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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ OUTRO LADO
Para Gushiken, texto é "julgamento inteiramente injusto e sem fundamentação jurídica"
Relatório é "peça de ficção", afirma advogado de Dirceu
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
DA REDAÇÃO
O advogado do ex-ministro José Dirceu, José Luís Oliveira Lima,
acusou o relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), de ter confeccionado uma
"peça fictícia". O ex-ministro Luiz
Gushiken, atual chefe do Núcleo
de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, disse que as
acusações do relatório configuram "um julgamento inteiramente injusto, despropositado e sem
fundamentação jurídica".
Para Gushiken, o relatório apenas "persegue em vez de investigar" e Serraglio "capitulou à lógica do espetáculo, sem olhar para
os fatos", o que "compromete todo o esforço da CPMI".
O ex-ministro considerou os
termos "inaceitáveis" e disse esperar que no final "prevaleçam o
equilíbrio e a isenção".
O Palácio do Planalto não se
pronunciou sobre o relatório até a
conclusão desta edição.
O advogado de Dirceu afirmou
que vai contestar o documento
assim que estudá-lo a fundo.
"Tendo em vista o que já conheço
do processo e o que consta dos
autos, posso dizer que houve criatividade intelectual do relator e
que as imputações ao ex-ministro
José Dirceu são uma peça fictícia", declarou. Na semana passada, ele ingressou no Supremo Tribunal Federal com um mandado
de segurança para tentar reaver o
mandato de seu cliente.
Oliveira Lima afirmou que vai
contestar por escrito as conclusões do relatório, seja na CPI ou
no Ministério Público.
O ex-presidente da Câmara
João Paulo Cunha (PT-SP) diz
que apenas intermediou o repasse
de R$ 50 mil a diretórios regionais
do PT na Grande São Paulo, para
a realização de pesquisas de opinião com vistas às eleições municipais de 2004.
Os demais deputados envolvidos no "mensalão" negam de forma categórica participação em
um esquema de corrupção montado pelo publicitário Marcos Valério de Souza, embora alguns admitam que beneficiaram-se de recursos não-contabilizados.
Valério
Marcos Valério, segundo sua assessoria, "não irá se manifestar,
por enquanto", sobre o relatório
final da CPI. Valério está orientado pelo seu advogado, Marcelo
Leonardo, a não dar declarações.
Procurado pela reportagem, o
advogado limitou-se a dizer que
"vai aguardar a manifestação do
Ministério Público Federal".
Sobre o pedido de indiciamento
da sua presidente Kátia Rabello, o
Banco Rural informou, em nota,
que em nenhum momento da
CPI se negou a prestar esclarecimentos, inclusive em relação à solicitação de documentação sobre
movimentações financeiras.
"O Banco Rural continuará a
adotar a mesma postura de transparência praticada até agora, seja
na sua defesa ou na necessidade
de prestar esclarecimentos para a
sociedade ou qualquer órgão público", diz a nota.
O BMG informou que não iria
comentar o pedido de indiciamento de seu presidente, Ricardo
Guimarães. O banco disse que se
manifestará somente após análise
do relatório da CPI por seu setor
jurídico.
Procurada pela reportagem, a
assessoria do vice-governador de
Minas Gerais, Clésio Andrade
(PL), não havia ligado de volta até
às 19h de ontem. O lobista Nilton
Monteiro e Cláudio Mourão, ex-tesoureiro do senador Eduardo
Azeredo (PSDB), também não
responderam aos recados.
Duda
Tales Castelo Branco, advogado
de Duda Mendonça, disse que a
CPI não pede o indiciamento de
ninguém, apenas sugere. Diz que
seu cliente está "tranqüilo, aguardando a marcha dos acontecimentos, quando se defenderá no
foro adequado e poderá provar
sua inocência".
Silvio Pereira, ex-secretário-geral do PT, e Delúbio Soares, ex-tesoureiro do partido, também foram procurados pela reportagem.
O advogado de ambos, Arnaldo
Malheiros Filho, afirmou que não
comentaria os pedidos de indiciamento ontem.
O advogado Luiz Fernando Pacheco, que representa o ex-presidente do PT, José Genoino, afirmou afirmou que recebeu o pedido de indiciamento com surpresa.
"O deputado Serraglio fez um indicação política em seu relatório.
O Genoino já foi ouvido pela Polícia Federal e não foi indiciado. Estou bastante tranqüilo de que a
verdade prevalecerá", afirmou
Pacheco. A Folha procurou o ex-secretário de Comunicação do PT
Marcelo Sereno e seu advogado,
Roberto Podval. Sereno não foi
encontrado e o escritório de Podval afirmou que o advogado está
em viagem ao exterior.
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