São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ OUTRO LADO

Para Gushiken, texto é "julgamento inteiramente injusto e sem fundamentação jurídica"

Relatório é "peça de ficção", afirma advogado de Dirceu

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
DA REDAÇÃO


O advogado do ex-ministro José Dirceu, José Luís Oliveira Lima, acusou o relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), de ter confeccionado uma "peça fictícia". O ex-ministro Luiz Gushiken, atual chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, disse que as acusações do relatório configuram "um julgamento inteiramente injusto, despropositado e sem fundamentação jurídica".
Para Gushiken, o relatório apenas "persegue em vez de investigar" e Serraglio "capitulou à lógica do espetáculo, sem olhar para os fatos", o que "compromete todo o esforço da CPMI".
O ex-ministro considerou os termos "inaceitáveis" e disse esperar que no final "prevaleçam o equilíbrio e a isenção".
O Palácio do Planalto não se pronunciou sobre o relatório até a conclusão desta edição.
O advogado de Dirceu afirmou que vai contestar o documento assim que estudá-lo a fundo. "Tendo em vista o que já conheço do processo e o que consta dos autos, posso dizer que houve criatividade intelectual do relator e que as imputações ao ex-ministro José Dirceu são uma peça fictícia", declarou. Na semana passada, ele ingressou no Supremo Tribunal Federal com um mandado de segurança para tentar reaver o mandato de seu cliente.
Oliveira Lima afirmou que vai contestar por escrito as conclusões do relatório, seja na CPI ou no Ministério Público.
O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) diz que apenas intermediou o repasse de R$ 50 mil a diretórios regionais do PT na Grande São Paulo, para a realização de pesquisas de opinião com vistas às eleições municipais de 2004.
Os demais deputados envolvidos no "mensalão" negam de forma categórica participação em um esquema de corrupção montado pelo publicitário Marcos Valério de Souza, embora alguns admitam que beneficiaram-se de recursos não-contabilizados.

Valério
Marcos Valério, segundo sua assessoria, "não irá se manifestar, por enquanto", sobre o relatório final da CPI. Valério está orientado pelo seu advogado, Marcelo Leonardo, a não dar declarações.
Procurado pela reportagem, o advogado limitou-se a dizer que "vai aguardar a manifestação do Ministério Público Federal".
Sobre o pedido de indiciamento da sua presidente Kátia Rabello, o Banco Rural informou, em nota, que em nenhum momento da CPI se negou a prestar esclarecimentos, inclusive em relação à solicitação de documentação sobre movimentações financeiras.
"O Banco Rural continuará a adotar a mesma postura de transparência praticada até agora, seja na sua defesa ou na necessidade de prestar esclarecimentos para a sociedade ou qualquer órgão público", diz a nota.
O BMG informou que não iria comentar o pedido de indiciamento de seu presidente, Ricardo Guimarães. O banco disse que se manifestará somente após análise do relatório da CPI por seu setor jurídico.
Procurada pela reportagem, a assessoria do vice-governador de Minas Gerais, Clésio Andrade (PL), não havia ligado de volta até às 19h de ontem. O lobista Nilton Monteiro e Cláudio Mourão, ex-tesoureiro do senador Eduardo Azeredo (PSDB), também não responderam aos recados.

Duda
Tales Castelo Branco, advogado de Duda Mendonça, disse que a CPI não pede o indiciamento de ninguém, apenas sugere. Diz que seu cliente está "tranqüilo, aguardando a marcha dos acontecimentos, quando se defenderá no foro adequado e poderá provar sua inocência".
Silvio Pereira, ex-secretário-geral do PT, e Delúbio Soares, ex-tesoureiro do partido, também foram procurados pela reportagem. O advogado de ambos, Arnaldo Malheiros Filho, afirmou que não comentaria os pedidos de indiciamento ontem.
O advogado Luiz Fernando Pacheco, que representa o ex-presidente do PT, José Genoino, afirmou afirmou que recebeu o pedido de indiciamento com surpresa. "O deputado Serraglio fez um indicação política em seu relatório. O Genoino já foi ouvido pela Polícia Federal e não foi indiciado. Estou bastante tranqüilo de que a verdade prevalecerá", afirmou Pacheco. A Folha procurou o ex-secretário de Comunicação do PT Marcelo Sereno e seu advogado, Roberto Podval. Sereno não foi encontrado e o escritório de Podval afirmou que o advogado está em viagem ao exterior.


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