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MUDANÇA E CONFLITO
Abaixo-assinado que circulou durante Fórum Social repudiava proposta do governo FHC
Em 2001, Lula assinou texto contra tributação de inativo
ROGÉRIO GENTILE
EDITOR DO PAINEL
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes de assumir a Presidência
da República, Luiz Inácio Lula da
Silva assinou um abaixo-assinado
em que manifestou "repúdio" à
proposta de emenda constitucional elaborada pelo governo de
Fernando Henrique Cardoso que
instituía a contribuição previdenciária dos servidores inativos.
Mais de dois anos depois, a tributação dos inativos é defendida
como um dos pontos principais
da reforma da Previdência proposta pela gestão Lula.
O PT ameaça com expulsão do
partido os parlamentares que não
votarem com o governo a favor da
medida.
A posição de Lula consta de um
documento que circulou em 2001,
durante o Fórum Social Mundial,
em Porto Alegre, por iniciativa da
CNESF (Coordenação Nacional
das Entidades de Servidores Públicos Federais).
O hoje presidente assinou o papel no dia 28 de janeiro daquele
ano e, ao lado do nome por extenso e da assinatura, colocou o número de seu RG.
O abaixo-assinado está guardado no arquivo da sede da CNESF,
em Brasília. Além de Lula, segundo a entidade, assinaram o papel
o líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante, e o ministro
Tarso Genro (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social).
No trecho do documento ao
qual a Folha teve acesso, aparece
apenas o nome do presidente. Ao
todo, foram recolhidas cerca de 50
mil assinaturas, que, ainda de
acordo com a CNESF, foram entregues à presidência da Câmara.
Base eleitoral
A participação de Lula no ato de
repúdio à contribuição dos inativos ilustra a mudança de posicionamento do petista em relação a
tradicionais bandeiras do partido.
O PT era contra a cobrança, principalmente por contrariar os interesses de uma de suas principais
bases eleitorais, a dos servidores.
A proposta do governo para a
Previdência, no entanto, contempla a tributação dos inativos, que
foi acordada em reunião com governadores há duas semanas.
O documento assinado pelo
presidente afirma que a cobrança
dos servidores inativos é "injusta"
e "imoral".
"O objetivo do governo é arrecadar receita às custas dos já minguados proventos pagos aos aposentados e pensionistas do serviço
público", afirma o texto.
Segundo a proposta do governo, passariam a contribuir para a
Previdência os inativos que recebem acima de R$ 1.058. A tributação, que foi também uma demanda dos governadores, terá alíquota mínima de 11%.
A Folha procurou ontem a assessoria de imprensa do presidente para que ele se manifestasse sobre a sua participação no abaixo-assinado. O Palácio do Planalto
informou, no entanto, que o presidente Lula não se pronunciaria
sobre o caso.
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