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Vannuchi discutirá aborto com CNBB
Ministro está disposto a alterar artigo sobre o tema criticado pela entidade no plano de direitos humanos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Disposto a alterar os termos
com que o apoio à descriminalização do aborto aparece no
Programa Nacional de Direitos
Humanos, o ministro Paulo
Vannuchi vai se reunir na próxima terça-feira com a CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) para negociar
mudança no texto. A entidade
criticou o documento.
Procurado pela Folha, o secretário-geral da CNBB, dom
Dimas Lara Barbosa, chegou a
dizer, no início da tarde, que o
encontro não aconteceria. Ele
não antecipou expectativas.
Vannuchi já reconheceu que
a forma como o aborto é mencionado no programa, objeto
de um decreto presidencial
editado no fim do ano passado,
não reflete uma posição de governo. O plano prevê apoio à
"aprovação do projeto de lei
que descriminaliza o aborto,
considerando a autonomia das
mulheres para decidir sobre
seus corpos".
Ainda no primeiro mandato
do presidente Lula, uma comissão coordenada pela Secretaria Especial de Políticas para
as Mulheres preparou um anteprojeto de lei que tornava legal a interrupção da gravidez
até a 12ª semana. O texto também permitia o aborto em casos de malformação de fetos
que pusessem em risco a vida
das mães.
Essa proposta tramita no
Congresso, mas não foi encampada pelo governo. Atualmente
a legislação só prevê o aborto
em caso de risco de morte da
mãe ou de estupro.
Por ora, nenhuma iniciativa
foi tomada no Palácio do Planalto para mudar o programa.
A Casa Civil informa que
aguarda por uma iniciativa do
ministro de Direitos Humanos.
A equipe da ministra Dilma
Rousseff, da mesma forma que
o presidente Lula, não quer se
envolver diretamente na eventual correção do programa,
Outras críticas
As críticas da CNBB ao programa de direitos humanos vão
além da questão do aborto. Por
meio de nota divulgada no dia
15, a cúpula da entidade classificou de "intolerante" a proposta de impedir "a ostentação" de
símbolos religiosos em estabelecimentos públicos da União.
Essa mesma nota reitera a
oposição da igreja à descriminalização do aborto, ao casamento entre pessoas do mesmo
sexo e à adoção por casais gays.
A Folha apurou que Vannuchi não pretende reabrir o debate sobre nenhum ponto criticado pela igreja além do aborto,
mas insiste em conversar com
a CNBB, considerada por ele
entidade "parceira" na defesa
dos direitos humanos.
A mudança no ponto sobre o
aborto seria a segunda desde o
lançamento do programa. No
começo do ano, Lula editou novo decreto para modificar o artigo referente à criação de uma
comissão da verdade para investigar crimes cometidos por
militares durante a ditadura.
(MARTA SALOMON)
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