campos no domingo.
Estiveram no encontro, anteontem à noite, cerca de 300 militantes, quase todos vestidos com camisas do candidato Geraldo Pudim (PMDB), apoiado pelo ex-governador e presidente estadual
do partido, Anthony Garotinho, e
por sua mulher, a governadora
Rosinha Matheus.
A boca-de-urna é proibida pela
lei federal 9.504/97, que estipula
as normas eleitorais. Quem realizá-la pode pegar de seis meses a
um ano de detenção.
Questionada pela Folha sobre a
punição ao idealizador de um
evento para organizar a boca-de-urna, a juíza eleitoral Maria Tereza Andrade disse: "Boca-de-urna
é crime. Em qualquer local".
Segundo ela, a pessoa flagrada
organizando a boca-de-urna pode ser processada por apologia ao
crime. Ela não foi informada de
que Magalhães era o organizador
do encontro.
A presença dos militantes no salão Rose Nolasco Festas lotou, a
partir das 19h de anteontem, a rua
Adivaldo Maciel. A Folha circulou por dez minutos entre os militantes, sem se identificar.
O secretário de Integração Governamental estava no salão principal. Dava ordens, orientava as lideranças da campanha e promovia a distribuição de fichas para os
militantes que participarão da boca-de-urna.
Pouco depois das 21h, teve início o rumor de que havia jornalistas no local. O local se esvaziou.
Na rua, militantes corriam para
todos os lados. "Sujou, sujou",
gritou uma mulher que se identificou como Maria do Carmo e que
vestia a camisa de Pudim.
Magalhães é um antigo auxiliar
dos Garotinho. Anteontem,
quando o senador Renan Calheiros (PMDB) e o presidente nacional do partido, Michel Temer, estiveram em Campos, o secretário
sentou ao lado deles e de Garotinho na mesa de autoridades.
A Folha tentou ouvi-lo sobre a
organização da boca-de-urna. Foram deixados recados nos três celulares de Magalhães. Até a conclusão desta edição, ele não havia
respondido.
A repressão à boca-de-urna é a
prioridade do Exército em Campos no domingo. Serão 500 militares -350 deles do Rio. No primeiro turno, foram presos na cidade cerca de cem pessoas fazendo boca-de-urna. O comandante
do batalhão do Exército em Campos, tenente-coronel Nilton Rodrigues, disse que "a tropa será de
paz" e "vai garantir a ordem no
município".
A presença do Exército foi pedida pela juíza Maria Tereza Andrade e atendida pelo TSE (Tribunal
Superior Eleitoral). "A gente anda
nas ruas e nota que as pessoas estão com medo de votar", disse ela,
justificando a razão de ter pedido
o apoio militar.
(SERGIO TORRES)
Texto Anterior: Governo faz campanha até com cardápio Próximo Texto: Candidato em Duque de Caxias acusa PM Índice
|