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Brasil pode adotar redução de danos
DA REPORTAGEM LOCAL
Há pouco mais de duas semanas, o Ministério da Saúde divulgou o conteúdo de um decreto
que o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva deve assinar até o final do
ano e que regulamenta as medidas de redução de danos no país
-reconhecidas já no texto Política Nacional Anti-Drogas.
O decreto foi elaborado após
discussões que envolveram a Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) e os ministérios da Justiça, da Saúde e da Educação e contempla a distribuição de seringas,
preservativos e outros insumos de
administração de consumo que
possam reduzir os males causados pelas drogas. Prevê também a
criação de salas de uso seguro (ou
narcosalas) em universidades
-onde usuários poderão ter informações e assistência médica e
social e consumir drogas sob supervisão- e terapias de substituição, para quem não consegue
largar a droga de uma vez e a
substitui por outras mais leves.
Na Europa, onde o maior problema é a heroína, alguns países
utilizam esse tipo de tratamento.
No Brasil, o Proad (Programa de
Orientação e Atendimento a Dependentes) fez uma pesquisa que
aponta a possível eficácia da estratégia no combate ao uso de crack
substituindo-o por maconha.
Com isso, o governo pretende
aliviar o trabalho dos chamados
redutores de danos, que orientam
e distribuem material diretamente para os usuários, apresentando
a redução de danos como alternativa para aqueles que jamais imaginaram encarar a abstinência ou
que falharam ao buscá-la.
O decreto -e, em especial, as
propostas de narcosalas e terapia
de substituição- criou polêmica
entre especialistas. "O que sabemos que funciona, não está sendo
feito. E agora sugerem algo que
não se sabe comprovadamente se
funciona. É uma aventura social",
critica Ronaldo Laranjeita, diretor
da Uniad (Unidade de Pesquisas
em Álcool e Drogas), da Unifesp.
Na semana passada, no entanto,
o Fórum Nacional sobre Drogas,
em Brasília, aprovou como deliberação que se apresse a regulamentação da atividade dos redutores de danos no país, que muitas vezes sofrem com a repressão
policial ou são acusados por promotores e juízes de corroborarem
com o uso de drogas ilícitas.
(FM)
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