São Paulo, quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Prefeito e governador atacaram o desempenho da economia na atual gestão; petistas pedem comparação com o governo anterior

Serra e Alckmin fazem ataque conjunto a Lula

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Os dois tucanos mais cotados para disputar as eleições presidenciais de 2006 aproveitaram ontem a participação conjunta em um evento para atacar a gestão de seu provável adversário na campanha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse que 2005 foi "o ano da perda de oportunidades". "Foi um ano excepcional sob o ponto de vista econômico, com forte crescimento mundial. E o Brasil teve um PIB [Produto Interno Bruto] negativo no último trimestre e não avançou com nenhuma reforma", afirmou.
Em tom similar, o prefeito paulistano José Serra afirmou que este foi "mais um ano de decepção". "Esses três anos do governo federal cristalizam o sentimento de decepção, se compararmos aquilo que foi proposto fazer no Brasil e aquilo que efetivamente se fez. Hoje temos um governo federal sem rumo para o Brasil, vivendo atrás dos acontecimentos."
A metralhadora tucana foi acionada ontem de manhã, durante vistoria feita pelo governador e pelo prefeito em obras na ponte da Casa Verde, na marginal Tietê (região central de São Paulo).
Ao comentar o desempenho da economia brasileira, Alckmin fez a seguinte comparação: "É o mundo voando e o governo brasileiro agarrado lá no fundinho, sendo arrastado".
A crítica foi feita dois dias depois de Lula prever "um crescimento mais vigoroso e mais sólido em 2006" e semanas após o anúncio de que o PIB recuou 1,2% no terceiro trimestre deste ano.
O mercado estima um crescimento de 2,5% do PIB brasileiro em 2005. Já a expectativa para a América Latina é de de 4,2%.
Petistas recorreram à comparação com o governo FHC para responder aos tucanos. O líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que Alckmin compara a economia brasileira à de outros países porque teme a confrontação das duas administrações. "Qual é o temor dele? Fazer a comparação daquilo que nosso governo está fazendo com o que governo dele fez em oito anos. É confortável fazer um discurso vazio de que o mundo está uma maravilha."
Chinaglia cobrou "coerência intelectual de Serra" ao lembrar da disputa pela Presidência em 2002. "Serra dizia que faríamos do Brasil uma Venezuela ou que o Lula não terminaria o mandato, como aconteceu na Argentina. Tentaram atribuir ao Lula a atitude de irresponsabilidade que nunca teve, como não está tendo."
O secretário de Finanças do PT, Paulo Ferreira, também citou dados positivos do governo Lula -como criação de empregos e fim do monitoramento do FMI- para responder. "Para a honestidade do debate, o governador e o prefeito deveriam ter o mínimo de racionalidade e humildade para reconhecer erros estratégicos da política do governo anterior e admitir que o presidente Lula criou uma nova condição de desenvolvimento econômico para o país. O resto é discurseira."
Alckmin disse que o eleitor estará "muito exigente do ponto de vista ético e programático" nas eleições de 2006. "Não vale bravata nem promessa vã, mas consistência. Política é a atividade humana onde há um abismo entre o falar e o fazer, há muita retórica e pouco resultado."
Serra criticou a atuação do Banco Central em 2005. "Exagerou na dose [de juros]. E o resultado foi a queda da economia muito além de qualquer expectativa", disse.


Colaborou CATIA SEABRA, da Reportagem Local


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