São Paulo, segunda-feira, 30 de março de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Por dentro

Com o noticiário sobre as doações de campanha da Camargo Corrêa a sete partidos de peso prestes a completar uma semana, até agora ninguém, no governo ou na oposição, pronunciou a palavra CPI. As sessões do Congresso têm sido dedicadas a reações indignadas de políticos de todas as siglas, em defesa de quem teve o nome citado na Operação Castelo de Areia da Polícia Federal por suspeita de caixa dois.
Na atual configuração do Congresso, 55% dos parlamentares receberam alguma quantia -declarada- de empresas do ramo. São 285 deputados e 40 senadores. Oficialmente, as construtoras injetaram ao menos R$ 27 milhões só em campanhas vitoriosas.




Álibi. Suspeito de repassar a verba indenizatória para empresas de segurança da família, Edmar Moreira (MG) vai convocar colegas de Câmara dispostos a depor em seu favor no Conselho de Ética. Para defender que andava, sim, rodeado de guarda-costas, o dono do castelo citará uma missão parlamentar à China, na qual foi recepcionado por seguranças no aeroporto.

Premonitório. No final do ano, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) distribuiu um calendário de "Boas Festas" com uma imensa charge sua caracterizado de bombeiro em meio a um incêndio. Agora instalado na primeira-secretaria da Casa, onde deságua a crise do Senado, o "demo" anda cercado de labaredas.

Campo minado. A recém-criada comissão de mediação de conflitos agrários da Câmara, dominada por ruralistas, discutia na última semana o envio de uma diligência ao Pará para avaliar as invasões do MST. Quando se falou em pedir proteção da Polícia Federal, Abelardo Lupion (DEM-PR) disparou: "Essa comissão não é para frouxos!"

Palanque. Quase um mês depois de dividirem a mesa em evento sobre a crise econômica para sindicalistas no ABC, Dilma Rousseff (Casa Civil) e o governador José Serra estarão juntos em encontro similar, mas direcionado aos prefeitos paulistas, na terça. O tema é "Crise financeira, reflexos e oportunidades para os municípios".

Fumódromo 1. A partir desta semana, o governo Serra tentará aprovar um de seus projetos com alto teor de visibilidade, a Lei Antifumo. Há intensa pressão contrária, com origem na rede hoteleira, bares e restaurantes. Reservadamente, até deputados da base aliada reclamam, seja porque temem perder votos nesses segmentos, seja porque a indústria do fumo é doadora de campanhas.

Fumódromo 2. O PT, que dá como certa a aprovação, tenta emplacar emendas para atenuar os seguintes pontos: 1) criar área e/ou horários para fumantes em hotéis, bares e restaurantes; 2) criar área dentro dos condomínios; 3) retirar o parágrafo que prevê acionar a polícia em caso de flagrante; e 4) permitir o fumo em cultos religiosos.

2º round. O Sindicato dos Metalúrgicos e a Conlutas vão à Justiça contra a Embraer, que demitiu 4.200 no começo do ano, com o argumento de que 70% do capital votante da empresa está nas mãos de fundos de investimentos e bancos estrangeiros -acima dos 40% permitidos por lei. A tese é que a empresa perdeu dinheiro em aplicações e não em vendas de aviões.

Acelerador. Relator do inquérito do mensalão no Supremo, o ministro Joaquim Barbosa triplicou o número de juízes designados para colher depoimentos de testemunhas de defesa arroladas, a nova fase do processo.

Acervo. Barbosa recebe todas as audiências do caso digitalizadas. O ministro tem dito que precisará de um ano para escrever seu voto, o que elevou para 2011 a estimativa de conclusão do processo.

Tiroteio

"Enquanto o Fernando Henrique defende a descriminalização da maconha, Serra quer emplacar uma lei medieval que proíbe cigarro até na calçada."

Do deputado estadual petista ADRIANO DIOGO, sobre o projeto antifumo do governo paulista, que prevê multas pesadas e cassações de alvarás para quem permitir o cigarro em lugares públicos.

Contraponto

Nas alturas

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara discutia na semana passada a chamada PEC dos Vereadores, que aumenta o número de vagas nos Legislativos municipais. José Carlos Aleluia (DEM-BA) defendia que ela só poderia ser aprovada junto com medida que barrasse a criação de despesas adicionais. Flávio Dino (PC do B-MA) sustentava que não havia relação entre as duas coisas.
-Não há conexão real, só espiritual- argumentou Dino.
-Não posso debater conexão espiritual, porque disso eu não entendo- respondeu Aleluia.
-Se você, que se chama Aleluia, não entende de assuntos espirituais, quem entenderá?- replicou o ex-juiz.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO


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