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Brasil necessita de "mágicos" para voltar a crescer, diz Lula
Presidente inclui a Lei de Responsabilidade Fiscal e a meta de superávit entre os entraves que inibem o crescimento
Petista afirma porém fará o país voltar a crescer "sem mágica" e critica políticos que votaram a criação de um 13º para o Bolsa Família
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em discurso ontem à noite
no qual atacou as "desgraceiras" divulgadas na imprensa e
as "irresponsabilidades" de
seus adversários, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva disse
que só um "bando de mágicos"
seria capaz de encontrar mecanismos para fazer a economia
do país voltar a crescer.
"Um país que não tem cidades com disposição de investir,
Estados com disposição de investir, a União não pode investir. Um país que tem de cumprir um superávit que nós temos que cumprir, ainda tem a
Lei de Responsabilidade Fiscal
que nós temos que cumprir.
Vocês percebem que precisa
mais do que um economista,
precisa de um bando de mágicos para que a gente tente encontrar uma saída para fazer
esse país voltar a crescer." No
entanto, Lula finalizou dizendo: "E sem mágica nós vamos
fazê-lo voltar a crescer."
A fala do petista ocorreu na
CNI (Confederação Nacional
da Indústria). Nela, diante de
diferentes representantes do
PIB nacional, Lula incluiu o ritmo da economia de seu primeiro mandato no rol de "crescimentos medíocres" dos últimos 25 anos e afirmou que não
haverá "vacilação" e "leviandade" ao buscar medidas para
destravar e alavancar o PIB nacional. Segundo ele, é possível
crescer "sem permitir que o
vandalismo econômico volte a
tomar conta do nosso país".
As declarações de Lula foram, em especial, uma resposta
ao discurso que o antecedeu, do
presidente da CNI, deputado
federal Armando Monteiro Neto (PTB-PE), que pediu maior
crescimento do PIB. Monteiro
disse que a aceleração do crescimento econômico depende
do controle de gastos públicos e
das "reformas necessárias":
trabalhista, previdenciária, tributária e política. "O não-enfrentamento das reformas institucionais limita a nossa capacidade de romper a equação da
economia de baixo crescimento". Segundo ele, Lula, no seu
primeiro mandato, se manteve
na "agenda do bom senso".
Lula mostrou-se irritado. Por
algumas vezes, socou o púlpito
à sua frente e, ao iniciar o trecho de improviso, pediu licença
aos presentes, cerca de 300
pessoas, para fazer uma "confissão". No caso, ataques à imprensa e à oposição. "Eu posso
fazer uma confissão aqui na
frente de tantos governadores,
de tantos empresários e de tantos ministros. Eu, se fosse levar
em conta todas as desgraceiras
vendidas no Brasil o dia inteiro
na imprensa, eu não sairia de
casa de manhã. Porque a impressão que eu tenho é que o
Brasil tem dia que vai acabar e
tem dia que não vai acabar".
"Eu estou dizendo isso porque nós acabamos de sair de
um episódio em que uma parte
dos políticos brasileiros aprovaram 13º salário para o Bolsa
Família. Estou falando de pessoas que fazem discursos dizendo que querem ser sérios e
aprovaram 17% de aumento para os trabalhadores aposentados (...) como se aquilo fosse
apenas uma peça de campanha,
sem a conseqüência do dia seguinte da irresponsabilidade."
Lula completou: "Não é possível esse país dar certo, se os
políticos forem volúveis. Não é
possível esse país dar certo se
todos nós não assumirmos a
responsabilidade". Ele voltou à
economia: "Presta atenção numa coisa: faz 20 dias que eu não
faço outra coisa a não ser discutir como destravar esse país".
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