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Doméstica de deputado é paga pela Câmara
Faxineira da casa do licenciado Alberto Fraga (DEM), secretário de Transportes do DF, está registrada como secretária parlamentar
Empregada é funcionária do gabinete do suplente de Fraga, Osório Adriano, que afirmou não saber quem ela era nem onde ela trabalha
LEONARDO SOUZA
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado federal licenciado e secretário de Transportes
do Distrito Federal, Alberto
Fraga (DEM), paga o salário da
empregada doméstica de sua
casa com recursos da Câmara.
Izolda da Silva Lima, 30, é
contratada como secretária
parlamentar, mas cuida da limpeza da residência de Fraga, localizada numa área de 1.875 m2
às margens do lago Paranoá,
região nobre de Brasília.
Izolda está contratada pelo
gabinete do suplente de Fraga,
Osório Adriano, também do
DEM. Ela confirmou à Folha
que trabalha de faxineira de
Fraga. Este diz que ela recebe
pela Câmara, mas apenas mora
em sua casa. Já Osório Adriano
diz que nem a conhece.
Coronel da reserva da Polícia
Militar, Fraga é conhecido na
Câmara como o principal nome da "bancada da bala". Em
2005, presidiu a frente parlamentar contra a proibição do
comércio de armas no país. Em
2007, assumiu a Secretaria de
Transportes distrital.
Na tarde de quinta-feira, entre 15h30 e 17h, a Folha falou
com Izolda duas vezes: pelo telefone da casa de Fraga e pessoalmente -com cerca de 1,50
m de altura, de calção azul e camisa de malha desbotada da seleção brasileira, ela recebeu a
reportagem no portão da casa
do deputado licenciado.
"Todas. O que precisar, eu tô
à disposição dele. Também atividades domésticas, principalmente nos finais de semana",
respondeu ela, ao ser questionada pela reportagem que tarefas fazia na casa de Fraga.
"De forma alguma, ela não é.
Eu tenho doméstica na minha
casa. Agora, se ela [Izolda] disse, problema dela. Agora vai ficar até bom, quem sabe agora
eu não vou pedir pra ela fazer,
né?", afirmou Fraga.
De acordo com os registros
da Câmara, Izolda é servidora
desde fevereiro de 2003. No dia
19 do mês passado, ela foi promovida de secretária parlamentar 05 para 06, com vencimento de R$ 480,86. Segundo
ela, seu salário total é de
R$ 1.080 por mês. Ela disse que
trabalha com Fraga há quatro
ou cinco anos.
Ao ser procurada no gabinete
de Adriano Osório, um servidor
informou à reportagem que
Izolda exercia atividade externa. Ele então passou o telefone
do local de trabalho dela: o número da casa de Fraga.
Osório Adriano disse não saber quem ela era nem onde ela
fica. "Sou suplente. A gente
mais ou menos divide o pessoal. Tem gente que é do Fraga
e tem gente que é minha."
Dantas
Alberto Fraga se reelegeu em
2006 pela terceira vez como
deputado federal.
Até 2005, era tido como um
congressista do baixo clero. Naquele ano, contudo, ganhou notoriedade ao ser o porta-voz no
Congresso da "Frente do não",
que empreendeu campanha vitoriosa contra a proibição da
venda de armas no país.
Ainda em 2005, Fraga se envolveu num episódio relacionado ao banqueiro Daniel Dantas,
do Opportunity. O deputado
fez uma representação ao TCU
(Tribunal de Contas da União)
para suspender um acordo entre fundos de pensão e o Citigroup em torno do controle da
Brasil Telecom, exatamente
como queria Dantas.
O instrumento jurídico usado por Fraga era uma "clonagem" de um texto de Luis Octavio Motta Veiga, advogado do
grupo Opportunity.
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