São Paulo, terça-feira, 30 de março de 2004

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PAINEL

Me dê motivo
Os descontentes com Duda Mendonça no governo, que já não eram poucos nem fracos, ganharam novo fôlego com o caso das imagens enganosas na peça publicitária sobre o programa de agricultura familiar.

Guichê fechado
Novos ministros reclamam da dificuldade para preencher assessorias de segundo e terceiro escalões. Todas as nomeações têm de passar pelo crivo de José Dirceu, que, desde o início do caso Waldomiro Diniz, suspendeu reuniões sobre o tema.

Risco de atentado
O depoimento de Antonio Palocci no Senado, marcado para a manhã de hoje, preocupa o Planalto. Teme-se que aliados rebeldes usem o evento para atacar a política econômica e constranger o ministro da Fazenda.

Sinais invertidos
Da oposição, porém, o governo não espera dor de cabeça hoje no Senado. Procurados por emissários do Planalto, os líderes Arthur Virgílio (PSDB-AM) e José Agripino (PFL-RN) prometeram defender Palocci.

Fome Zero
Ao chegar a São Bernardo do Campo no domingo à noite, o presidente Lula pediu o jantar da família por telefone: 20 esfihas de uma cadeia popular de comida árabe, a R$ 0,40 cada.

Mãos à obra
Depois de um fim de semana de meditação, o senador pefelista José Jorge (PE) concebeu a antítese do "Fora, FHC", slogan brandido pelo PT na administração tucana: "Governa, Lula!".

Afinidades eletivas
Em sintonia cada vez maior com os tucanos, o PPS aprovou moção contra as reeleições de José Sarney no Senado e João Paulo Cunha na Câmara.

Homem do tempo 1
Ao meio-dia de sábado, Ciro Gomes recebeu telefonema do Inmet avisando que haveria mesmo furacão no Sul. O ministro da Integração Nacional organizou plano de emergência para esvaziar municípios afetados.

Homem do tempo 2
A operação foi suspensa às 16h, quando o Inmet procurou Ciro para dizer que não haveria furacão, apenas um ciclone.

CPI à paulista 1
Estão para sair do forno da Assembléia paulista as primeiras CPIs da atual legislatura. No comando da Casa, os tucanos prometem descongelar pedido do PT para investigar a TV Cultura.

CPI à paulista 2
Como em Brasília, CPIs em São Paulo só vingam com a anuência do governo. Em abril haverá eleição para presidente da fundação mantenedora da TV Cultura. Jorge da Cunha Lima busca continuar no cargo.

Ser ou não ser
A um amigo tucano, José Serra confidenciou nunca ter vivido situação como a atual: é abordado a toda hora por eleitores que pedem sua entrada na disputa paulistana. O presidente nacional do PSDB tem afirmado que não pretende concorrer.

Culpa da chuva
Na análise de petistas, o tropeço de Marta Suplicy na pesquisa Datafolha deve ser atribuído às enchentes de verão e ao caso Waldomiro Diniz. Eles lembram que em agosto, em plena estiagem, a prefeita entregará um pacote de obras.

Dou-lhe uma
O PL negocia simultaneamente com PT, PMDB e PSDB apoio na sucessão paulistana. A melhor oferta leva os três minutos de TV dos liberais, que, ao menos até agora, não exigem vaga de vice na chapa. Basta coligação na eleição proporcional.

Visita à Folha
José Serra, presidente nacional do PSDB, visitou ontem a Folha.

TIROTEIO

Do deputado tucano Jutahy Magalhães Jr. (BA), sobre o uso de imagens enganosas na propaganda do governo federal para divulgar ações no campo:
-É a filosofia de Zeca Pagodinho aplicada à publicidade governamental. Bebe uma cerveja, mas anuncia outra.

CONTRAPONTO

Promessa é dívida

Nos dias que se seguiram à vitória de Lula em 2002, um batalhão de repórteres dava plantão ininterrupto em frente ao apartamento do petista em São Bernardo do Campo. Enclausurado com familiares e aliados, ele pouco falava à imprensa.
Certo dia, do meio do enxame saiu um jornalista que entregou bilhete a um assessor de Lula. Desconhecido dos demais, ele pediu que a mensagem fosse encaminhada ao presidente eleito.
A estratégia tornou-se motivo de piada até que, minutos depois, o assessor voltou:
-O senhor pode subir.
Observado pelo grupo atônito, o repórter entrou no edifício. Na volta, foi abordado por colegas que o imaginavam correspondente da rede americana CNN ou de algum jornal europeu.
-Sou Geraldo Freire, radialista do Recife. Na campanha, ele me prometeu uma entrevista se fosse eleito. Vim cobrar.


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