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Partido monta "festa popular"
JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
A dispensa do black-tie, o desfile em carro aberto após o recebimento da faixa presidencial e o
discurso no parlatório são algumas das novidades que o PT trará
na posse do presidente eleito, Luiz
Inácio Lula da Silva.
Em relação à posse de outros
presidentes, esta pode ser marcada pela presença de uma multidão
-prevista em 150 mil pessoas-
e pela montagem de uma "festa
popular" amparada por uma megaestrutura organizada e bancada
pelo partido.
A produtora do publicitário
Duda Mendonça montou um núcleo especial para preparar a festa
na Esplanada dos Ministérios.
Mais de mil pessoas estão envolvidas apenas na organização do
evento popular, incluindo artistas, produtores e seguranças.
Em 1999, por exemplo, quando
Fernando Henrique Cardoso tomou posse como presidente reeleito, pouco mais de 1.500 pessoas
acompanharam as solenidades.
No Congresso, sobraram lugares.
Em 1995, a passagem de faixa de
Itamar Franco para FHC, em seu
primeiro mandato, atraiu mais
gente: foi assistida por cerca de 10
mil pessoas, apesar de terem sido
esperadas 50 mil. A posse de Fernando Collor de Mello teve cerca
de 20 mil espectadores, apoiada
no fato de ser um presidente eleito
democraticamente após o regime
militar (1964-85).
Os quatro palcos montados para shows, a contratação de grupos
folclóricos e populares, a instalação de sete telões por meio dos
quais poderão ser acompanhadas
as cerimônias de posse são algumas das novidades do evento.
A "popularização" da festa será
o ponto mais marcante. Lula receberá a faixa presidencial no parlatório, de onde poderá ser visto
por aqueles que estiverem em
frente ao Palácio do Planalto.
Apesar de parte do PT vender como novidade, Fernando Henrique fez o mesmo em 1995. A diferença é que o presidente eleito
pretende fazer um discurso no
parlatório para os que estiverem
na praça dos Três Poderes.
O petista não fará uma recepção
de gala no Itamaraty. No lugar,
Lula deverá receber as delegações
estrangeiras em uma cerimônia
simples no Alvorada. O black-tie
será substituído pelo traje passeio
completo (terno e gravata para
homens e saias para mulheres).
Na primeira posse de FHC, em
1995, o atual presidente do PT, José Genoino, não foi à festa de recepção do presidente, criticando a
necessidade de uso de smoking.
Ao explicar que não tinha a roupa
exigida, Genoino disse: "Alugar
roupa é cafona".
O decreto nº 70.274 de 1973, que
trata da posse, não estabelece um
traje a ser seguido. Diz apenas que
"o traje das cerimônias de posse
será estabelecido pelo chefe do cerimonial, após consulta ao presidente". Lula não quis que fossem
usadas roupas muito formais.
Outra mudança na tradição
acontecerá se Lula dispensar o
tradicional Rolls-Royce usado pelo presidente eleito. Caso chova, o
publicitário Duda Mendonça disse que será usado o "papamóvel"
(carro fechado que transportou o
papa João Paulo 2º quando esteve
no Brasil), batizado agora de "lulamóvel".
Lula pretende dar mais uma
volta em carro aberto logo que
empossado. Ao deixar o Planalto,
deve desfilar novamente pela Esplanada dos Ministérios.
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