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Deputados federais doaram R$ 2,68 milhões a candidatos
Se fosse empresa, Câmara seria umas das maiores doadoras de campanha eleitoral
Doações de 222 deputados vão de R$ 3,23 a R$ 55 mil; parentes de parlamentares estão entre os candidatos que receberam dinheiro
FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA
Deputados federais tiraram
R$ 2,68 milhões de seus próprios bolsos para doar a candidatos a vereador e a prefeito
durante as eleições de 2008. O
valor equivale a 162 salários dos
parlamentares.
Se a Câmara fosse uma empresa e as doações dos deputados fossem somadas, ela estaria
entre as maiores doadoras da
campanha eleitoral. A OAS,
companhia que mais injetou
recursos em campanhas, deu a
candidatos R$ 11,5 milhões. O
Itaú cedeu R$ 3 milhões.
As doações foram feitas por
meio de transferências eletrônicas, cheques e depósitos de
parcelas que vão de R$ 3,23 a
R$ 55 mil.
A maior parte do dinheiro foi
para desconhecidos candidatos
do interior, mas também há beneficiados como o prefeito reeleito de Curitiba, Beto Richa
(PSDB), e o atual corregedor da
Câmara e candidato derrotado
em Salvador, ACM Neto
(DEM). Luiz Carlos Hauly
(PSDB), também deputado e
candidato derrotado ontem no
terceiro turno em Londrina
(PR), recebeu R$ 35 mil.
Uma situação comum foi a
doação para parentes de congressistas que tentavam iniciar
a carreira na política.
Olavo Calheiros (PMDB-AL), irmão do senador Renan
Calheiros (PMDB), doou R$ 25
mil a Renan Calheiros Filho
(PMDB), que foi eleito prefeito
no município de Murici (AL).
Ao todo, 222 deputados que
não foram candidatos fizeram
doações. Até o presidente da
Casa, Michel Temer (PMDB-SP), contribuiu -fez transferências que somaram R$ 13,4
mil para seis candidatos do interior de São Paulo.
À Folha deputados federais
disseram que a intenção das
doações era retribuir a ajuda
recebida por correligionários
nas eleições de 2006 (leia texto
nesta página).
Para David Fleischer, professor da UnB (Universidade de
Brasília) e doutor em ciência
política, o objetivo dos políticos é formar uma rede de cabos
eleitorais de olho em 2010.
"Tem um interesse do próprio
deputado. Tanto que a Câmara
entra em recesso [no período
eleitoral] porque eles vão a
campo para fazer campanha
em favor de seus candidatos a
vereador e a prefeito. E as Assembleias Legislativas também", afirma o professor.
"Uma mão lava a outra."
Lei Eleitoral
Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a doação por
congressistas é permitida desde que não ultrapasse 10% do
valor dos rendimentos anuais
do doador.
O total de transferências dos
deputados pode ser superior, já
que os políticos que são empresários também têm o direito de
doar por meio de suas empresas. O levantamento não levou
em conta os parlamentares que
foram candidatos em 2008 e
que poderiam doar dinheiro
para suas próprias campanhas.
Quem mais desembolsou dinheiro para campanhas de candidatos a prefeito e a vereador
no ano passado foi Alfredo Kaefer, do PSDB do Paraná, que repassou mais de R$ 323 mil.
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