São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 2006

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Brasil necessita de "mágicos" para voltar a crescer, diz Lula

Presidente inclui a Lei de Responsabilidade Fiscal e a meta de superávit entre os entraves que inibem o crescimento

Petista afirma porém fará o país voltar a crescer "sem mágica" e critica políticos que votaram a criação de um 13º para o Bolsa Família


EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em discurso ontem à noite no qual atacou as "desgraceiras" divulgadas na imprensa e as "irresponsabilidades" de seus adversários, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que só um "bando de mágicos" seria capaz de encontrar mecanismos para fazer a economia do país voltar a crescer.
"Um país que não tem cidades com disposição de investir, Estados com disposição de investir, a União não pode investir. Um país que tem de cumprir um superávit que nós temos que cumprir, ainda tem a Lei de Responsabilidade Fiscal que nós temos que cumprir. Vocês percebem que precisa mais do que um economista, precisa de um bando de mágicos para que a gente tente encontrar uma saída para fazer esse país voltar a crescer." No entanto, Lula finalizou dizendo: "E sem mágica nós vamos fazê-lo voltar a crescer."
A fala do petista ocorreu na CNI (Confederação Nacional da Indústria). Nela, diante de diferentes representantes do PIB nacional, Lula incluiu o ritmo da economia de seu primeiro mandato no rol de "crescimentos medíocres" dos últimos 25 anos e afirmou que não haverá "vacilação" e "leviandade" ao buscar medidas para destravar e alavancar o PIB nacional. Segundo ele, é possível crescer "sem permitir que o vandalismo econômico volte a tomar conta do nosso país".
As declarações de Lula foram, em especial, uma resposta ao discurso que o antecedeu, do presidente da CNI, deputado federal Armando Monteiro Neto (PTB-PE), que pediu maior crescimento do PIB. Monteiro disse que a aceleração do crescimento econômico depende do controle de gastos públicos e das "reformas necessárias": trabalhista, previdenciária, tributária e política. "O não-enfrentamento das reformas institucionais limita a nossa capacidade de romper a equação da economia de baixo crescimento". Segundo ele, Lula, no seu primeiro mandato, se manteve na "agenda do bom senso".
Lula mostrou-se irritado. Por algumas vezes, socou o púlpito à sua frente e, ao iniciar o trecho de improviso, pediu licença aos presentes, cerca de 300 pessoas, para fazer uma "confissão". No caso, ataques à imprensa e à oposição. "Eu posso fazer uma confissão aqui na frente de tantos governadores, de tantos empresários e de tantos ministros. Eu, se fosse levar em conta todas as desgraceiras vendidas no Brasil o dia inteiro na imprensa, eu não sairia de casa de manhã. Porque a impressão que eu tenho é que o Brasil tem dia que vai acabar e tem dia que não vai acabar".
"Eu estou dizendo isso porque nós acabamos de sair de um episódio em que uma parte dos políticos brasileiros aprovaram 13º salário para o Bolsa Família. Estou falando de pessoas que fazem discursos dizendo que querem ser sérios e aprovaram 17% de aumento para os trabalhadores aposentados (...) como se aquilo fosse apenas uma peça de campanha, sem a conseqüência do dia seguinte da irresponsabilidade."
Lula completou: "Não é possível esse país dar certo, se os políticos forem volúveis. Não é possível esse país dar certo se todos nós não assumirmos a responsabilidade". Ele voltou à economia: "Presta atenção numa coisa: faz 20 dias que eu não faço outra coisa a não ser discutir como destravar esse país".


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