São Paulo, quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Serra rejeita ultimato e diz ter "nervos de aço"

"Por que essa ansiedade?", afirma governador paulista, que argumenta que Dilma e Ciro ainda não definiram se vão concorrer

Tucano acusou o governo federal de antecipar debate acerca da distribuição dos royalties do pré-sal para fazer exploração política


Joel Silva/Folha Imagem
O governador paulista José Serra durante cerimônia no Hospital do Servidor Público em S. Paulo

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Dizendo-se dono de "nervos de aço na política", o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), recorreu ao exemplo da ministra-chefe da Casa Civil e sua potencial adversária, Dilma Rousseff (PT), para justificar a intenção de só se manifestar sobre a sucessão presidencial no ano que vem.
Ao responder sobre a pressão do governador de Minas, Aécio Neves, para que o PSDB decida até janeiro sobre o seu candidato, reagiu: "Você sabe se o Ciro Gomes (PSB) vai ser candidato? A Dilma já se declarou candidata? Se declarou? Então, por que essa ansiedade?".
Serra defendeu o anúncio de candidatura apenas no ano que vem com o argumento de que "será assim para todo mundo": "Não há nada definido no Brasil nessa matéria e não há necessidade, porque está muito cedo".
Assumidamente impaciente, Serra afirmou que ansiedade não se aplica à sua carreira política: "Minha impaciência é com fila de elevador, banheiro de avião, coisas desse tipo. Tenho nervos de aço na política".
Após lançar carteirinhas para o plano de saúde dos servidores de SP e assinar empréstimo para proteção de mananciais, o governador voltou a defender a capitalização política de ações administrativas: "O grave é mostrar o que não fez ou usar uma coisa para fazer campanha, o que não é o caso".

Críticas
Serra acusou o governo federal de exploração política por antecipar o debate sobre a distribuição dos royalties do pré-sal: "Foi trazido a valor presente por motivos políticos: são questões de longuíssimo prazo". E, ao exaltar a capacidade do governo estadual de obter financiamentos, adotou sua versão para o "nunca antes na história", do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "Pegamos mais empréstimos do que foi feito desde o descobrimento".
Mesmo tentando demonstrar bom humor, Serra queixou-se da falta de colaboração dos aliados: "Não tinha nenhum de nós", disse ao deputado Milton Flávio (PSDB), sobre uma sessão exibida na TV da Assembleia Legislativa.
Ontem, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), se reuniu com o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), que fez declarações simpáticas a Aécio, para debelar a crise com os aliados. Também procurado pelo prefeito Gilberto Kassab, Maia deixou o encontro reafirmando a aliança com o PSDB, qualquer que seja o candidato.
Com a candidatura ao governo estadual vinculada à decisão de Serra, o secretário Geraldo Alckmin (Desenvolvimento) vê em janeiro uma "boa data" para a definição. Antecipar "é fazer o jogo do PT", disse o serrista Luiz Paulo Vellozo Lucas.


Texto Anterior: Toda Mídia - Nelson de Sá: Despenca, desaba
Próximo Texto: Para Lula, Dilma definirá nova fase do PAC pós-2010
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.