São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 2002

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Apesar dos ataques, Lula e Fernando Henrique vão jantar juntos hoje

Dirceu diz que FHC precisa aprender a receber críticas

RICARDO WESTIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de o presidente Fernando Henrique Cardoso ter respondido aos ataques feitos a seu governo pelo futuro ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, ontem foi a vez do petista José Dirceu rebater os comentários de FHC. O futuro chefe da Casa Civil afirmou que FHC precisa aprender a receber críticas e acusou o atual governo de planejar programas sociais com fins eleitoreiros.
"Estou com espírito de Ano Novo, mas vou responder ao presidente Fernando Henrique. Nós não só não estamos mais no palanque, como desde junho temos ajudado a resolver os problemas do Brasil. É só lembrar o acordo com o FMI [Fundo Monetário Internacional"", disse Dirceu.
Na sexta-feira, o atual presidente classificou de "retórica de palanque" a crítica de Palocci na primeira reunião ministerial de Luiz Inácio Lula da Silva, realizada no mesmo dia. O futuro ministro da Fazenda sustentou em seu discurso que o país "vive um prolongado apagão" no que se refere ao planejamento estratégico.
"Palocci disse em nosso nome o que o país já havia dito nas urnas. A situação em que estamos recebendo o país é realmente aquela descrita", afirmou Dirceu.
Apesar da troca de farpas em público, o relacionamento entre petistas e o atual governo continua a ser cordial entre quatro paredes. Na noite de sexta, menos de cinco horas depois de ter atacado o governo FHC durante a reunião ministerial, Lula se encontrou com o presidente no Palácio da Alvorada. Acompanhados de suas mulheres, Ruth e Marisa, os dois tomaram vinho e conversaram, segundo a assessoria de Lula.
Hoje, o primeiro-casal retribuirá a visita e jantará na Granja do Torto, a convite de Lula e Marisa.
No fim da tarde de ontem, Palocci, Dirceu e o futuro secretário de Comunicação, Luiz Gushiken, se reuniram para elaborar um documento que Lula discutirá com FHC hoje à noite.
Dirceu é um dos petistas que têm intermediado as conversas com o atual governo. Anteontem, ele ligou para FHC e para o atual ministro da Casa Civil, Pedro Parente, com quem tinha tomado chope e ouvido chorinho na quinta-feira à noite. Essa troca de críticas, acredita José Dirceu, não deverá atrapalhar os trabalhos do governo liderado pelo PT.
Referindo-se ao fato de que o PSDB, partido de FHC, será oposição, ele disse que a questão no Congresso é de propostas políticas, não de "ti-ti-ti ou nhém-nhém-nhém, como dizia o presidente [FHC"".
Dirceu sugeriu que o presidente não adotou uma atitude de "democrata" ao rebater as críticas feitas ao atual governo por Palocci: "Nós [PT" estamos aprendendo a ser governo e a receber críticas. Para o bem do país, é bom que o presidente que está saindo também saiba receber críticas, não só elogios, porque ele tem sido muito elogiado no último mês. Ele não tem do que reclamar".
O futuro chefe da Casa Civil também citou o social, área pela qual FHC foi recentemente homenageado na ONU. "Se fizermos um balanço desses programas sociais, vamos ver que muitos surgiram para impulsionar candidaturas no período eleitoral." Dirceu terminou as críticas com provocação: "Para não dizer depois que ainda estamos no palanque, vou parar por aqui. Poderia falar mais uns dez minutos".
Dirceu disse que todos os convites que fez para a Casa Civil foram aceitos e anunciou os nomes de seus principais assessores: Swedenberger Barbosa (secretaria-executiva), Marcelo Sereno (chefia de gabinete), Vicente Trevas (subchefia para assuntos federativos), Luiz Alberto dos Santos (subchefia de ação governamental), Waldomiro Diniz (subchefia para assuntos parlamentares) e José Antônio Dias Toffoli (subchefia de de assuntos jurídicos).



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