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PT adia decisão sobre saída de Helena
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A senadora Heloísa Helena
(PT-AL) foi duramente criticada
na reunião da bancada petista do
Senado, ontem, por seu comportamento em relação ao governo e
ao partido, mas foi adiada por 15
dias a definição de propor ou não
à Executiva Nacional sua eventual
expulsão do PT.
No momento mais tenso da
reunião, o líder do governo, Aloízio Mercadante (SP), ao defender
o afastamento de Heloísa do partido, cobrou dela "princípios partidários". Numa reação exaltada,
segundo participantes, a senadora disse que o líder faz parte da
"elite paulista". Mercadante rebateu afirmando que a colega não tinha o direito de falar assim e houve um bate-boca entre eles.
O afastamento de Heloísa do PT
também foi defendido pelo líder
da bancada, Tião Viana (AC), e
por Saturnino Braga (RJ).
Para Saturnino, a "oposição
franca" de Heloísa ao governo
torna incompatível sua presença
no PT. Já Ideli Salvatti (SC), disse
que não aguenta mais as constantes críticas da colega alagoana ao
governo, seguidas de recuos.
Heloísa conseguiu adiar a decisão da bancada sobre seu afastamento do PT ao negar que tenha a
intenção de assinar uma ação judicial contra o uso de recursos públicos pelo governo em publicidade da reforma da Previdência.
Declaração atribuída a ela nesse
sentido foi a gota d"água para que
dirigentes e líderes do PT defendessem sua expulsão. A senadora
afirmou que a idéia da ação judicial teria partido de servidores públicos e que ela, apenas, teria considerado legítima a iniciativa.
Observação
Com o aparente recuo da colega, Eduardo Suplicy (SP) alegou
que não havia embasamento jurídico para uma expulsão. Os líderes decidiram pelo adiamento da
discussão por 15 dias, inclusive
porque faltavam três dos 14 senadores petistas.
Nesse período, o comportamento da senadora estará sob observação. "Vamos aguardar a
evolução dos fatos. Estamos avaliando todo um contencioso que
vem crescendo. Não é a primeira,
nem a segunda, nem a terceira vez
[que a senadora se opõe publicamente ao governo]", disse Mercadante.
Segundo o líder, se Heloísa
"acha que o governo não está no
caminho certo, tem de ser coerente e buscar outro caminho". Ele
também criticou o fato de a senadora não participar das reuniões
da bancada. Ontem teria sido a
primeira vez neste ano.
"Raiva"
"Se chorei, foi de raiva. Por que,
de medo, eu não choro", disse Heloísa, ao deixar a reunião aparentemente abatida e com os olhos
vermelhos. Segundo ela, "foi uma
discussão franca e aberta". Afirmou que não pretende deixar o
partido e desafiou quem quiser
expulsá-la a fazer um processo de
expulsão.
A senadora manteve sua oposição à tributação dos inativos, que
considera uma contradição com o
programa do PT. "Todos sabem
da dificuldade de se formar uma
convicção e ser obrigada a votar
diferente. Vamos fazer o impossível para tirar a taxação dos inativos", disse.
Serys Slhessarenko (MT), que
também é contra a tributação dos
inativos, defendeu a permanência
de Heloísa no PT, mas condenou
as divergências públicas e a falta
de debate interno. "Temos de discutir na bancada e aglutinar. Não
aceito taxar os inativos, mas a reforma nem chegou ao Congresso
e já estamos fazendo esse turbilhão. Vou lutar para que isso seja
reformulado quando a proposta
chegar aqui", disse.
(RAQUEL ULHÔA)
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