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Setor bancário deu maior doação à campanha de Lula
Após lucro recorde, bancos doam R$ 10,5 mi a petista, mesmo valor que para Alckmin
Empreiteiras, com R$ 10 mi, ficam em 2º no ranking dos
financiadores da campanha do PT; mineradoras e siderúrgicas têm destaque
SILVIO NAVARRO
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os bancos foram os principais financiadores da campanha de reeleição do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
com doações que somam R$
10,5 milhões, segundo a prestação de contas dos candidatos
que disputaram o segundo turno da eleição presidencial, enviada à Justiça Eleitoral ontem,
último dia do prazo legal.
Geraldo Alckmin (PSDB) recebeu montante idêntico, de
R$ 10,5 milhões. Nos dois casos, o principal doador do ramo
foi o Itaú, com R$ 3,5 milhões.
Os bancos, como o próprio
Lula disse em discurso recente
no qual citava os juros altos,
nunca ganharam tanto. No ano
passado, lucraram R$ 28,3 bilhões, recorde histórico -e só
no primeiro semestre deste
ano, R$ 22,2 bilhões (43% a
mais do que em 2005).
Todo o montante repassado
pelos bancos para o comitê de
Lula foi transferido entre setembro e outubro -antes do
primeiro turno. No caso de
Alckmin, consta apenas um repasse feito no segundo turno,
de R$ 200 mil, do Banco Alvorada, controlado pelo Bradesco.
Montante ainda maior que o
dos bancos foi repassado "internamente" para a campanha
de Lula. Segundo o tesoureiro
da candidatura, José de Filippi
Jr., cerca de R$ 15 milhões foram transferidos à campanha
pelos comitês estaduais e distrital por conta do compartilhamento de material gráfico.
Alckmin também recebeu
boa parte dos recursos dos comitês espalhados pelo país. No
total, foram R$ 8,2 milhões
oriundos de diretórios e comitês do PSDB e do PFL. Desse
montante, R$ 4,2 milhões saíram dos cofres do Diretório Nacional do partido, e R$ 2,8 milhões do diretório paulista.
O segundo maior ramo de
atividade que figura na contabilidade é outro com diversos interesses na relação com o governo, o das empreiteiras, com
um montante de R$ 10 milhões
repassados ao comitê petista, e
R$ 4,8 milhões ao tucano.
A lista de doadores petistas é
encabeçada pelo grupo Camargo Corrêa, com R$ 3,5 milhões,
e pela Construtora OAS, com
R$ 1,6 milhão. A OAS também
foi uma das maiores financiadoras dos candidatos do PT à
Câmara. Em um único caso,
consta transferência de R$ 1
milhão da Carioca Christiani
Nielsen Engenharia diretamente para o candidato, ou seja, sem passar pelo comitê. Para
Alckmin, a Andrade Gutierrez
disponibilizou R$ 1,5 milhão.
O presidente Lula também
recolheu R$ 4,5 milhões de mineradoras -R$ 4 milhões de
subsidiárias do Grupo Vale do
Rio Doce. Alckmin recebeu um
pouco menos: R$ 3,7 milhões.
Outros R$ 6,2 milhões declarados por Lula vieram de siderúrgicas, sendo R$ 3,1 milhões
do grupo Gerdau, cujo empresário Jorge Gerdau Johanpetter é cotado para virar ministro
de Lula. Gerdau também doou
R$ 3 milhões para Alckmin.
A análise das empresas que
abasteceram a campanha petista inclui um total de R$ 3,6 milhões repassados pelo ramo de
bebidas, com destaque para a
AmBev: R$ 1,5 milhão. Integram a lista as cervejarias Petropolis, com R$ 750 mil, e a
Schincariol, R$ 500 mil. A Recofarma, do sistema Coca-Cola,
forneceu R$ 880 mil.
A maior doação feita por uma
só empresa a Lula foi da processadora de suco de laranja Cutrale, com dois repasses que somam R$ 4 milhões. A empresa
trava disputa jurídica para evitar investigação por cartel -o
Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) recusou proposta de pagamento de
multa de R$ 100 milhões para
evitar a apuração. Para Alckmin, destaca-se o repasse de R$
2,6 milhões da Ibar Administrações, do Grupo Votorantim.
A campanha de Lula recebeu
pelo menos três repasses milionários de pessoas físicas. Os
empresários Pedro e Alexandre
Grendene (do ramo calçadista)
doaram R$ 2 milhões (R$ 1 milhão cada um); Eike Batista,
que atua na área de energia,
transferiu R$ 1 milhão.
Alckmin recebeu doação de
R$ 1 milhão de Antonio José de
Almeida Carneiro, dono de
uma corretora financeira.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, doou R$ 2.000,
dez vezes o valor dado pela senadora Ideli Salvatti (PT-SC).
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, doou R$ 20
mil. Ricardo Berzoini, ex-chefe
da campanha lulista, deu R$
800. O presidente do Sebrae,
Paulo Okamotto, que disse ter
pago uma dívida de R$ 29 mil
de Lula, doou R$ 400.
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