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Por cargos, tucanos desistem de Sarney para apoiar petista
PMDB põe obstáculos para acomodar tucanos em comissões e na Mesa Diretora; candidatura de Tião Viana ganha sobrevida
"Sentimos mais clima
na relação com o Tião. A impressão era a de que estávamos barganhando cargos", disse líder do PSDB
LETÍCIA SANDER
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A cúpula do PSDB anunciou
ontem à noite o apoio do partido à candidatura de Tião Viana
(PT-AC) à presidência do Senado após o fracasso das negociações com o PMDB. O anúncio
dá sobrevida à campanha do
petista, que vinha sendo desidratada desde a entrada de José
Sarney (PMDB-AP) na disputa.
"Sentimos mais clima na relação com o Tião. A impressão
era a de que estávamos barganhando cargos. Estamos provando que isso não era verdade", disse o líder do partido, Arthur Virgílio (PSDB-AM).
A decisão dos tucanos se deu
em uma reunião em Recife
(PE) entre Virgílio, o presidente nacional do partido, Sérgio
Guerra (PE), e o senador Tasso
Jereissati (PSDB-CE).
Até o início da semana, o
apoio do PSDB a Sarney era dado como certo. Mas, nos últimos dias, os ânimos se acirraram. Confiante na vitória, o
PMDB colocou obstáculos para
acomodar os tucanos Tasso Jereissati (CE) na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) e
Eduardo Azeredo (MG) na
CRE (Relações Exteriores).
Além das duas comissões, o
PSDB queria emplacar Marconi Perillo (GO) na primeira vice-presidência, e ainda desejava a quarta secretaria.
O PSDB enviou aos dois candidatos uma carta-compromisso com 12 pontos. Tanto Viana
quanto Sarney concordaram
em atender os pleitos -um deles era a garantia de que não haveria apoio a uma eventual proposta que permita o terceiro
mandato do presidente Lula.
Os articuladores da campanha de Sarney foram informados, ao longo da noite, do encontro tucano, até que a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) recebeu um telefonema de
Virgílio anunciando a decisão.
Peemedebistas ouvidos pela
Folha disseram já esperar o resultado, já que não tinham como atender os pleitos tucanos.
Mesmo assim, o PMDB diz
contar com pelo menos seis votos dos 13 da bancada tucana.
Eles avaliam que o partido, independente da decisão de cúpula, chegará à eleição rachado.
O voto é secreto. Já Viana comemorou a reviravolta: "Eles
confiaram na carta-compromisso de que vamos fazer um
trabalho de independência no
legislativo. Não reivindicaram
nenhum cargo", disse.
O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), peemedebista
contrário à eleição de Sarney,
disse à Folha que participaria
do encontro com os tucanos.
"O Sérgio me chamou e eu vou
convencê-los a apoiar o Tião",
disse Jarbas, antes do encontro. "A candidatura do Sarney é
uma invenção do Renan [Calheiros] que, depois de voltar
de ser alvo de denúncias, quer
ter uma volta triunfal", disse.
Mais tarde, porém, Virgílio
disse que a reunião se deu apenas com integrantes do PSDB,
e que eles encontrariam Jarbas
ainda na noite de ontem.
DEM
Apesar do revés com os tucanos, o DEM, por unanimidade,
formalizou ontem o apoio a
Sarney com o discurso de que
optou por um "não-alinhamento" ao Palácio do Planalto.
"A opção do DEM é muito em
cima da necessidade de o Congresso desempenhar o papel de
equilíbrio e não alinhamento
com o Palácio do Planalto. O
poder Legislativo e o Executivo, neste momento, não podem
se concentrar num único partido político", disse o líder do
DEM, José Agripino (RN).
Questionado se não via José
Sarney como uma figura alinhada ao Planalto, Agripino
respondeu: "Não, não vejo. E
nem ele se coloca como tal. Ele
é candidato de partidos da oposição e da base do governo".
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