São Paulo, domingo, 29 de dezembro de 2002

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Partido monta "festa popular"

JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

A dispensa do black-tie, o desfile em carro aberto após o recebimento da faixa presidencial e o discurso no parlatório são algumas das novidades que o PT trará na posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
Em relação à posse de outros presidentes, esta pode ser marcada pela presença de uma multidão -prevista em 150 mil pessoas- e pela montagem de uma "festa popular" amparada por uma megaestrutura organizada e bancada pelo partido.
A produtora do publicitário Duda Mendonça montou um núcleo especial para preparar a festa na Esplanada dos Ministérios. Mais de mil pessoas estão envolvidas apenas na organização do evento popular, incluindo artistas, produtores e seguranças.
Em 1999, por exemplo, quando Fernando Henrique Cardoso tomou posse como presidente reeleito, pouco mais de 1.500 pessoas acompanharam as solenidades. No Congresso, sobraram lugares.
Em 1995, a passagem de faixa de Itamar Franco para FHC, em seu primeiro mandato, atraiu mais gente: foi assistida por cerca de 10 mil pessoas, apesar de terem sido esperadas 50 mil. A posse de Fernando Collor de Mello teve cerca de 20 mil espectadores, apoiada no fato de ser um presidente eleito democraticamente após o regime militar (1964-85).
Os quatro palcos montados para shows, a contratação de grupos folclóricos e populares, a instalação de sete telões por meio dos quais poderão ser acompanhadas as cerimônias de posse são algumas das novidades do evento.
A "popularização" da festa será o ponto mais marcante. Lula receberá a faixa presidencial no parlatório, de onde poderá ser visto por aqueles que estiverem em frente ao Palácio do Planalto. Apesar de parte do PT vender como novidade, Fernando Henrique fez o mesmo em 1995. A diferença é que o presidente eleito pretende fazer um discurso no parlatório para os que estiverem na praça dos Três Poderes.
O petista não fará uma recepção de gala no Itamaraty. No lugar, Lula deverá receber as delegações estrangeiras em uma cerimônia simples no Alvorada. O black-tie será substituído pelo traje passeio completo (terno e gravata para homens e saias para mulheres).
Na primeira posse de FHC, em 1995, o atual presidente do PT, José Genoino, não foi à festa de recepção do presidente, criticando a necessidade de uso de smoking. Ao explicar que não tinha a roupa exigida, Genoino disse: "Alugar roupa é cafona".
O decreto nº 70.274 de 1973, que trata da posse, não estabelece um traje a ser seguido. Diz apenas que "o traje das cerimônias de posse será estabelecido pelo chefe do cerimonial, após consulta ao presidente". Lula não quis que fossem usadas roupas muito formais.
Outra mudança na tradição acontecerá se Lula dispensar o tradicional Rolls-Royce usado pelo presidente eleito. Caso chova, o publicitário Duda Mendonça disse que será usado o "papamóvel" (carro fechado que transportou o papa João Paulo 2º quando esteve no Brasil), batizado agora de "lulamóvel".
Lula pretende dar mais uma volta em carro aberto logo que empossado. Ao deixar o Planalto, deve desfilar novamente pela Esplanada dos Ministérios.



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