São Paulo, quarta-feira, 30 de maio de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Empacada

Agravada a crise no Senado, com o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) no olho do furacão, o governo entrou em campo para barrar a CPI mista da Navalha. A coleta de assinaturas na Câmara, que seguia lenta, mas regular, estancou. PSB, PTB e PMDB passaram a proibir seus parlamentares de aderir. Pelo menos um pessebista retirou o nome da lista ontem. PC do B e PR, da base aliada de Lula, não se moveram.
O ímpeto investigativo da oposição também arrefeceu. Estrelas de outras comissões, como o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), e os baianos ACM Neto e José Carlos Aleluia, seus colegas de partido, não haviam endossado o requerimento até ontem. Um dos responsáveis pela coleta de assinaturas prevê: "Se não conseguirmos o número nesta semana, acabou".

Moeda. O deputado Carlos Willian (PTC-MG) pediu uma folha em branco aos responsáveis pela coleta de assinaturas pró-CPI. Prometeu conseguir "umas 10". Agradecidos, os colegas esperam que ele volte com a encomenda, mas há quem suspeite que o papel será usado apenas para encostar o governo na parede.

Discurso. Para salvar a pele de Renan, seus aliados negam de pés juntos que Cláudio Gontijo seja um lobista -o que é de conhecimento geral. O amigo do presidente do Senado é descrito como um "funcionário desimportante" de uma empreiteira "semifalida", a Mendes Júnior.

Currículo. Um senador governista explica a opção por Sibá Machado (PT-AC) para presidir o Conselho de Ética: "Pode não ter estatura, mas é moralmente inatacável".

Marco. Quem acompanha a trajetória da Engevix no setor elétrico diz que sua proximidade com o poder cresceu muito desde que a empresa passou a contar com os serviços de Sérgio Sá. As dificuldades que a aguardam na Operação Navalha são debitadas desde já na conta do lobista, que figurou na lista de presos.

Breu. Na PF, a operação derivada da Navalha ganhou o apelido de "tarja preta".

Ironia. Márcio Zimmermann, mais cotado para assumir o Ministério de Minas e Energia, iniciou sua trajetória no setor elétrico pelas mãos de Jorge Bornhausen. Por isso, já foi vetado para vários postos pelo PT catarinense.

Em aberto. Segundo senadores próximos a José Sarney (PMDB-AP), a ida de Zimmermann para o ministério está indefinida. "Não foi batido o martelo", diz um deles.

Mimo capixaba. Deputado em 2001, João Coser (PT) questionou na CPI das Obras Inacabadas a construção de adutora do rio São Francisco em Sergipe, tocada pela Gautama. Três anos depois, recebeu para sua campanha à Prefeitura de Vitória doação de R$ 100 mil da empreiteira.

Tentativa. Os deputados estaduais petistas Rui Falcão, Carlinhos de Almeida e Vicente Cândido protocolaram na Assembléia um projeto que susta os decretos de José Serra sobre as universidades paulistas. Alegam que, além de ferir a autonomia das instituições, o governador tucano atropelou o Legislativo ao criar a Secretaria de Ensino Superior por decreto.

Suor. Fiéis escudeiros de Geraldo Alckmin, os deputados Silvio Torres e Edson Aparecido, ambos do PSDB-SP, enviaram e-mail aos colegas de bancada ontem conclamando-os a ir ao aeroporto de Guarulhos no sábado a fim de garantir uma claque para o ex-governador, que voltará de sua temporada nos EUA.

Seletivo. Ao assumir o TRF da 3ª Região, no início do mês, a juíza federal Marli Ferreira notou que o clipping de notícias da sede do órgão excluía reportagens da Operação Têmis, que acusa magistrados, alguns do próprio tribunal, de participar de suposto esquema de venda de sentenças. O expediente já foi abolido.

Tiroteio

"Se não houver investigação séria, a imagem do Senado vai para o ralo. Simplesmente arquivar a representação será um desastre."


Do senador JEFFERSON PERES (PDT-AM) sobre a tramitação do pedido do PSOL para que o Conselho de Ética do Senado investigue se o lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior, pagava despesas pessoais do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Contraponto

Luz, câmera...

Deflagrada a Operação Navalha, alguns deputados chamaram a imprensa para anunciar a coleta de assinaturas pró-CPI. O governista Silvio Costa (PMN-PE) pegou carona e, diante das câmeras, foi chamado a endossar o requerimento. Sem graça, deixou-se fotografar com a caneta em punho. Em seguida, cabisbaixo, foi procurar o líder do governo, José Múcio (PTB-PE), seu padrinho político.
-Líder, tenho uma notícia boa e outra ruim...
-Então diga primeiro a ruim.
-Fui obrigado a assinar o pedido de CPI.
-Pois então nem precisa dizer a boa-, encerrou Múcio.
Dias depois, Costa retirou a assinatura do documento.


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