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STF liberta dono da Gautama e demais detidos pela PF
SILVANA DE FREITAS
VINICIUS ABATTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O vice-presidente do STF
(Supremo Tribunal Federal),
ministro Gilmar Mendes, decidiu ontem livrar da prisão o dono da Gautama, Zuleido Veras,
apontado como chefe da quadrilha que fraudava licitações
de obras públicas, e quatro pessoas ligadas a empresa, entre
diretores e funcionários.
As liminares libertam os cinco últimos presos na Operação
Navalha. Zuleido deixou a superintendência da Polícia Federal, em Brasília, à 1h10 da
madrugada de hoje.
Relator dos 33 habeas corpus
movidos no STF contra as ordens de prisão da Operação Navalha, dadas pela ministra do
Superior Tribunal de Justiça
Eliana Calmon, Mendes concedeu liminar em outros dez casos. A própria Eliana Calmon já
tinha liberado a maior parte
dos 48 presos, após tomar o depoimento de cada um deles.
Além de Zuleido, também
obtiveram ontem liminar para
deixar a prisão a diretora comercial da Gautama, Maria de
Fátima Palmeira, que saiu da
carceragem da PF pouco antes
de Zuleido; os diretores Vicente Vasconcelos Coni e Abelardo
Sampaio Lopes Filho; e o funcionário João Manoel Soares
Barros. Todos estavam presos
desde o último dia 17.
O dono da construtora se recusou a depor e, por isso, Eliana
Calmon, relatora do inquérito
criminal da Operação Navalha,
decidiu mantê-lo preso. Já Maria de Fátima, que seria o braço-direito de Zuleido, foi ouvida na sexta-feira e no sábado,
por quase nove horas. Porém,
sua prisão foi considerada necessária para preservação de
provas, segundo o STJ.
Ao libertar os cinco últimos
presos, Mendes criticou a decisão da ministra. "Não faz sentido a manutenção da prisão para
a mera finalidade de obtenção
de depoimento", declarou o ministro. "A prisão preventiva é
medida excepcional que demanda a explicitação de fundamentos consistentes e individualizados com relação a cada
um dos cidadãos investigados."
O ministro disse ainda: "Causa estranheza o fato de que os
outros co-réus, apesar de ostentarem importante papel na
empresa, terem sido libertados
pela própria relatora do inquérito". Eliana Calmon discutiu
ontem com representantes do
Ministério Público Federal que
atuam na investigação a possibilidade de tornar públicos todos os depoimentos tomados.
A Polícia Federal já decidiu
que pedirá hoje ao STJ a quebra
dos sigilos bancário e fiscal de
todos os servidores públicos
sob investigação na Operação
Navalha que tiveram movimentação financeira suspeita.
Sigilos
O pedido de quebra será genérico, a fim de agilizar os trabalhos de investigação. A idéia
é que, diante de qualquer dado
suspeito na análise do material
apreendido, a PF tenha autorização legal para confirmar
eventuais suspeitas com os
bancos de dados de instituições
financeiras e da Receita.
Hoje, a partir das 8h, começa
a segunda etapa de depoimentos dos envolvidos com a Operação Navalha. O primeiro a depor será o governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho
(PSDB), suspeito de ter participado de lobby para favorecer a
Gautama. Às 10h vai depor o
governador do Maranhão,
Jackson Lago (PDT), também
suspeito de ter recebido propina da Gautama. Os dois governadores chegaram a Brasília
ontem à noite, de acordo com
assessoria de imprensa.
Os depoimentos seguintes
são de Ulisses César Martins
Sousa, ex-procurador do Estado do Maranhão, às 12h, e do
ex-ministro de Minas e Energia
Silas Rondeau, às 14h. Rondeau
foi acusado pela PF de ter recebido R$ 100 mil em propina da
diretora da empresa, Maria de
Fátima Palmeira.
Colaborou ANDRÉA MICHAEL, da Sucursal de Brasília
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