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ELEIÇÕES 2006
Rio deu R$ 26 mi para firma com um funcionário
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
O Inep (Instituto Nacional de
Pesquisa e Ensino da Administração), sociedade de Luiz Antônio
Motta Roncoli -cuja empresa
Virtual Line doou R$ 50 mil para a
pré-campanha de Anthony Garotinho-, tinha apenas um funcionário oficialmente registrado em
outubro de 2004, ano em que recebeu da Fundação Escola do Serviço Público (Fesp) R$ 26,5 milhões em contratos.
O número foi constatado pelo
Ministério Público do Trabalho, a
partir de pedido de informações
feito pelo deputado estadual José
Nader (PTB) naquele ano. Desde
2003, o Inep recebeu R$ 52,1 milhões, sem licitação, da Fesp.
Em discurso no plenário da Assembléia na quinta-feira, Nader
afirmou ainda que o Inaap (Instituto Nacional de Aperfeiçoamento da Administração Pública)
contava com 158 funcionários no
mesmo ano, quando recebeu
R$ 10,25 milhões da Fesp.
O Inaap é sociedade de Nildo
Jorge Nogueira Raja, Célio Direnna e Luciana Souza Luz e recebeu
R$ 34,8 milhões da Fesp sem licitação, desde 2003. Nildo Raja aparece como sócio da Emprin (Empresa de Projetos de Informática),
que doou R$ 200 mil para a campanha de Anthony Garotinho.
Ele também é sócio-gerente do
IBDT (Instituto Brasileiro do Desenvolvimento e Treinamento),
que firmou R$ 26,89 milhões em
contratos com a Fesp desde 2004.
Em 2004, um ano e meio antes
do escândalo recente que descobriu a ligação entre as ONGs e Garotinho, José Nader, Luiz Paulo
Corrêa da Rocha (PSDB) e Marcos Abrahão (PSL) investigavam
institutos que estavam prestando
serviços para a Fesp.
"Quero falar a respeito dos contratos do Inep e do Inaap com o
Estado. O Inaap possui 158 funcionários e tem um contrato com
a Fesp no valor de R$ 3,17 milhões
e outro de R$ 3,8 milhões. O Inep
tem contrato em andamento cujo
valor é astronômico, R$ 20,59 milhões, outro de R$ 1,13 milhão e
um de R$ 3,18 milhões. Creio que
o problema aí devem ser os centavos", disse o deputado Nader.
Institutos de fachada
Os dois institutos são de fachada
e ficam em Rio Bonito (a 74 km
do Rio de Janeiro), cidade onde a
alíquota de ISS é mais baixa que
em outros lugares, de 1%.
Marcos Abrahão informou que
foi às supostas sedes dos institutos. "O que vi não foi nada agradável: eram apenas três funcionários, numa sala muito pequena."
No discurso da semana passada, Nader lembrou suas denúncias de 2004 e citou Ricardo Secco,
parceiro de Luiz Antônio Motta
Roncoli, sócio do Inep e da Virtual Line. Secco é acusado por
cooperados, em processo no Ministério Público do Trabalho, de
ter recrutado trabalhadores para
a cooperativa Coopersonal, de
Luiz Antônio e seu irmão, Pedro
Augusto Roncoli.
"Podemos detectar que em 2004
denunciei esses dois institutos, inclusive vi numa dessas reportagens o nome de Ricardo Secco, o
grande mentor desses institutos
-de todos eles, não só de um."
A Coopersonal e a Pro Service,
segundo o MPT sociedade dos irmãos, foram acusadas de contratação fraudulenta de mão-de-obra. Os procuradores pediram a
indisponibilidade de bens dos
Motta Roncoli, e que se abstenham de trabalhar para empresas
públicas, sob acusação de intermediação fraudulenta de mão-de-obra pelas empresas.
A primeira delas prestou serviços de atendimento no Palácio
Guanabara, sede do governo do
Estado do Rio, como a Folha
mostrou na quinta-feira.
Nildo Raja e Luiz Antônio Motta Roncoli não foram localizados
para comentar o conteúdo da reportagem até a conclusão desta
edição.
O Ministério Público Federal no
Rio instaurou na última terça-feira procedimento de investigação
preliminar e requisitou à Polícia
Federal o início de apuração para
identificar suposta "falsidade
ideológica" das empresas que fizeram doações no total de R$ 650
mil à pré-campanha de Garotinho à Presidência.
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