São Paulo, Domingo, 30 de Maio de 1999
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VIAGEM PRESIDENCIAL
Menem teria descartado desvalorização do peso
FHC vê "preocupação obsessiva" com a economia da Argentina

AUGUSTO GAZIR
enviado especial à Cidade do México

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que a situação financeira argentina tem de ser olhada com "muita firmeza" e que a "preocupação obsessiva" prejudica a estabilidade.
"A Argentina protege a si própria", disse FHC em entrevista, quando questionado sobre a necessidade de proteção à economia do vizinho. Segundo ele, o presidente argentino, Carlos Menem, garantiu por telefone nos últimos dias que não desvalorizaria o peso.
FHC visita a capital mexicana, onde participou ontem do encontro dos presidentes do Grupo do Rio (reunião de cooperação política e econômica de 14 países da América Latina).
"A Argentina é uma economia forte, que tem boa condução econômica. O sistema político está funcionando bem. Não há essa preocupação obsessiva. Essa preocupação faz parte dos interesses contrários à estabilidade. Não é verdadeira", disse. "Acho que temos de olhar isso com muita firmeza, mas não creio que seja necessário nós discutirmos a situação argentina aqui".
Os presidentes do Grupo do Rio vão discutir no México uma intervenção comum para a reunião de chefes de Estado da União Européia e da América Latina, marcada para junho, no Rio de Janeiro.
FHC classificou o encontro como "basicamente político", para mostrar à Europa que os dois continentes têm de "dar passos" rumo a uma zona de livre comércio.
Segundo o presidente, a aproximação com a União Européia "não pode ser lida como alguma coisa para obstaculizar a Alca (Área de Livre Comércio das Américas)", ainda em negociação.
"A Alca é para 2005. De modo que tanto a Alca quanto as relações com a União Européia estão no contexto de uma liberalização do comércio que nos interessa."
Contudo, o bloco das Américas perdeu espaço na agenda diplomática brasileira, monopolizada pela reunião com a Europa.
FHC frisou que é "fundamental" que, neste encontro, os dois continentes abram o debate sobre a liberalização dos produtos agrícolas. O governo brasileiro reivindica o fim das barreiras comerciais européias e dos subsídios.
Depois do encontro, FHC afirmou que se discutiu o problema do desemprego. Para ele, as formas tradicionais de desenvolvimento econômico não atendem a demanda por empregos. "Pode haver diminuição da pobreza, mas, ao mesmo tempo, manutenção dos níveis de desemprego", disse.
FHC, ao ser questionado sobre o conflito entre os ministros Waldeck Ornélas (Previdência) e José Serra (Saúde), disse que só se pronunciaria sobre problemas internos no Brasil.


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