São Paulo, segunda-feira, 30 de abril de 2007

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Magistrados levam parentes a evento pago pela Febraban

Em 14º Ciclo de Estudos de Direito, vice-presidente do TST fala de ética e moral

Evento, realizado em hotel de luxo de Natal, termina na terça-feira; as despesas com alimentação e lazer também foram custeadas


FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM NATAL

Um grupo formado por 44 juízes do trabalho e ministros do TST (Tribunal Superior do Trabalho) participam durante o feriado prolongado de 1º de maio de um congresso patrocinado pela Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), em Natal (RN). O transporte e a hospedagem em um hotel de luxo foram pagos pela entidade.
Grande parte dos magistrados ainda compareceu ao evento acompanhado das mulheres ou dos maridos. As despesas com a viagem e a hospedagem dos familiares também foi custeada pela Febraban. O pacote, de valor não revelado, inclui ainda alimentação e lazer.
O congresso, batizado de "14º Ciclo de Estudos de Direito do Trabalho", começou sábado e termina amanhã. A agenda é leve e prevê de duas a quatro horas e quinze minutos de atividades diárias, sempre pela manhã. Nos dias mais movimentados -domingo e segunda-, há um coffee break de 15 minutos.
O evento, realizado no próprio hotel, o Serhs, o mais luxuoso do Estado, foi aberto pelo vice-presidente do TST, ministro Milton de Moura França. Em discurso de cinco minutos, França falou sobre ética e moral. Na platéia, além dos magistrados e seus familiares, estavam representantes de bancos, advogados e convidados.
O presidente da Febraban, Fábio Colletti Barbosa, encerrou o dia com uma palestra que começou com a pergunta: "por que os bancos existem?" Os trabalhos terminaram às 13h.
"Temos uma boa e uma má notícia para dar a vocês", disse ao microfone um dos juízes. "A boa é que o almoço será servido em seguida. A ruim é que o sol foi embora e deu lugar à chuva, sem direito a aviso prévio." Mas, para a alegria de quem pretendia desfrutar da praia, o sol voltou a brilhar antes que os juízes terminassem o almoço.
Em entrevista à Folha, o vice-presidente do TST disse não via "nenhuma incompatibilidade" entre a atividade do juiz do trabalho e a participação dele em um evento pago por um de seus maiores interessados, os bancos. "Os médicos vão a congressos patrocinados por grandes laboratórios, mas nem por isso eu acredito que o meu médico vá me receitar um remédio que não seja compatível com o que eu preciso, só para agradar um laboratório", disse.
O ministro defendeu a presença de familiares de juízes no local: "Minha mulher não veio por uma série de circunstâncias, mas, se o colega trouxe, não vejo mal, até para evitar maledicências, porque muitas pessoas, às vezes, pensam erradamente que um congresso desses pode ter um sentido menos nobre".


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