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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Provincianismo paulista prejudica o país, diz Ciro
Ex-ministro sugere que "radicalização rasteira" do PT e do PSDB dê lugar a pacto
Cotado para ser vice de Lula propõe apoio mútuo para
a realização de reformas;
Tasso defendeu diálogo para enfrentar bomba fiscal
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ex-ministro da Integração
Nacional e um dos cotados para
ser vice na chapa de Luiz Inácio
Lula da Silva à reeleição, Ciro
Gomes (PSB) sugeriu um pacto
entre os candidatos à Presidência, em especial os do PT e do
PSDB, para resolver questões
suprapartidárias -sistemas
tributário, previdenciário e político- no futuro governo federal, seja de quem for.
"O PSDB vai ao poder; o PT
trava o diálogo e o obriga a se
abraçar com esses estratos
mais fisiológicos, clientelistas,
atrasados da política. Agora
acontece o inverso: o PSDB vai
para uma intransigência que
obriga o PT a confraternizar
com o atraso, a fisiologia, o
clientelismo, a corrupção. Não
dá mais, o Brasil não precisa
mais pagar o preço desse provincianismo de São Paulo."
Para Ciro Gomes, "o provincianismo da política" de São
Paulo fez mal ao Brasil. "PT e
PSDB de São Paulo vêm se chocando de forma radical há alguns anos, e isso faz com que a
política nacional, que não tem
nada com isso, replique essa radicalização rasteira", disse.
O ex-ministro propôs que os
candidatos se comprometam a
apoiar uma agenda política para o próximo governo ser capaz
de fazer reformas consensuais,
como no sistemas tributário,
previdenciário e político.
"Debate qualificado"
"Devíamos agora na campanha propor debate qualificado
que comprometa os dois a uma
agenda central do país, com a
qual um estará comprometido
a colaborar caso o outro vença,
Lula com Alckmin, de que
aquele que perder vai cooperar
com o outro. Heloísa Helena,
Cristovam Buarque, o camarada do PSTU, todos têm de assumir compromisso", disse Ciro.
Em São Paulo, sem saber da
proposta de Ciro, o presidente
nacional do PSDB, Tasso Jereissati (CE), acenou com a
possibilidade de diálogo ao afirmar que "quem quer que seja
que assuma o governo vai ter
que enfrentar uma bomba fiscal de retardo que está sendo
preparada pelo enorme aumento das despesas correntes".
E "a oposição vai ter que conversar para conter isso, sob pena de a inflação voltar com violência". E afirmou que, vitorioso, é o PSDB que vai procurar o
PT. Mas, ao responder sobre a
viabilidade de diálogo, disse:
"Estamos dispostos".
Embora lembrando que o PT
sempre foi contrário à redução
de benefícios de servidores públicos, Tasso concordou com o
ministro Tarso Genro sobre a
necessidade de reformas no setor: "Alguns privilégios devem
ser quebrados, sim".
O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso discorda.
Para ele, estão "colocando o
carro diante dos bois", porque o
PSDB vai vencer as eleições e
Geraldo Alckmin é quem deverá ser ouvido. "O PT está preocupado com a governabilidade", disse FHC, segundo o qual
o PSDB "não está carregando o
peso das críticas que o PT está".
"Não temos esse problema de
governabilidade nessa maneira
agônica como tem o PT. O problema é deles. Não é nosso."
Ciro disse estar calmo, evitando se exasperar e se intitulou um ING (indivíduo não-governamental). "Não tem
ONG?", brincou. Ele evitou responder se pode ser candidato a
vice de Lula: "Essa pergunta você tem de fazer ao presidente".
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