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Painel
RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br
Empacada
Agravada a crise no Senado, com o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) no olho do furacão, o governo entrou em campo para barrar a CPI mista da
Navalha. A coleta de assinaturas na Câmara, que seguia lenta, mas regular, estancou. PSB, PTB e PMDB
passaram a proibir seus parlamentares de aderir. Pelo
menos um pessebista retirou o nome da lista ontem.
PC do B e PR, da base aliada de Lula, não se moveram.
O ímpeto investigativo da oposição também arrefeceu. Estrelas de outras comissões, como o presidente
do DEM, Rodrigo Maia (RJ), e os baianos ACM Neto e
José Carlos Aleluia, seus colegas de partido, não haviam endossado o requerimento até ontem. Um dos
responsáveis pela coleta de assinaturas prevê: "Se não
conseguirmos o número nesta semana, acabou".
Moeda. O deputado Carlos
Willian (PTC-MG) pediu uma
folha em branco aos responsáveis pela coleta de assinaturas pró-CPI. Prometeu conseguir "umas 10". Agradecidos,
os colegas esperam que ele
volte com a encomenda, mas
há quem suspeite que o papel
será usado apenas para encostar o governo na parede.
Discurso. Para salvar a pele
de Renan, seus aliados negam
de pés juntos que Cláudio
Gontijo seja um lobista -o
que é de conhecimento geral.
O amigo do presidente do Senado é descrito como um
"funcionário desimportante"
de uma empreiteira "semifalida", a Mendes Júnior.
Currículo. Um senador governista explica a opção por
Sibá Machado (PT-AC) para
presidir o Conselho de Ética:
"Pode não ter estatura, mas é
moralmente inatacável".
Marco. Quem acompanha a
trajetória da Engevix no setor
elétrico diz que sua proximidade com o poder cresceu
muito desde que a empresa
passou a contar com os serviços de Sérgio Sá. As dificuldades que a aguardam na Operação Navalha são debitadas
desde já na conta do lobista,
que figurou na lista de presos.
Breu. Na PF, a operação derivada da Navalha ganhou o
apelido de "tarja preta".
Ironia. Márcio Zimmermann, mais cotado para assumir o Ministério de Minas e
Energia, iniciou sua trajetória
no setor elétrico pelas mãos
de Jorge Bornhausen. Por isso, já foi vetado para vários
postos pelo PT catarinense.
Em aberto. Segundo senadores próximos a José Sarney
(PMDB-AP), a ida de Zimmermann para o ministério
está indefinida. "Não foi batido o martelo", diz um deles.
Mimo capixaba. Deputado em 2001, João Coser (PT)
questionou na CPI das Obras
Inacabadas a construção de
adutora do rio São Francisco
em Sergipe, tocada pela Gautama. Três anos depois, recebeu para sua campanha à Prefeitura de Vitória doação de
R$ 100 mil da empreiteira.
Tentativa. Os deputados
estaduais petistas Rui Falcão,
Carlinhos de Almeida e Vicente Cândido protocolaram
na Assembléia um projeto
que susta os decretos de José
Serra sobre as universidades
paulistas. Alegam que, além
de ferir a autonomia das instituições, o governador tucano
atropelou o Legislativo ao
criar a Secretaria de Ensino
Superior por decreto.
Suor. Fiéis escudeiros de Geraldo Alckmin, os deputados
Silvio Torres e Edson Aparecido, ambos do PSDB-SP, enviaram e-mail aos colegas de
bancada ontem conclamando-os a ir ao aeroporto de
Guarulhos no sábado a fim de
garantir uma claque para o
ex-governador, que voltará de
sua temporada nos EUA.
Seletivo. Ao assumir o TRF
da 3ª Região, no início do mês,
a juíza federal Marli Ferreira
notou que o clipping de notícias da sede do órgão excluía
reportagens da Operação Têmis, que acusa magistrados,
alguns do próprio tribunal, de
participar de suposto esquema de venda de sentenças. O
expediente já foi abolido.
Tiroteio
"Se não houver investigação séria, a imagem do
Senado vai para o ralo. Simplesmente arquivar
a representação será um desastre."
Do senador JEFFERSON PERES (PDT-AM) sobre a tramitação do pedido
do PSOL para que o Conselho de Ética do Senado investigue se o lobista
Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior, pagava despesas pessoais do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Contraponto
Luz, câmera...
Deflagrada a Operação Navalha, alguns deputados chamaram a imprensa para anunciar a coleta de assinaturas
pró-CPI. O governista Silvio Costa (PMN-PE) pegou carona e, diante das câmeras, foi chamado a endossar o requerimento. Sem graça, deixou-se fotografar com a caneta em
punho. Em seguida, cabisbaixo, foi procurar o líder do governo, José Múcio (PTB-PE), seu padrinho político.
-Líder, tenho uma notícia boa e outra ruim...
-Então diga primeiro a ruim.
-Fui obrigado a assinar o pedido de CPI.
-Pois então nem precisa dizer a boa-, encerrou Múcio.
Dias depois, Costa retirou a assinatura do documento.
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