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Denúncias são escassas, diz coordenadora
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BREU BRANCO
Coordenadora de um
dos grupos móveis há cinco anos, Virna Soraya Damasceno, 49, diz que já viu
até "gata" -mulher responsável por arregimentar mão-de-obra escrava-
em suas incursões.
"Era lá no Maranhão. A
mulher mandava em tudo.
Ficava só lá no barraco
dando ordem, mandando
buscar o trabalhador tal e
todo mundo obedecia. Tinha uma outra que gritava,
ameaçava, obrigava a lavar
a roupa dela, cuspia na comida dos funcionários e
fazia eles comerem."
Em dez anos visitando
fazendas para averiguar
denúncias de trabalho escravo pelo país, Damasceno diz que nunca teve medo "devido ao aparato policial" que a acompanha e
que em todo esse tempo
jamais recebeu ameaça
"nem verbal nem velada".
Reclama, no entanto,
que o processo de combate
ao trabalho escravo ainda
é lento. "O trabalhador
não denuncia porque tem
medo. Ainda são poucas as
denúncias e elas não chegam ao grupo móvel. Outro problema é a localidade da fazenda. Quando não
há informante, é difícil. No
Pará, em Mato Grosso, é
uma dimensão enorme."
Em relação à polêmica
em torno da Pagrisa no Senado, Damasceno diz que
as acusações de que há excessos nas blitze são "absurdas", "uma forma de
denegrir a atuação do fiscal". "A auditoria vê se o
trabalhador está em condição degradante, constata se há provas", diz. "O
grupo vai onde o Estado
não funciona, onde há ausência do poder público."
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