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Magistrados levam parentes a evento pago pela Febraban
Em 14º Ciclo de Estudos de Direito, vice-presidente do TST fala de ética e moral
Evento, realizado em hotel de luxo de Natal, termina na terça-feira; as despesas
com alimentação e lazer também foram custeadas
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM NATAL
Um grupo formado por 44
juízes do trabalho e ministros
do TST (Tribunal Superior do
Trabalho) participam durante
o feriado prolongado de 1º de
maio de um congresso patrocinado pela Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), em
Natal (RN). O transporte e a
hospedagem em um hotel de
luxo foram pagos pela entidade.
Grande parte dos magistrados ainda compareceu ao evento acompanhado das mulheres
ou dos maridos. As despesas
com a viagem e a hospedagem
dos familiares também foi custeada pela Febraban. O pacote,
de valor não revelado, inclui
ainda alimentação e lazer.
O congresso, batizado de "14º
Ciclo de Estudos de Direito do
Trabalho", começou sábado e
termina amanhã. A agenda é leve e prevê de duas a quatro horas e quinze minutos de atividades diárias, sempre pela manhã. Nos dias mais movimentados -domingo e segunda-, há
um coffee break de 15 minutos.
O evento, realizado no próprio hotel, o Serhs, o mais luxuoso do Estado, foi aberto pelo vice-presidente do TST, ministro Milton de Moura França. Em discurso de cinco minutos, França falou sobre ética e
moral. Na platéia, além dos magistrados e seus familiares, estavam representantes de bancos, advogados e convidados.
O presidente da Febraban,
Fábio Colletti Barbosa, encerrou o dia com uma palestra que
começou com a pergunta: "por
que os bancos existem?" Os trabalhos terminaram às 13h.
"Temos uma boa e uma má
notícia para dar a vocês", disse
ao microfone um dos juízes. "A
boa é que o almoço será servido
em seguida. A ruim é que o sol
foi embora e deu lugar à chuva,
sem direito a aviso prévio."
Mas, para a alegria de quem
pretendia desfrutar da praia, o
sol voltou a brilhar antes que os
juízes terminassem o almoço.
Em entrevista à Folha, o vice-presidente do TST disse não
via "nenhuma incompatibilidade" entre a atividade do juiz
do trabalho e a participação dele em um evento pago por um
de seus maiores interessados,
os bancos. "Os médicos vão a
congressos patrocinados por
grandes laboratórios, mas nem
por isso eu acredito que o meu
médico vá me receitar um remédio que não seja compatível
com o que eu preciso, só para
agradar um laboratório", disse.
O ministro defendeu a presença de familiares de juízes no
local: "Minha mulher não veio
por uma série de circunstâncias, mas, se o colega trouxe,
não vejo mal, até para evitar
maledicências, porque muitas
pessoas, às vezes, pensam erradamente que um congresso
desses pode ter um sentido
menos nobre".
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