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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Prefeito e governador atacaram o desempenho da economia na atual gestão; petistas pedem comparação com o governo anterior
Serra e Alckmin fazem ataque conjunto a Lula
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
Os dois tucanos mais cotados
para disputar as eleições presidenciais de 2006 aproveitaram
ontem a participação conjunta
em um evento para atacar a gestão de seu provável adversário na
campanha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse que 2005 foi
"o ano da perda de oportunidades". "Foi um ano excepcional
sob o ponto de vista econômico,
com forte crescimento mundial. E
o Brasil teve um PIB [Produto Interno Bruto] negativo no último
trimestre e não avançou com nenhuma reforma", afirmou.
Em tom similar, o prefeito paulistano José Serra afirmou que este foi "mais um ano de decepção".
"Esses três anos do governo federal cristalizam o sentimento de
decepção, se compararmos aquilo
que foi proposto fazer no Brasil e
aquilo que efetivamente se fez.
Hoje temos um governo federal
sem rumo para o Brasil, vivendo
atrás dos acontecimentos."
A metralhadora tucana foi acionada ontem de manhã, durante
vistoria feita pelo governador e
pelo prefeito em obras na ponte
da Casa Verde, na marginal Tietê
(região central de São Paulo).
Ao comentar o desempenho da
economia brasileira, Alckmin fez
a seguinte comparação: "É o
mundo voando e o governo brasileiro agarrado lá no fundinho,
sendo arrastado".
A crítica foi feita dois dias depois de Lula prever "um crescimento mais vigoroso e mais sólido em 2006" e semanas após o
anúncio de que o PIB recuou 1,2%
no terceiro trimestre deste ano.
O mercado estima um crescimento de 2,5% do PIB brasileiro
em 2005. Já a expectativa para a
América Latina é de de 4,2%.
Petistas recorreram à comparação com o governo FHC para responder aos tucanos. O líder do
governo na Câmara, deputado
Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse
que Alckmin compara a economia brasileira à de outros países
porque teme a confrontação das
duas administrações. "Qual é o temor dele? Fazer a comparação daquilo que nosso governo está fazendo com o que governo dele fez
em oito anos. É confortável fazer
um discurso vazio de que o mundo está uma maravilha."
Chinaglia cobrou "coerência intelectual de Serra" ao lembrar da
disputa pela Presidência em 2002.
"Serra dizia que faríamos do Brasil uma Venezuela ou que o Lula
não terminaria o mandato, como
aconteceu na Argentina. Tentaram atribuir ao Lula a atitude de
irresponsabilidade que nunca teve, como não está tendo."
O secretário de Finanças do PT,
Paulo Ferreira, também citou dados positivos do governo Lula
-como criação de empregos e
fim do monitoramento do FMI-
para responder. "Para a honestidade do debate, o governador e o
prefeito deveriam ter o mínimo
de racionalidade e humildade para reconhecer erros estratégicos
da política do governo anterior e
admitir que o presidente Lula
criou uma nova condição de desenvolvimento econômico para o
país. O resto é discurseira."
Alckmin disse que o eleitor estará "muito exigente do ponto de
vista ético e programático" nas
eleições de 2006. "Não vale bravata nem promessa vã, mas consistência. Política é a atividade humana onde há um abismo entre o
falar e o fazer, há muita retórica e
pouco resultado."
Serra criticou a atuação do Banco Central em 2005. "Exagerou na
dose [de juros]. E o resultado foi a
queda da economia muito além
de qualquer expectativa", disse.
Colaborou CATIA SEABRA, da
Reportagem Local
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