São Paulo, sábado, 29 de dezembro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Ar quente

O esforço da Comissão de Orçamento para evitar cortes de emendas parlamentares na peça de 2008 inclui a proposta de somar R$ 6 bi que o governo faturou "vendendo ar" na reestimativa de receitas a ser apresentada em janeiro. São as concessões para exploração da banda 3G da telefonia celular. "Pode ser abatido do corte", diz o relator José Pimentel (PT-CE).
Mas há um problema: o Tesouro ainda não respondeu se pretende contabilizar a receita ainda no caixa de 2007, ou se concorda em transferir para 2008. Se houver obstáculos, o governo terá novo nó a desatar. "Esses recursos são orçamentários e têm de entrar no bolo das receitas", argumenta Eunício Oliveira (PMDB-CE), um dos sub-relatores do Orçamento.

Deságio. O governo já se deu conta de que não conseguirá tesourar os R$ 12 bi de emendas coletivas ao Orçamento de 2008, como desejava. Ficará satisfeito com R$ 9,5 bi, o que deixaria R$ 2,5 bi -mais os R$ 5 bi de emendas individuais- para acalmar congressistas e governadores.

Você primeiro. Carlos Lupi diz que não tomará a iniciativa de discutir com Lula o pedido, feito pela Comissão de Ética, para que ele deixe a pasta do Trabalho em razão de ser também presidente do PDT. "É constrangedor puxar o assunto. O presidente é que tem de vir falar comigo."

Te cuida, Gil 1. Em seu primeiro fim de ano como ministro, José Múcio (Relações Institucionais) fez tanto sucesso que ameaça tomar do colega da Cultura o posto de menestrel da Esplanada. Após tocar e cantar no Alvorada na semana passada, ele animou anteontem o jantar de fim de ano de Dilma Rousseff.

Te cuida, Gil 2. Encantada com a performance do coordenador político do governo, cujo repertório da noite incluiu Dolores Duran, bossa nova, samba e Roberto Carlos, a ministra-chefe da Casa Civil exclamou: "Múcio, você está na profissão errada!".

Caçarola. Em meio à cantoria, que acabou em dança, a número dois de Dilma, Erenice Guerra, pilotava o fogão. Os convidados -em sua maioria da Casa Civil, Fazenda e Planejamento, além de Múcio- comeram risoto de camarão.

Desapego. Do tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, sobre seu cobiçado cargo: "Estou disposto a ceder democraticamente o trabalho de administrar nossa dívida de R$ 40 milhões". Não obstante o rombo, segue acirrada a disputa dentro do partido pela cadeira que já foi de Delúbio Soares.

Expurgo. Na recém-concluída distribuição de cargos na direção do PT do Rio Grande do Sul, onde a esquerda do partido é maioria, o antigo Campo Majoritário da sigla foi escanteado. O grupo protesta sob alegação de ter sido a segunda chapa mais votada na eleição interna de dezembro.

De carteirinha. Com o número de prefeitos eleitos pelo partido em São Paulo em queda desde 1996, os tucanos definiram a meta de emplacar 230 nomes na disputa de 2008. Não que tenha faltado apoio de prefeituras de outras siglas aos governos do PSDB no Estado. É que agora, com a fidelidade partidária, será mais difícil apresentar a ficha de filiação depois da eleição.

Parceria. O PPS está disposto a apoiar a reeleição do prefeito Beto Richa (PSDB) em Curitiba. Em troca, espera o apoio tucano a Denise Frossard no Rio de Janeiro. "Isso viabilizaria a candidatura da Denise", aposta o presidente do partido, Roberto Freire.

Não vem, não. A despeito da pressão de parte da direção do PDT para que o partido entregue seus cargos na Prefeitura de São Paulo em janeiro, o secretário municipal do Trabalho, Geraldo Vinholi, da cota da sigla, diz que não deixará a cadeira tão fácil. "Quem vai decidir se fico ou saio é o prefeito", afirma o auxiliar de Gilberto Kassab (DEM).

Tiroteio

Esse discurso de que vamos cortar de outro lugar e priorizar a saúde é só um discurso, o discurso das soluções ideais, como ideal seria precisarmos menos de atendimento à saúde.


De OSMAR TERRA , titular da Saúde no governo gaúcho e presidente do conselho dos secretários estaduais, manifestando preocupação a respeito de como recompor os recursos do setor pós-derrubada da CPMF.

Contraponto

Só depois do "sim"

Mesmo com acordo fechado entre governistas e opositores para elegê-lo presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN) não parou um minuto de pedir o voto dos colegas, inclusive durante a sessão em que seu nome foi confirmado para comandar a Casa, no início do mês.
Com rosto fechado, recusava os parabéns antecipados, dizendo que era preciso esperar o resultado final.
Ao se aproximar de um grupo de jornalistas, ouviu uma brincadeira de um repórter:
-Pode relaxar, senador, o senhor não perde essa...
Garibaldi, sem sorrir, respondeu:
-Relaxar nada. Tô pior que noivo em altar da igreja!


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