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Apesar dos ataques, Lula e Fernando Henrique vão jantar juntos hoje
Dirceu diz que FHC precisa aprender a receber críticas
RICARDO WESTIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de o presidente Fernando Henrique Cardoso ter respondido aos ataques feitos a seu governo pelo futuro ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, ontem foi a vez do petista José Dirceu rebater os comentários de
FHC. O futuro chefe da Casa Civil
afirmou que FHC precisa aprender a receber críticas e acusou o
atual governo de planejar programas sociais com fins eleitoreiros.
"Estou com espírito de Ano Novo, mas vou responder ao presidente Fernando Henrique. Nós
não só não estamos mais no palanque, como desde junho temos
ajudado a resolver os problemas
do Brasil. É só lembrar o acordo
com o FMI [Fundo Monetário Internacional"", disse Dirceu.
Na sexta-feira, o atual presidente classificou de "retórica de palanque" a crítica de Palocci na primeira reunião ministerial de Luiz
Inácio Lula da Silva, realizada no
mesmo dia. O futuro ministro da
Fazenda sustentou em seu discurso que o país "vive um prolongado apagão" no que se refere ao
planejamento estratégico.
"Palocci disse em nosso nome o
que o país já havia dito nas urnas.
A situação em que estamos recebendo o país é realmente aquela
descrita", afirmou Dirceu.
Apesar da troca de farpas em
público, o relacionamento entre
petistas e o atual governo continua a ser cordial entre quatro paredes. Na noite de sexta, menos de
cinco horas depois de ter atacado
o governo FHC durante a reunião
ministerial, Lula se encontrou
com o presidente no Palácio da
Alvorada. Acompanhados de
suas mulheres, Ruth e Marisa, os
dois tomaram vinho e conversaram, segundo a assessoria de Lula.
Hoje, o primeiro-casal retribuirá a visita e jantará na Granja do
Torto, a convite de Lula e Marisa.
No fim da tarde de ontem, Palocci, Dirceu e o futuro secretário
de Comunicação, Luiz Gushiken,
se reuniram para elaborar um documento que Lula discutirá com
FHC hoje à noite.
Dirceu é um dos petistas que
têm intermediado as conversas
com o atual governo. Anteontem,
ele ligou para FHC e para o atual
ministro da Casa Civil, Pedro Parente, com quem tinha tomado
chope e ouvido chorinho na quinta-feira à noite. Essa troca de críticas, acredita José Dirceu, não deverá atrapalhar os trabalhos do
governo liderado pelo PT.
Referindo-se ao fato de que o
PSDB, partido de FHC, será oposição, ele disse que a questão no
Congresso é de propostas políticas, não de "ti-ti-ti ou nhém-nhém-nhém, como dizia o presidente [FHC"".
Dirceu sugeriu que o presidente
não adotou uma atitude de "democrata" ao rebater as críticas feitas ao atual governo por Palocci:
"Nós [PT" estamos aprendendo a
ser governo e a receber críticas.
Para o bem do país, é bom que o
presidente que está saindo também saiba receber críticas, não só
elogios, porque ele tem sido muito elogiado no último mês. Ele
não tem do que reclamar".
O futuro chefe da Casa Civil
também citou o social, área pela
qual FHC foi recentemente homenageado na ONU. "Se fizermos um balanço desses programas sociais, vamos ver que muitos surgiram para impulsionar
candidaturas no período eleitoral." Dirceu terminou as críticas
com provocação: "Para não dizer
depois que ainda estamos no palanque, vou parar por aqui. Poderia falar mais uns dez minutos".
Dirceu disse que todos os convites que fez para a Casa Civil foram
aceitos e anunciou os nomes de
seus principais assessores: Swedenberger Barbosa (secretaria-executiva), Marcelo Sereno (chefia de gabinete), Vicente Trevas
(subchefia para assuntos federativos), Luiz Alberto dos Santos
(subchefia de ação governamental), Waldomiro Diniz (subchefia
para assuntos parlamentares) e
José Antônio Dias Toffoli (subchefia de de assuntos jurídicos).
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