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Em 1978, um Fusca foi o patrimônio declarado por senador à Justiça Eleitoral
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ
Em 1978, aos 23 anos, o então
estudante de direito Renan Calheiros iniciava sua carreira política elegendo-se deputado estadual em Alagoas. Na época,
ele declarou à Justiça Eleitoral
possuir apenas um Fusca.
Hoje presidente do Senado,
com salário bruto de R$ 12.720
mensais, Renan (PMDB-AL)
informa que é dono de uma fazenda e diz que seus rendimentos o permitem pagar, além de
despesas próprias, pensão e
aluguel à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha
de dois anos e 10 meses.
Em seu discurso, anteontem,
o senador disse ainda que constituiu, com recursos próprios,
um fundo de R$ 100 mil para
custear a educação da criança.
Disse que, antes de a filha nascer, pagou à jornalista R$ 8.000
mensais, a título de "assistência
à gestante", além do aluguel,
cujo valor não especificou.
A partir do Fusca de 1978, o
patrimônio de Renan sempre
evoluiu. Teve casas financiadas, carros da moda, como Opala e Passat, investiu em linhas
telefônicas, mas, segundo suas
declarações entregues à Justiça
Eleitoral, foi a partir de 1994,
após ser eleito senador pela primeira vez, que esse crescimento acelerou. Antes de tomar
posse, Renan declarou naquele
ano possuir três casas (duas em
Maceió e uma em Brasília) e
seis linhas telefônicas (somando as de Alagoas e Brasília),
além de um Uno Mille.
Em 2002, reeleito, informou
possuir uma casa e um apartamento em Brasília, uma Toyota
Hillux sr5 e um Mitsubishi
L200 GLS, além de um apartamento, de 240 m2 à beira-mar,
em área nobre de Maceió.
Sua participação nominal no
setor agropecuário, que teria
melhorado ainda mais seus
rendimentos nos últimos anos,
só estaria presente nas declarações de renda posteriores a
2002. Esses documentos, porém, não foram disponibilizados pelo senador à imprensa.
Pouco se sabe sobre a evolução patrimonial de Renan desde então. Em 2004, ele adquiriu uma casa no balneário de
Barra de São Miguel (AL), conforme reportagem da Folha
publicada em 2005.
Procurado ontem pela reportagem para explicar a origem de sua renda e como pagou
os benefícios à jornalista, Renan não se pronunciou.
Sua assessoria informou que
um advogado convocará os jornalistas para tirar as dúvidas
que permanecem sobre o caso.
Citado em gravações telefônicas da Operação Navalha, Renan nega ligações com a empreiteira Gautama, suspeita de
comandar esquema de fraudes
em licitações. Também nega
que a construtora Mendes Júnior esteja envolvida no pagamento da pensão à jornalista.
Com MARIA APARECIDA DE OLIVEIRA, colaboração para a Agência Folha
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