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VIAGEM PRESIDENCIAL
Menem teria descartado desvalorização do peso
FHC vê "preocupação obsessiva" com a economia da Argentina
AUGUSTO GAZIR
enviado especial à Cidade do México
O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que a
situação financeira argentina tem
de ser olhada com "muita firmeza"
e que a "preocupação obsessiva"
prejudica a estabilidade.
"A Argentina protege a si própria", disse FHC em entrevista,
quando questionado sobre a necessidade de proteção à economia
do vizinho. Segundo ele, o presidente argentino, Carlos Menem,
garantiu por telefone nos últimos
dias que não desvalorizaria o peso.
FHC visita a capital mexicana,
onde participou ontem do encontro dos presidentes do Grupo do
Rio (reunião de cooperação política e econômica de 14 países da
América Latina).
"A Argentina é uma economia
forte, que tem boa condução econômica. O sistema político está
funcionando bem. Não há essa
preocupação obsessiva. Essa preocupação faz parte dos interesses
contrários à estabilidade. Não é
verdadeira", disse. "Acho que temos de olhar isso com muita firmeza, mas não creio que seja necessário nós discutirmos a situação argentina aqui".
Os presidentes do Grupo do Rio
vão discutir no México uma intervenção comum para a reunião de
chefes de Estado da União Européia e da América Latina, marcada
para junho, no Rio de Janeiro.
FHC classificou o encontro como
"basicamente político", para mostrar à Europa que os dois continentes têm de "dar passos" rumo a
uma zona de livre comércio.
Segundo o presidente, a aproximação com a União Européia "não
pode ser lida como alguma coisa
para obstaculizar a Alca (Área de
Livre Comércio das Américas)",
ainda em negociação.
"A Alca é para 2005. De modo
que tanto a Alca quanto as relações
com a União Européia estão no
contexto de uma liberalização do
comércio que nos interessa."
Contudo, o bloco das Américas
perdeu espaço na agenda diplomática brasileira, monopolizada pela
reunião com a Europa.
FHC frisou que é "fundamental"
que, neste encontro, os dois continentes abram o debate sobre a liberalização dos produtos agrícolas. O governo brasileiro reivindica
o fim das barreiras comerciais européias e dos subsídios.
Depois do encontro, FHC afirmou que se discutiu o problema do
desemprego. Para ele, as formas
tradicionais de desenvolvimento
econômico não atendem a demanda por empregos. "Pode haver diminuição da pobreza, mas, ao
mesmo tempo, manutenção dos
níveis de desemprego", disse.
FHC, ao ser questionado sobre o
conflito entre os ministros Waldeck Ornélas (Previdência) e José
Serra (Saúde), disse que só se pronunciaria sobre problemas internos no Brasil.
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