São Paulo, segunda-feira, 29 de outubro de 2007

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Denúncias são escassas, diz coordenadora

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BREU BRANCO

Coordenadora de um dos grupos móveis há cinco anos, Virna Soraya Damasceno, 49, diz que já viu até "gata" -mulher responsável por arregimentar mão-de-obra escrava- em suas incursões.
"Era lá no Maranhão. A mulher mandava em tudo. Ficava só lá no barraco dando ordem, mandando buscar o trabalhador tal e todo mundo obedecia. Tinha uma outra que gritava, ameaçava, obrigava a lavar a roupa dela, cuspia na comida dos funcionários e fazia eles comerem."
Em dez anos visitando fazendas para averiguar denúncias de trabalho escravo pelo país, Damasceno diz que nunca teve medo "devido ao aparato policial" que a acompanha e que em todo esse tempo jamais recebeu ameaça "nem verbal nem velada".
Reclama, no entanto, que o processo de combate ao trabalho escravo ainda é lento. "O trabalhador não denuncia porque tem medo. Ainda são poucas as denúncias e elas não chegam ao grupo móvel. Outro problema é a localidade da fazenda. Quando não há informante, é difícil. No Pará, em Mato Grosso, é uma dimensão enorme."
Em relação à polêmica em torno da Pagrisa no Senado, Damasceno diz que as acusações de que há excessos nas blitze são "absurdas", "uma forma de denegrir a atuação do fiscal". "A auditoria vê se o trabalhador está em condição degradante, constata se há provas", diz. "O grupo vai onde o Estado não funciona, onde há ausência do poder público."


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