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São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2003

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MUDANÇA E CONFLITO

Abaixo-assinado que circulou durante Fórum Social repudiava proposta do governo FHC

Em 2001, Lula assinou texto contra tributação de inativo

ROGÉRIO GENTILE
EDITOR DO PAINEL
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Antes de assumir a Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva assinou um abaixo-assinado em que manifestou "repúdio" à proposta de emenda constitucional elaborada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso que instituía a contribuição previdenciária dos servidores inativos.
Mais de dois anos depois, a tributação dos inativos é defendida como um dos pontos principais da reforma da Previdência proposta pela gestão Lula.
O PT ameaça com expulsão do partido os parlamentares que não votarem com o governo a favor da medida.
A posição de Lula consta de um documento que circulou em 2001, durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, por iniciativa da CNESF (Coordenação Nacional das Entidades de Servidores Públicos Federais).
O hoje presidente assinou o papel no dia 28 de janeiro daquele ano e, ao lado do nome por extenso e da assinatura, colocou o número de seu RG.
O abaixo-assinado está guardado no arquivo da sede da CNESF, em Brasília. Além de Lula, segundo a entidade, assinaram o papel o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante, e o ministro Tarso Genro (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social).
No trecho do documento ao qual a Folha teve acesso, aparece apenas o nome do presidente. Ao todo, foram recolhidas cerca de 50 mil assinaturas, que, ainda de acordo com a CNESF, foram entregues à presidência da Câmara.

Base eleitoral
A participação de Lula no ato de repúdio à contribuição dos inativos ilustra a mudança de posicionamento do petista em relação a tradicionais bandeiras do partido. O PT era contra a cobrança, principalmente por contrariar os interesses de uma de suas principais bases eleitorais, a dos servidores.
A proposta do governo para a Previdência, no entanto, contempla a tributação dos inativos, que foi acordada em reunião com governadores há duas semanas.
O documento assinado pelo presidente afirma que a cobrança dos servidores inativos é "injusta" e "imoral".
"O objetivo do governo é arrecadar receita às custas dos já minguados proventos pagos aos aposentados e pensionistas do serviço público", afirma o texto.
Segundo a proposta do governo, passariam a contribuir para a Previdência os inativos que recebem acima de R$ 1.058. A tributação, que foi também uma demanda dos governadores, terá alíquota mínima de 11%.
A Folha procurou ontem a assessoria de imprensa do presidente para que ele se manifestasse sobre a sua participação no abaixo-assinado. O Palácio do Planalto informou, no entanto, que o presidente Lula não se pronunciaria sobre o caso.


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