UOL

São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PT adia decisão sobre saída de Helena

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A senadora Heloísa Helena (PT-AL) foi duramente criticada na reunião da bancada petista do Senado, ontem, por seu comportamento em relação ao governo e ao partido, mas foi adiada por 15 dias a definição de propor ou não à Executiva Nacional sua eventual expulsão do PT.
No momento mais tenso da reunião, o líder do governo, Aloízio Mercadante (SP), ao defender o afastamento de Heloísa do partido, cobrou dela "princípios partidários". Numa reação exaltada, segundo participantes, a senadora disse que o líder faz parte da "elite paulista". Mercadante rebateu afirmando que a colega não tinha o direito de falar assim e houve um bate-boca entre eles.
O afastamento de Heloísa do PT também foi defendido pelo líder da bancada, Tião Viana (AC), e por Saturnino Braga (RJ).
Para Saturnino, a "oposição franca" de Heloísa ao governo torna incompatível sua presença no PT. Já Ideli Salvatti (SC), disse que não aguenta mais as constantes críticas da colega alagoana ao governo, seguidas de recuos.
Heloísa conseguiu adiar a decisão da bancada sobre seu afastamento do PT ao negar que tenha a intenção de assinar uma ação judicial contra o uso de recursos públicos pelo governo em publicidade da reforma da Previdência.
Declaração atribuída a ela nesse sentido foi a gota d"água para que dirigentes e líderes do PT defendessem sua expulsão. A senadora afirmou que a idéia da ação judicial teria partido de servidores públicos e que ela, apenas, teria considerado legítima a iniciativa.

Observação
Com o aparente recuo da colega, Eduardo Suplicy (SP) alegou que não havia embasamento jurídico para uma expulsão. Os líderes decidiram pelo adiamento da discussão por 15 dias, inclusive porque faltavam três dos 14 senadores petistas.
Nesse período, o comportamento da senadora estará sob observação. "Vamos aguardar a evolução dos fatos. Estamos avaliando todo um contencioso que vem crescendo. Não é a primeira, nem a segunda, nem a terceira vez [que a senadora se opõe publicamente ao governo]", disse Mercadante.
Segundo o líder, se Heloísa "acha que o governo não está no caminho certo, tem de ser coerente e buscar outro caminho". Ele também criticou o fato de a senadora não participar das reuniões da bancada. Ontem teria sido a primeira vez neste ano.

"Raiva"
"Se chorei, foi de raiva. Por que, de medo, eu não choro", disse Heloísa, ao deixar a reunião aparentemente abatida e com os olhos vermelhos. Segundo ela, "foi uma discussão franca e aberta". Afirmou que não pretende deixar o partido e desafiou quem quiser expulsá-la a fazer um processo de expulsão.
A senadora manteve sua oposição à tributação dos inativos, que considera uma contradição com o programa do PT. "Todos sabem da dificuldade de se formar uma convicção e ser obrigada a votar diferente. Vamos fazer o impossível para tirar a taxação dos inativos", disse.
Serys Slhessarenko (MT), que também é contra a tributação dos inativos, defendeu a permanência de Heloísa no PT, mas condenou as divergências públicas e a falta de debate interno. "Temos de discutir na bancada e aglutinar. Não aceito taxar os inativos, mas a reforma nem chegou ao Congresso e já estamos fazendo esse turbilhão. Vou lutar para que isso seja reformulado quando a proposta chegar aqui", disse.
(RAQUEL ULHÔA)


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Zeca do PT quer expulsar quem votar contra
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.