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Minc diz que se sente com a "alma lavada"
Após conversa com Lula, ministro disse que está certo do apoio do presidente para permanecer no cargo
FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou ontem
que, diante da reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
às suas reclamações, durante
reunião ocorrida anteontem,
sente-se "de alma lavada" e certo de ter apoio de Lula para permanecer no cargo.
Minc declarou que, nos dois
últimos meses, só havia recebido notícias ruins sobre meio
ambiente. "É normal perder algumas e ganhar outras [disputas sobre exigências ambientais]. Mas, nos últimos dois meses, aquele meu bolero dois pra
lá, dois pra cá estava desequilibrado: dois pra lá, dois mais pra
lá ainda", disse.
O ministro relatou a conversa que teve com Lula. "Falei:
"Presidente Lula, como é que é
possível garantir a sustentabilidade do país se o meio ambiente está perdendo a sustentabilidade política? Como é que eu
vou segurar a sustentabilidade
do país se o próprio ministério
está sendo solapado?'"
Minc disse ter reclamado sobre seis temas e ter recebido a
garantia de Lula de que suas
exigências serão respeitadas.
"Saio com uma visão de respaldo do presidente da República.
Quem quiser brigar, vai discutir
com o presidente. Ele me deu
força e eu a exercerei."
Dois dos temas tratados envolvem outros ministérios. Segundo Minc, alguns colegas de
Esplanada incentivaram congressistas a votar contra regras
ambientais defendidas pelo governo. Minc afirmou que Lula
se comprometeu a advertir ministros que ajam assim.
O segundo tema foi a construção da rodovia BR-319, que
liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO). Minc é contra a obra,
temendo desmatamento de
trecho da Amazônia, mas estipulou dez exigências para conceder licença ambiental à obra.
De acordo com o ministro, o
seu colega Alfredo Nascimento
(Transportes), pré-candidato
ao governo do Amazonas, quer
que as exigências sejam cobradas apenas ao final da obra
-assim, a construção começaria antes da disputa eleitoral.
"Se perdeu o tempo da eleição,
como diria meu filho, só lamento. Não me importa o tempo
político da obra."
O Ministério dos Transportes informou que não vai se manifestar sobre a crítica de Minc.
A instalação de usinas de álcool e a plantação de cana no
entorno do Pantanal também
foram temas da conversa de
Minc com Lula. O ministro disse que o presidente se comprometeu a manter a área livre da
produção de álcool, para evitar
a contaminação de rios.
O último tema da conversa
foi o agendamento de uma reunião, pedida por Minc, entre
Lula e representantes da agricultura familiar. "Tentam me
constranger, me intimidar.
Mas isso não vai acontecer,
porque eu tenho casca grossa",
declarou Minc.
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