São Paulo, segunda, 30 de março de 1998

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SUCESSÃO
Presidente enfrenta epidemia de dengue e a maior taxa de desemprego desde o fim do regime militar
Saúde e desemprego atrapalham FHC

FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília


As áreas da saúde e emprego são as que o presidente Fernando Henrique Cardoso apresentou o seu pior desempenho na comparação com as promessas feitas durante sua campanha, em 94.
Quando era candidato, FHC usou nos seus comerciais a imagem de uma mão espalmada. Para cada um dos cinco dedos relacionou uma prioridade de seu futuro governo: saúde, educação, emprego, segurança e agricultura.
As promessas ficaram conhecidas como as "metas dos cinco dedos". Três anos e três meses depois de tomar posse, FHC enfrenta uma epidemia de dengue e a maior taxa de desemprego desde o fim do regime militar (64-85).
De 96 para 97, houve um aumento de 41% dos casos registrados de dengue no país (de 180 mil para 254 mil). Em 96, o governo FHC não gastou nada na erradicação do mosquito Aedes aegypti, que transmite o vírus da dengue.
Em 97, o governo colocou no Orçamento uma verba anual de R$ 443,9 milhões para combater a dengue. Até dezembro, só havia gasto R$ 248 milhões. A epidemia se alastrou. Neste ano, o número de casos já atingiu 82 mil.
No primeiro semestre de 97, foram gastos R$ 14 milhões e o governo registrou 213,6 mil casos. No segundo semestre, o dinheiro atingiu R$ 234 milhões e o total de casos despencou para 40,2 mil. Um dos maiores feitos foi a descentralização da distribuição de recursos. Hoje, cerca de 3.300 municípios recebem uma verba equivalente a R$ 10 por habitante/ano.
A promessa de FHC em campanha sobre emprego era vaga. O candidato apostava que a estabilização incentivasse a retomada dos investimentos produtivos no país.
O problema do FHC presidente foi que o país conquistou a estabilidade da inflação, mas a economia não cresceu o suficiente para gerar investimentos e empregos.
A taxa de desemprego medida pelo IBGE, a preferida por FHC, era de 4,42% em janeiro de 95 -quando tomou posse. Em janeiro deste ano, bateu em 7,25%.
Nos três primeiros anos de FHC, as empresas brasileiras eliminaram 752.832 empregos formais. O setor que mais demitiu foi o da indústria de transformação: 557.715.
De positivo, na área de emprego, o governo diz ter investido R$ 595 milhões nos últimos três anos em um programa de requalificação profissional. Dados oficiais mostram que 3,3 milhões de trabalha dores se beneficiaram disso.
O governo também considera positivo o efeito do Proger (Programa de Geração de Emprego e Renda), que oferece empréstimos -de até R$ 10 mil- para pequenos empreendedores.
O Proger não funcionou muito bem nas áreas urbanas. Segundo o governo, mesmo que a maior parte da renda tenha ido para o interior, ajudou a manter o emprego no campo -contribuiu para não elevar mais o desemprego geral.
Esses dados são do Ministério do Trabalho e demonstram que o emprego formal no governo FHC esteve muito pior do que na gestão anterior, de Itamar Franco. Nos dois anos de Itamar ocupou o Planalto, 93 e 94, houve um aumento de 428.622 empregos formais.
Uma das providências tomadas foi promover programas de treinamento de, principalmente, pessoas que estão desocupadas ou que tenham baixa qualificação.
O Ministério do Trabalho criou o Planfor (Programa Nacional de Qualificação do Trabalhador). De 95 a 97, esse programa teria beneficiado 3,3 milhões de trabalhadores, ao custo de R$ 595 milhões.



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